Numa Europa sem trabalho, protestos contra austeridade

Milhares de pessoas saíram às ruas de Madri, levando bandeiras e cartazes com dizeres como "a austeridade arruína e mata" ou "reformas são roubo"; na Grécia, uma greve geral de 24 horas paralisou trens, balsas, bancos e serviços hospitalares; na Itália, protestos reuniram dezenas de milhares de pessoas, exigindo medidas contra o desemprego (que chega a 40% entre os jovens)

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Por Clare Kane

MADRI, 1 Mai (Reuters) - Trabalhadores atingidos pela perda de poder aquisitivo e pelo desemprego recorde realizaram protestos por toda a Europa na quarta-feira, feriado do Dia do Trabalho, na esperança de convencer os governos da zona do euro a abrandarem as políticas de austeridade e adotarem mais medidas de estímulo ao crescimento.

Milhares de pessoas saíram às ruas de Madri, ocupando totalmente a Gran Via, importante avenida comercial da cidade. Os manifestantes levavam bandeiras e cartazes com dizeres como "a austeridade arruína e mata" ou "reformas são roubo".

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"O futuro da Espanha parece terrível, estamos retrocedendo com este governo", disse a ex-funcionária pública Alicia Candelas, 54 anos, desempregada há dois anos.

A economia espanhola encolhe há sete trimestres consecutivos, e o desemprego atinge o nível recorde de 27 por cento.

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"Nunca houve um 1º de Maio com mais razões para sair às ruas", disse Candido Mendes, líder da UGT, uma das duas centrais sindicais que convocaram trabalhadores e desempregados a aderirem aos mais de 80 protestos programados no país.

Na Grécia, uma greve geral de 24 horas paralisou trens, balsas, bancos e serviços hospitalares. Cerca de mil policiais foram mobilizados em Atenas, mas os protestos na cidade foram pacíficos, reunindo cerca de 5 mil pessoas. "Não vamos nos tornar escravos, saiam às ruas!", dizia uma faixa na manifestação.

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Antes, centenas de manifestantes filiados ao partido comunista KKE ergueram os punhos cerrados durante manifestação na praça Syntagma, em frente ao Parlamento, cenário de violentos confrontos entre policiais e ativistas em protestos anteriores.

A Grécia está no sexto ano consecutivo de recessão.

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"A economia não será reavivada pelos bancos falidos e pelo sistema político corrupto, e sim pelos trabalhadores e sua luta", disse Alexis Tsipras, líder do partido oposicionista Syriza, aos manifestantes.

"Nossa mensagem hoje é muito clara: 'Basta dessas políticas que ferem o povo e tornaram os pobres mais pobres'", disse Ilias Iliopoulos, secretário-geral do Adedy, sindicato do funcionalismo público.

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A participação nos protestos deste ano foi bem inferior à de 2012, quando 100 mil pessoas ocuparam a praça Syntagma. O Dia do Trabalho cai poucos dias antes da Páscoa ortodoxa, por isso as escolas estão fechadas e muita gente foi viajar.

Na Itália, protestos reuniram dezenas de milhares de pessoas nas grandes cidades, exigindo medidas do novo governo de Enrico Letta contra o desemprego (que chega a 40 por cento entre os jovens), o fim de medidas de austeridade e combate à evasão tributária.

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Os protestos em geral foram pacíficos, mas em Turim manifestantes atiraram ovos preenchidos com tinta preta na polícia.

O papa Francisco usou a data para fazer um apelo aos governos pelo combate ao desemprego. "O trabalho é fundamental para a dignidade de uma pessoa", afirmou o pontífice argentino a milhares de pessoas que assistiam à audiência semanal dele na praça de São Pedro, no Vaticano. "Penso em quantos, e não só os jovens, estão desempregados, muitas vezes devido a uma concepção puramente econômica da sociedade, que busca o lucro egoísta, além dos parâmetros da justiça social."

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Os tradicionais desfiles do 1º de Maio acontecem também fora da zona do euro. Na Rússia, cerca de 1,5 milhão de pessoas são esperadas para o evento - o que é bem menos do que os milhões que costumavam desfilar na época soviética.

Em Istambul, a tropa de choque da polícia turca usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar uma multidão. Um fotógrafo da Reuters disse que pelo menos seis pessoas ficaram feridas.

(Reportagem adicional de Renee Maltezou e Deepa Babington em Atenas, Lidia Kelly em Moscou, Murad Sezer em Istanbul e Philip Pullella em Roma)

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