João Paulo Cunha resenha a obra “A filha do Papa”

Da prisão, ex-deputado escreve análise do livro sobre a vida de Felícia Della Rovere, filha bastarda do Papa Júlio II, e conta ter sido surpreendido; "A virtude do livro, baseado em documentos históricos, é colocar luz sobre uma personagem que foi pouco citada na história, mas teve grande importância à época", diz João Paulo Cunha; leia a íntegra

Da prisão, ex-deputado escreve análise do livro sobre a vida de Felícia Della Rovere, filha bastarda do Papa Júlio II, e conta ter sido surpreendido; "A virtude do livro, baseado em documentos históricos, é colocar luz sobre uma personagem que foi pouco citada na história, mas teve grande importância à época", diz João Paulo Cunha; leia a íntegra
Da prisão, ex-deputado escreve análise do livro sobre a vida de Felícia Della Rovere, filha bastarda do Papa Júlio II, e conta ter sido surpreendido; "A virtude do livro, baseado em documentos históricos, é colocar luz sobre uma personagem que foi pouco citada na história, mas teve grande importância à época", diz João Paulo Cunha; leia a íntegra (Foto: Gisele Federicce)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Na segunda resenha escrita da prisão, o ex-deputado João Paulo Cunha discorre sobre a obra "A filha do Papa", da professora de História da Arte Renascentista da Universidade da Califórnia, Caroline P. Murphy. O livro conta a história da vida de Felícia Della Rovere, filha bastarda do Papa Júlio II. Cunha diz ter sido surpreendido. "Ela (a autora) nos mostra uma pessoa que quase ninguém ouviu falar e um lugar sobre o qual muita gente já ouviu histórias", escreve ele, no texto publicado em seu blog.

Leia abaixo:

Resenha: A filha do Papa

continua após o anúncio

13 de agosto de 2014

Livro é um bilhete de viagem. Às vezes por terras inóspitas e áridas. Às vezes por paisagens belas e coloridas. Às vezes por cabeças imprudentes ou pelos caminhos do coração. Por meio dos livros, conhecemos pessoas e lugares. E, algumas vezes, somos surpreendidos por um livro. E é tão bom!

continua após o anúncio

E foi exatamente assim que fui conduzido pela Professora de História da Arte Renascentista da Universidade da Califórnia, Caroline P. Murphy, através do livro "A Filha do Papa", da Editora Record. Ela nos mostra uma pessoa que quase ninguém ouviu falar e um lugar sobre o qual muita gente já ouviu histórias. Fala de Felícia Della Rovere, filha bastarda do Papa Júlio II (1503-1513), e de sua atuação em Roma e no Vaticano durante o reinado de seu pai e dos Papas seguintes: Leão X (1513-1521), Adriano VI (1522-1523) e Clemente VII (1523-1534).

Felícia circulava por uma Roma já multiestratificada, retratada por mapas nas contracapas do livro, que misturava a cidade Antiga (Coliseu e Panteão), a Medieval das ruas estreitas e a Renascentista dos palácios, igrejas construídas e recuperadas. Essas características de Roma convivem ainda hoje, num cenário contemporâneo, agora abrigando aspectos mais modernos. E que a história, feito ponte entre os tempos, nos mostra que na mesma "Piazza Navona", na qual Felícia passou parte de sua vida, hoje encontramos a embaixada brasileira na Itália.

continua após o anúncio

Neste cenário, Felícia convivia com um ambiente de transigência com o nepotismo, a corrupção, venda de indulgências e de chapéu cardinalício e uma "mundanização" muito grande do interior do Vaticano.

Seu pai, Júlio II, sucedeu e antecedeu papados bastante envolvidos nessa degradação. Ele não acabou com essa pratica. Mas teve um olhar mais atento e determinado para as guerras (conquistando novos territórios para os Estados Pontifícios), para a reconstrução de Roma e, como um mecenas, investiu na arte e na arquitetura.

continua após o anúncio

Júlio II não negou sua filha, mas não lhe deu a atenção devida. Não foi, por exemplo, ao seu casamento.Felícia atravessou com altivez feminina esse período triste da Igreja Católica. Enfrentou os desafios do seu tempo, recusando cinco casamentos arranjados pelo pai, que não visava o bem-estar da filha, mas a ampliação de seu reinado. Casou no tempo que ela quis. Teve quatro filhos e acompanhou o desenvolvimento de todos. Assumiu a riqueza do marido que, juntando com o que ela recebeu do pai, acabou transformando-a na mulher mais rica de Roma. Ela própria, a partir de um determinado momento, administrou seus negócios (atividade raríssima na época). Ao casar, ganhou um enteado problemático que lhe deu trabalho e acabou sendo assassinado pelo filho caçula de Felícia.

Devagarinho Felícia foi se constituindo numa mulher corajosa, preparada e determinada. Vestiu-se sempre de preto. Primeiro em memória de sua viuvez e depois como símbolo dos costumes dos espanhóis de Aragón, que ela também possuía. "Para Felícia, prudência era, na verdade, uma vantagem muito maior do que a mera beleza. Era uma qualidade bem mais duradoura do que a beleza física que, depressa, se desvaneceria."

continua após o anúncio

Esse período foi o ápice do renascimento. Nele apareceu, por exemplo, Michelangelo, autor do afresco "A criação de Adão", que está no teto da Capela Sistina, no Vaticano a provar como esta fase foi importante. E Felícia conviveu com o artista. E mais: viu seu retrato ser pintado também num afresco que se encontra nos quartos do Vaticano, por outro artista espetacular: Rafael Sânzio. Viu também o arquiteto Donato Bramante reconstruir a Basílica de São Pedro (Vaticano).

A virtude do livro, baseado em documentos históricos, é colocar luz sobre uma personagem que foi pouco citada na história, mas teve grande importância à época. Além de mostrar, num pedaço do renascentismo (período de 14 Papas), a destruição e a reconstrução de Roma e o aparecimento de gênios artísticos que marcaram de forma definitiva a humanidade.

continua após o anúncio

João Paulo Cunha - Maio/2014

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247