Petrobras desaba após balanço e puxa Ibovespa

Petroleira fechou com perdas de 11%, azedando o humor na Bovespa, que encerrou o dia em baixa de 1,85%; ações da estatal abriram em queda de 8% no pregão desta quarta-feira 28 e chegaram a desabar 12% ao longo do dia, depois de divulgado balanço que decepcionou o mercado ao não registrar as baixas contábeis relacionadas aos desvios de dinheiro na petroleira; segundo a empresa, é "impraticável quantificar de forma correta, completa e definitiva" as perdas resultantes da investigação Lava Jato

Petroleira fechou com perdas de 11%, azedando o humor na Bovespa, que encerrou o dia em baixa de 1,85%; ações da estatal abriram em queda de 8% no pregão desta quarta-feira 28 e chegaram a desabar 12% ao longo do dia, depois de divulgado balanço que decepcionou o mercado ao não registrar as baixas contábeis relacionadas aos desvios de dinheiro na petroleira; segundo a empresa, é "impraticável quantificar de forma correta, completa e definitiva" as perdas resultantes da investigação Lava Jato
Petroleira fechou com perdas de 11%, azedando o humor na Bovespa, que encerrou o dia em baixa de 1,85%; ações da estatal abriram em queda de 8% no pregão desta quarta-feira 28 e chegaram a desabar 12% ao longo do dia, depois de divulgado balanço que decepcionou o mercado ao não registrar as baixas contábeis relacionadas aos desvios de dinheiro na petroleira; segundo a empresa, é "impraticável quantificar de forma correta, completa e definitiva" as perdas resultantes da investigação Lava Jato (Foto: Gisele Federicce)


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Por Ricardo Bomfim 

SÃO PAULO - Em uma sessão dominada pelo noticiário sobre Petrobras, o Ibovespa fechou em baixa de 1,85%, a 47.694 pontos, puxado principalmente pela queda das ações da estatal. Nos últimos minutos, o índice ainda foi afetado de modo bastante modesto pela reunião do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto), que manteve os juros básicos da economia norteamericana entre 0% e 0,25%. O volume financeiro negociado foi de R$ 5,927 bilhões.

O dólar fechou em leve alta de 0,24%, a R$ 2,5750 na compra e R$ 2,5769 após a reunião do FOMC, na qual a autoridade monetária repetiu que pode ser paciente antes de começar a subir taxas. O Federal Reserve, banco central norte-americano, ainda disse que viu a inflação cair e que ela deve baixar ainda mais.

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Segundo o analista da Guide Investimentos, Luís Gustavo Pereira, o Ibovespa estaria quase no zero a zero não fosse a forte baixa da Petrobras. Para ele, papéis mais defensivos estão ganhando pressão compradora, diante do pessimismo no mercado principalmente por conta do que ocorre com a petroleira. 

Aqui, o principal driver foi a divulgação do resultado do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras (PETR3, R$ 8,63, -10,48%; PETR4, R$ 9,03, -11,21%), ainda não aprovado por uma auditoria. As expectativas do mercado eram de que o balanço registraria baixas contábeis relacionadas aos desvios de dinheiro dos cofres da empresa para o pagamento de propinas a empresários e políticas, como foi descoberto pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Contudo, essas previsões foram frustradas e a estatal mostrou apenas um lucro líquido de R$ 3,087 bilhões no terceiro trimestre de 2014, ante R$ 3,395 bilhões no mesmo período de 2013. Uma queda forte mesmo sem contabilizar a corrupção.

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Segundo fonte ouvida pelo Valor Econômico, o fato de não fazer uma baixa contábil nesse momento, como era esperado, não significa que isso não será feito no futuro. "Haverá dentro de alguns meses alguns números confiáveis para serem publicados", explicou a fonte.

Reunião de Dilma Se do lado da Petrobras, o balanço desanimou os mercados. do lado da reunião ministerial da presidente Dilma Rousseff (PT), ocorreu tudo como esperado. A presidente demonstrou apoio às medidas de aperto fiscal apregoadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy e não deu sinalizações de querer voltar atrás em quaisquer das políticas anunciadas.

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Ações em destaque As ações da Vale (VALE3, R$ 18,95,  -0,26%; VALE5, R$ 16,85,  -0,82%)  caíram pelo quinto pregão consecutivo.Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 11,99, -2,20%), holding que detém participação na mineradora.

