Miriam prega correção da “herança dos últimos anos”

Novo governante, mesmo que seja Dilma Rousseff, "não terá tempo de comemorar", diz a colunista do Globo; segundo Miriam Leitão, presidente terá de fazer uma série de ajustes assim que assumir o poder em 2015, "para garantir a prosperidade nos anos seguintes"

Novo governante, mesmo que seja Dilma Rousseff, "não terá tempo de comemorar", diz a colunista do Globo; segundo Miriam Leitão, presidente terá de fazer uma série de ajustes assim que assumir o poder em 2015, "para garantir a prosperidade nos anos seguintes"
Novo governante, mesmo que seja Dilma Rousseff, "não terá tempo de comemorar", diz a colunista do Globo; segundo Miriam Leitão, presidente terá de fazer uma série de ajustes assim que assumir o poder em 2015, "para garantir a prosperidade nos anos seguintes" (Foto: Gisele Federicce)


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247 - A colunista do Globo Miriam Leitão afirma, em sua coluna deste domingo 27, que o presidente que assumir o poder em 2015 sequer terá tempo para comemorar. Ela diz que será preciso fazer uma série de ajustes de imediato, a fim de corrigir a "herança dos últimos anos". Leia abaixo:

Herança pesada

O ano de 2015 será difícil qualquer que seja o governo. O pior erro do próximo governante será adiar os ajustes que terão que ser feitos. Há uma pilha de contas espetadas para o ano que vem. Na energia, o consumidor começará a pagar pelas extravagâncias dos dois últimos anos; as contas públicas terão que ser reequilibradas; a inflação reprimida terá que ser corrigida.

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As assessorias de todos os candidatos sabem disso, mas a da presidente Dilma continuará negando a necessidade das correções porque será o mesmo que concordar com as críticas da oposição. Tentará esconder e dourar a pílula.

Todos sabem que algo terá de ser feito para corrigir a herança dos últimos anos, mas a equipe do atual governo ainda está convencida dos méritos de alguns dos seus despropósitos. O perigo será adiar o enfrentamento dos problemas porque eles ficarão mais pesados.

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A energia virou uma barafunda. Há passivos para todos os lados pelas confusas regras do modelo. O empréstimo assinado na sexta-feira, de R$ 11,2 bilhões, será pago até outubro de 2017, com o custo de CDI e mais 1,9% ao ano. O que significa que a conta de luz será de amargar por pelo menos esse período: os consumidores pagarão a cobertura dos custos normais do sistema, partes desse empréstimo maluco, outros aumentos provocados pelo populismo tarifário de 2013 e os desequilíbrios provocados pela má gestão do setor. Estava previsto para ser iniciado em 2014 o funcionamento de bandeiras tarifárias, que elevariam a conta quando houvesse maior uso de energia das térmicas. Mas o governo vetou a sua entrada por ser ano eleitoral. Isso elevou mais a conta para o futuro.

O combustível vai ser reajustado para ter alguma paridade com os preços internacionais. A presidente da Petrobras, Graça Foster, tem dito que é fundamental buscar essa convergência. A falta dela está produzindo um prejuízo que tem cálculos diversos conforme a taxa de câmbio, ou a forma de projeção, mas ninguém duvida que é um dos problemas da Petrobras, com reflexos nas contas externas.

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A inflação entrará no ano que vem no limite máximo permitido pela política de metas de inflação e ainda com essa pressão de preços administrados, que terá que ser repassada. Isso fará subir os índices.

Quem estiver assumindo o governo gastará o seu período de lua de mel para fazer esse primeiro ajuste na casa, que pressionará a inflação, vai chacoalhar o setor elétrico e restaurar o realismo nos números das contas públicas. Se o eleito for a atual governante, ela terá de ter um boa explicação para ter adiado o enfrentamento dos problemas para depois das eleições. Em 1999, o governo FHC pagou um preço amargo por ter deixado para depois das urnas a desvalorização cambial. Sua popularidade despencou e, mesmo após subir, jamais voltou aos níveis em que estava ao ser reeleito em primeiro turno.

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Há ainda uma necessidade de revisão do estilo de gestão pública em inúmeras áreas. A estarrecedora notícia dada esta semana pelo colunista José Casado se transformou em reportagens feitas pela televisão e jornal exibindo flagrantes do impensável: o racionamento de vacinas nos postos de saúde. Para quem não leu, vale a pena recuperar a coluna publicada na terça-feira. Até a vacina tríplice está sendo distribuída de forma racionada. Problemas que o Brasil pensava que tinham superado voltam a assombrar.

Há ajustes inevitáveis em alguns gastos. O déficit da previdência foi subestimado este ano, mas tem aumentado. Um dos problemas é o da pensão por morte. Em outros países, a viúva ou viúvo recebe a pensão parcial. É proporcional à idade que tem e ao fato de ter ou não filho. Aqui, é integral, mesmo que seja um casamento de uma pessoa idosa com outra superjovem, sem filhos, e com capacidade de se sustentar. Outro dos mistérios é a conta de seguro-desemprego, com crescimento explosivo em época de baixa taxa de desocupação.

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Vale torcer por algumas boas notícias, como a retomada da economia mundial, uma boa temporada de chuvas que recupere o nível dos reservatórios e uma aceleração do PIB que aumente a arrecadação.

Um novo período de governo é sempre animador, e a pessoa que assume, ou reassume, chega com o poder entregue pelas urnas. Mas não terá tempo de comemorar. Terá de fazer ajustes para garantir a prosperidade nos anos seguintes

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