Ibovespa cai 3,3% e tem pior semana do ano

Entre default técnico na Argentina, indicadores desanimadores, reunião do Fomc e balanços corporativos não muito animadores, índice tem maior queda semanal desde agosto

bovespa
bovespa (Foto: Gisele Federicce)


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Por Marcos Mortari

SÃO PAULO - O Ibovespa quebrou uma sequência de 5 quedas seguidas nesta sexta- feira (1), ao subir 0,13%, a 55.902 pontos, mas não conseguiu evitar sua pior semana do ano em meio aos desdobramentos de uma onda pessimista generalizada no mercado financeiro global. Entre default técnico argentino, indicadores desanimadores, reunião do Fomc e balanços corporativos não muito animadores, o benchmark da Bovespa acumulou perdas de 3,32% entre 28 de julho e 1º de agosto - seu pior desempenho desde a semana do dia 26 de agosto de 2013, quando caiu 4,19%.

Em entrevista ao InfoMoney, o analista Wagner Caetano, diretor da Top Traders e do Terminal Cartezyan, que acertou o "topo" do índice no ano, afirmou que a enxurrada otimista que empurrou o Ibovespa para alta de quase 30% de março até a semana passada chegou ao fim. Sem novos fatores que sustentem uma alta do mercado, aliado a alta do dólar, mostrando a saída do fluxo cambial do Brasil rumo ao exterior, o Ibovespa parece dar início a uma reversão de tendência. "Conforme alerta da semana passada, a força vendedora passou a ser dominante no curtíssimo prazo", disse Caetano, que utiliza tanto gráficos como fundamentos em suas análises.

Segundo Caetano, o Ibovespa passou por um processo denominado na análise técnica de distribuição, quando opera sob força de tendência de alta, porém com menor volume financeiro, refletindo um menor interesse de compra naqueles níveis. "Nesse momento, o otimismo toma conta do mercado como um todo. O investidor esperto aproveita para realizar os lucros, enquanto os menos esclarecidos saem às compras". Um outro sinal de distribuição é a redução da volatilidade, quando o mercado negocia de forma lateral, com menor diferença entre a mínima e máxima do dia, acrescenta. Depois que passou a euforia, veio a correção, com o índice atingindo sua pior semana do ano.

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Destaques do dia

Para o analista-chefe da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, o dia foi marcado por poucos eventos que justificassem com clareza o movimento volátil do índice, que fechou em leves ganhos após chegar a cair 1,01% no intaday. "Foi mais um movimento de mercado", explicou.

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De manhã, o índice futuro registrava uma sessão de forte queda para o índice, que foi amenizado após os dados de emprego nos EUA, que vieram abaixo do esperado e indicaram que uma alta de juros no país estaria mais longe de acontecer. Desta forma, investidores estrangeiros podem manter relativo apetite com relação aos mercados emergentes – caso do Brasil -, porém, com menos fôlego do que se comparado com tempos anteriores.

Conforme explicou Brugger, os dados também podem ser interpretados como uma má notícia para algumas empresas brasileiras, já que sinalizam para uma recuperação ainda mais fraca da maior economia do mundo, o que pode indicar não tanta importação de produtos como o minério de ferro vendido pela Vale (VALE3, R$ 31,77, -2,40%; VALE5, R$ 28,54, -2,03%).

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Porém, apesar dos dados abaixo da expectativa, julho marcou o sexto mês consecutivo em que houve criação de mais de 200 mil vagas, uma sequência não vista desde 1997. O aumento da taxa de desemprego em 0,1 ponto percentual, para 6,2% foi causado pela entrada de mais pessoas no mercado de trabalho, um sinal de confiança no mercado de trabalho. Com isso, o mercado ficou apreensivo sobre os próximos sinais da autoridade monetária sobre o assunto.