Do lado da alta ficaram as "ações de viciados" como Ambev (ABEV3, R$ 17,11, +0,94%) e Souza Cruz (CRUZ3, R$ 22,90, +3,43%), que segundo Luís Gustavo, da Guide, se beneficiam por serem papéis de perfil defensivo, com maior distribuição de dividendos e demanda mais resiliente, funcionando como portos seguros em tempos de pessimismo na Bolsa.

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O governador fluminense Luiz Pezão (PMDB) quer quebrar o monopólio da BM&F Bovespa (BVMF3, R$ 9,66, -1,83%). Isto porque, segundo coluna do Ancelmo Gois, do jornal O Globo, ele estaria empenhado para, junto ao ministro da Fazenda e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que o Rio de Janeiro tenha de volta uma Bolsa de Valores. Segundo a publicação, o secretario Julio Bueno tem se reunido com o pessoal da bolsa mercantil de Nova York (NYMEX).

As ações da Braskem  (BRKM5, R$ 11,91,  -2,62%)  seguiram em queda livre desde que aumentou o risco de um racionamento de energia. A companhia, grande consumidora de energia, desaba 31,94% no ano. Com a derrocada, os papéis voltam aos patamares de julho de 2012.

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Também ficaram em baixa os bancos Bradesco (BBDC3, R$ 33,96,  -2,97%;  BBDC4, R$ 35,14, -2,39%) e Itaú (ITUB4, R$ 33,60, -2,04%), que para Luís Gustavo, são prejudicados por expectativas mais baixas para os seus balanços, que serão divulgados nas próximas semanas. "Acho que o cenário está convergindo para uma redução marginal nesses resultados", disse. O principal motivo para essa descrença nos balanços seria porque a melhora na qualidade do crédito não está sendo tão significativa quanto o esperado.

Mas dentro do setor, o banco que mais caiu foi o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,01, -4,30%), que além das preocupações do setor, ainda sofre com o temor de que estando mais exposto a ativos da Petrobras, seja prejudicado no futuro. Para Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, a petroleira se encontra muito endividada e sem baixa contábil no balanço, o que deve prejudicar seu financiamento em instituições privadas no futuro. Com isso, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal podem ser usados no futuro para capitalizar a estatal. 

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Silêncio, boatos e queda das ações: o resumo do dia da Petrobras em números

O dia que o mercado tanto aguardava chegou e os investidores continuaram sem saber o que mais queriam. A Petrobras (PETR3; PETR4) apresentou seu balanço do terceiro trimestre do ano passado, mas mais uma vez não divulgou as baixas contábeis em relação aos casos de corrupção envolvendo a empresa. Com toda a decepção, as ações da companhia não foram perdoadas.

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Na noite de ontem uma "prévia" da queda de hoje já havia sido apresentada ao mercado com os ADRs da estatal negociado em Nova York despencando quase 5%. Para se ter uma ideia do dia negativo da empresa, a máxima das ações hoje na Bovespa foram de queda de 5,39%, enquanto na mínima os ativos da estatal despencaram 12%.

As ações ordinárias fecharam com queda de 10,48%, a R$ 8,63, enquanto as preferenciais recuaram 11,21%, para R$ 9,03. Tudo isso representa uma perda de valor de mercado de R$ 13,90 bilhões apenas hoje. Enquanto isso, o volume movimentado pelos papéis superou com facilidade a média dos últimos 21 dias, com os ativos ordinários movimentando R$ 261,80 milhões, enquanto os preferenciais tiveram volume de R$ 955,75 milhões.

Enquanto as ações caem, as opções disparam

Quem apostou na queda das ações da Petrobras hoje pode ter se dado muito bem na Bolsa, principalmente quem operou no mercado de opções. Com a forte derrocada das ações da estatal, opções de venda da companhia chegaram a disparar mais de 100% nesta quarta-feira (28).

Isto porque uma "put" (opção de venda) dá o direito do investidor vender uma ação em um vencimento pré-determinado por um valor "X". Ou seja, quando a ação cai, a opção de venda tende a subir, mas em uma amplitude muito maior já que seu valor de face é muito baixo quando comparado às ações.

Para conferir o desempenho das opções da estatal, clique aqui.

