Gabrielli: aposta da Shell mostra a força do pré-sal

Em artigo especial para o 247, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, avalia os impactos da compra da BG pela Shell por US$ 70 bilhões, o maior negócio realizado no mundo em 2015; "para o Brasil representa um claro reconhecimento da produtividade e oportunidades do pré-sal brasileiro, de onde surgirá o maior potencial de expansão das reservas da nova empresa por décadas, refletindo as expectativas sobre os enormes potenciais desta gigantesca fronteira exploratória de padrão mundial", diz ele; segundo Gabrielli, a operação "representa uma clara preferencia de parte da Shell pelo pré-sal brasileiro sobre a expansão do 'shale gas' americano"; ex-presidente da Petrobras afirma, ainda, que a discussões sobre marcos regulatórios do pré-sal passa a ter um grande ator privado

Em artigo especial para o 247, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, avalia os impactos da compra da BG pela Shell por US$ 70 bilhões, o maior negócio realizado no mundo em 2015; "para o Brasil representa um claro reconhecimento da produtividade e oportunidades do pré-sal brasileiro, de onde surgirá o maior potencial de expansão das reservas da nova empresa por décadas, refletindo as expectativas sobre os enormes potenciais desta gigantesca fronteira exploratória de padrão mundial", diz ele; segundo Gabrielli, a operação "representa uma clara preferencia de parte da Shell pelo pré-sal brasileiro sobre a expansão do 'shale gas' americano"; ex-presidente da Petrobras afirma, ainda, que a discussões sobre marcos regulatórios do pré-sal passa a ter um grande ator privado
Em artigo especial para o 247, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, avalia os impactos da compra da BG pela Shell por US$ 70 bilhões, o maior negócio realizado no mundo em 2015; "para o Brasil representa um claro reconhecimento da produtividade e oportunidades do pré-sal brasileiro, de onde surgirá o maior potencial de expansão das reservas da nova empresa por décadas, refletindo as expectativas sobre os enormes potenciais desta gigantesca fronteira exploratória de padrão mundial", diz ele; segundo Gabrielli, a operação "representa uma clara preferencia de parte da Shell pelo pré-sal brasileiro sobre a expansão do 'shale gas' americano"; ex-presidente da Petrobras afirma, ainda, que a discussões sobre marcos regulatórios do pré-sal passa a ter um grande ator privado (Foto: Leonardo Attuch)


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Shell e BG formam um gigante. Petrobras é outro!

Por José Sergio Gabrielli de Azevedo, especial para o 247

A compra da BG pela Shell foi a primeira grande operação de fusão entre petroleiras do mundo nos últimos 20 anos, indicando o retorno do ciclo de concentração do setor, que ocorre todas as vezes que os preços de petróleo caem. Para o Brasil representa um claro reconhecimento da produtividade e oportunidades do pré-sal brasileiro, de onde surgirá o maior potencial de expansão das reservas da nova empresa por décadas, refletindo as expectativas sobre os enormes potenciais desta gigantesca fronteira exploratória de padrão mundial.

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Representa também uma avaliação da grande capacidade técnica, operacional e gerencial da Petrobras, especialmente considerando os atuais marcos da legislação nacional, que atribui a ela o papel de operadora única das novas oportunidades do pré-sal, com contratos de partilha de produção.

A Shell não comprometeria 25% do crescimento de suas reservas com operações com empresas que não fossem confiáveis técnica, operacional e financeiramente. O CEO da Shell foi claro: apesar das crises reputacionais, com as denúncias que abundam nas manchetes dos jornais, a Petrobras é uma empresa com enorme capacidade de superar os problemas e comandar os processos de exploração e crescimento da produção

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O maior efeito da fusão não será na produção da nova companhia, mas sim no acesso a potenciais reservas, como no campo de Libra e nos benefícios futuros das novas explorações do pré-sal. As estimativas iniciais falam em aumento imediato de 25% das reservas mundiais de petróleo da Shell e de 20% na produção, depois da fusão.