Um potencial impasse sobre o que o Fed deve decidir em suas próximas reuniões ficou claro com a fala de dois presidentes regionais da autoridade monetária. De acordo com o presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, o Fed está mantendo as taxas de juros em um nível adequado, mostrando discórdia de outros membros da autoridade do Fed e da declaração presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, que disse nesta sexta-feira que é "muito possível" que o Fed comece a elevar as taxas de juros mais cedo no ano que vem, contanto que a economia norte-americana continue a melhorar como tem feito.

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As incertezas alimentaram a volatilidade nas mais diversas bolsas do mercado financeiro mundial. Nos Estados Unidos, os três principais índices terminaram o dia com perdas na casa dos 0,3%. Para o índice Dow Jones, foi essa foi a pior semana desde janeiro.

No mercado cambial, o dólar fechou em queda, após terminar julho com alta acumulada expressiva. Nesta sessão, a moeda americana caiu 0,41%, cotada a R$ 2,2605 na venda.

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Destaques do pregão Contribuindo para o dia positivo do índice, apareceram as ações das siderúrgicas, companhias do setor elétrico e Bradesco (BBDC3, R$ 35,48, +0,28%; BBDC4, R$ 34,95, +0,98%), ofuscando as perdas da dupla Petrobras (PETR3, R$ 17,82, -0,94%; PETR4, R$ 19,01, -0,47%) e Vale. Nem mesmo os dados positivos vindos da China animaram os investidores em relação aos papéis da mineradora.

O PMI (Índice Gerente de Compras) da indústria do gigante asiático subiu para 51,7 em julho, ante 51 no mês anterior, superando as estimativas do mercado e alançando o maior patamar em 27 meses. O indicador reforçou evidências de que os esforços de estímulo de Pequim estão ganhando tração. O PMI publicado pelo HSBC/Markit também avançou para 51,7, melhor desempenho em 18 meses.

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O noticiário corporativo brasileiro também foi agitado, com a divulgação dos números do segundo trimestre da BRF (BRFS3, R$ 57,25, +3,15%), da TIM (TIMP3, R$ 12,39, +3,08%) e PDG (PDGR3, R$ 1,40, -3,45%). O lucro da maior exportadora de carne de frango do mundo avançou 28% no segundo trimestre ante 2013, para R$ 267 milhões, com melhora operacional e foco na rentabilidade. A estimativa de analistas apontava lucro líquido de R$ 270,8 milhões no período.

Já a TIM viu seu lucro cair 5,2% de abril a junho na comparação anual, para R$ 365,61 milhões. Por fim, a PDG ampliou o prejuízo no segundo trimestre para R$ 135,3 milhões, na comparação anual, em um período marcado por vendas e lançamentos menores, enquanto espera estar próxima ao início de seu período de desalavancagem.

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Destaque ainda para a divulgação da primeira prévia da nova carteira teórica do Ibovespa. A ação da fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo (POMO4) foi incluída na primeira prévia do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, enquanto o papel da Brookfield Incorporações (BISA3, R$ 1,51, -0,66%) ficou de fora. A prévia é a primeira indicação da BM&FBovespa sobre a nova carteira teórica do índice, que vai vigorar de setembro a dezembro de 2014.

Outros destaques

Na Europa, a leitura preliminar para o PMI Industrial mostrou que crescimento do setor diminuiu ligeiramente na zona do euro em relação ao mês anterior. O número final de julho do Markit ficou em 51,8, combinando a leitura de junho, mas abaixo de uma estimativa rápida antes de 51,9. Com isso, as bolsas europeias seguiram as fortes quedas da véspera, com baixa de 2,1% para o Dax, da Alemanha. Contribuem para o mau humor no continente os dados corporativos pouco animadores e a inflação da zona do euro, que ficou abaixo do nível esperado pelo mercado.

Já no Brasil, novas "más notícias" para a indústria nacional. A produção industrial brasileira recuou 1,4% em junho, marcando o quarto mês seguido de queda na pior série de perdas desde 2010, porém num resultado melhor do que o esperado.

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