O resultado A estatal anunciou que registrou lucro líquido de R$ 3,087 bilhões no terceiro trimestre de 2014, ante R$ 3,395 bilhões no mesmo período de 2013. Este lucro representa uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior em 2014, "refletindo o menor lucro operacional", segundo a Petrobras. Já frente ao mesmo período de 2013, quando o lucro havia sido de R$ 3,395 bilhões, o recuo foi de 9,9%.

O resultado não incluiu baixas contábeis relacionadas às denúncias de corrupção da Operação Lava Jato, mas incluiu baixas de R$ 2,7 bilhões de reais com a descontinuidade dos projetos das refinarias Premium I e II.

Já o Ebitda ajustado da companhia ficou em R$ 11,7 bilhões, ante R$ 16,2 bilhões no segundo trimestre de 2014 e R$ 13,1 bilhões no terceiro trimestre de 2013.  A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes "tem o objetivo de atender obrigações da companhia (covenants) em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de  interesse, cumprindo com o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da 'Operação Lava Jato'".

A "companhia entende que será necessário realizar ajustes nas demonstrações contábeis para a correção dos valores  dos ativos imobilizados que foram impactados por valores  relacionados aos atos ilícitos perpetrados por empresas  fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da 'Operação Lava Jato'".

"No entanto, em face da impraticabilidade de  quantificar de forma correta, completa e definitiva tais  valores que foram capitalizados em seu ativo  imobilizado, a companhia considerou a adoção de abordagens alternativas para correção desses valores: i) uso de um percentual médio de pagamentos indevidos, citados em depoimentos; ii) avaliação a valor justo dos ativos cuja constituição se deu por meio de contratos de fornecimento de bens e serviços firmados com empresas  citadas na ''Operação Lava Jato''. Essas alternativas se  mostraram inapropriadas para substituir a impraticável  determinação do sobrepreço relacionado a esses  pagamentos indevidos", informou a companhia em seu release de resultado.

Uma fonte ouvida pela Reuters afirmou que a Petrobras  pode divulgar os resultados auditados do ano de 2014 no final de abril, com as perdas contábeis por conta da corrupção deflagrada na Operação Lava Jato. Além disso, as divulgações do quarto trimestre devem vir já com as baixas contábeis.

Mas por que não publicaram as baixas? Sem dar números precisos, a Petrobras disse em notas explicativas de seu balanço que encontrou ativos superavaliados em R$ 88,6 bilhões, o equivalente a 47% do total de ativos nos quais a empresa faz uma varredura. Esses ativos para avaliação somam R$ 188,4 bilhões, praticamente 1/3 do ativo imobilizado total da Petrobras, de R$ 600,1 bilhões. A escolha baseou nos ativos cujos contratos foram firmados entre a Petrobras e as empresas citadas na Operação Lava Jato entre 2004 e abril de 2012.

O problema do número exposto pela empresa é ele ainda não é conclusivo e, por isso, não pôde ser usado para fazer a baixa contábil. A empresa sugere que o trabalho ainda não terminou. O motivo é que a estatal ainda não conseguiu encontrar uma metodologia adequada para calcular o tamanho do estrago. Foram avaliados 21 ativos do segmento de Abastecimento, 11 de Gás e Energia, 19 de Exploração e Produção e 1 da área Corporativa.

O que disseram os especialistas Entre reações de frustração do mercado, as atenções não ficaram muito voltadas para os números da companhia, e sim para as perspectivas de quando virão as baixas contábeis. A conclusão de uma avaliação feita pela companhia é de os ativos com valor justo abaixo do valor contábil continham diferenças a maior de R$ 88,6 bilhões e a menor de R$ 27,2 bilhões.

"Assim, podemos concluir que, em termos líquidos, os ativos da empresa teriam de ser reduzidos em R$ 61,4 bilhões. Este valor é equivalente a 17,5% do Patrimônio Líquido em 30 de setembro de 2014 ou a 47,7% do Valor de Mercado, considerando as cotações de ontem", destaca a Planner Corretora.

Já a Guide Investimentos destaca que a estatal divulgou uma "peça de ficção", uma vez que o conselho não chegou a um consenso e continuarão presentes as incertezas em torno da companhia. "Não é só ruim para ela: menores investimentos dela afetam, e de forma expressiva, os investimentos do país como um todo – algo que deve continuar contribuindo para a revisão do crescimento do PIB nas próximas semanas", afirma a equipe da corretora.

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