Na busca de novas reservas, as petroleiras têm três alternativas: ampliar a recuperação dos campos já em produção, adquirir novos campos pelo processo de fusões e aquisições de outras empresas ou descobrir novos campos através do investimento em exploração. A maioria das grandes majors adiciona novas reservas pela aquisição de empresas que já investiram na exploração e contam com um bom portfólio de reservas ou potenciais recursos. É o caso da BG no Brasil

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Do ponto de vista mundial, a fusão da BG com a Shell cria a segunda maior petroleira do mundo com ações negociadas em bolsa, representa uma clara preferencia de parte da Shell pelo pré-sal brasileiro sobre a expansão do shale gas americano, inaugura um período de grandes fusões em decorrência da queda do preço do petróleo e redefine os papeis dos diversos atores no mercado mundial de GNL (Gás Natural Liquefeito), ampliando a importância das empresas integradas verticalmente.

A Shell identificou nos ativos da BG um grande valor estratégico e pagou um ágio de mais de 50% sobre o valor de mercado das ações. Esta expectativa de ganhos refletiu uma opção estratégica de integrar suas operações de GNL com a produção de gás, nos ativos que a BG tem em Trinidad-Tobago e na Austrália e sua grande presença na comercialização mundial de GNL. A integração entre produção, liquefação e comercialização que a Shell estava buscando nos EUA com suas tentativas com o shale gas serão agora substituídas pela maior atividade no pré-sal brasileiro e exploração na Austrália. Aguas profundas são cada vez mais atraentes para a Shell e para as grande companhias de petróleo do mundo. Neste setor, não há duvida do papel de campeã da Petrobras.

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A fusão BG e Shell muda o panorama do setor privado de petróleo e gás no pais. A BG está, entre outros, nos campos do BM-S-9 (Lula, Iracema e Iara) com 30%, e BM-S-50 com 20% no pré-sal, e está em áreas exploratórias na Bacia de Barreirinhas com 50%, com uma produção atual de 137 mil barris dia, representando 20% da sua produção mundial. A Shell tem 20% do campo de Libra e participa do BM-S-54 (Gato do Mato), além do BC-10 (parque das Conchas) e BM-ES-27, onde a Petrobras é a operadora, produzindo 46,4 mil barris dia. A produção conjunta será de 184 mil barris dia.

Vários impactos podem ser esperados desta operação: o segundo maior ator no setor de petróleo e gás no Brasil será o segundo maior grupo econômico mundial do setor, dando mais fôlego financeiro aos consórcios já estabelecidos e definindo um parceiro para a Petrobras com maior poder de negociação.

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Outro impacto provavelmente será uma redução do apetite para exploração da nova empresa, devido aos ganhos do volume de reservas advindos da operação de fusão. O maior objetivo será monetizar as reservas já identificadas.

Do ponto de vista da Petrobras, o principal efeito da nova empresa será uma redefiniçao do relacionamento com os parceiros. A Petrobras já está em um intenso processo de remodelação dos mecanismos e procedimentos das suas relações com seus fornecedores e agora precisará se adaptar a ter como parceiro um grande player do mercado mundial.

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As discussões sobre os destinos futuros dos marcos regulatórios da exploração e desenvolvimento da produção do pré-sal terão a partir de agora um grande ator privado, com escala global e intensa atividade tanto em petróleo como em gás, além de já ser proprietário da segunda maior rede de distribuição de derivados no Brasil com a Raizen, fruto da fusão da Cosan e Shell, unindo derivados de petróleo e etanol. A lógica da integração da Shell, como seu orientador estratégico, reflete nesta operação de fusão da BG a sua escolha e importância do Brasil como fundamental para seu crescimento futuro. Neste contexto, a Petrobras é também ator fundamental. Dois gigantes se enfrentarão no futuro deste setor.

José Sergio Gabrielli de Azevedo é ex-presidente da Petrobras (2005-2012) e professor aposentado da UFBA – Universidade Federal da Bahia.

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