Choque de gestão: o verniz da anomia e da alienação

O alvo da vez já foi Mantega, Palocci, Dirceu, Genoíno, Mercadante e ... Lula - é claro. Basta ser quadro destacado e promissor do PT, bala nele. Melhor dizendo, basta pertencer ao campo das esquerdas



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Já há algum tempo as políticas públicas cederam lugar à propaganda e ao marketing eleitoral. Tudo para ser planejado e executado na ligeireza de um ou dois anos, para acarretar resultados eleitorais imediatos, aferidos em pesquisas de opinião – e assim assegurar mais um mandato. Não existem mais políticas de Estado, apenas políticas de governo. “O poder pelo poder” – como já nos alertara, há muito, Weber.  Passadas quase duas décadas de governos tucanos em SP e MG, o tal “choque de gestão”, por exemplo, provou ser tão somente mais uma peça de propaganda destituída de qualquer sentido, eficácia ou mérito, causando “apenas” a ruína da máquina pública.

A tese que aqui passo a defender é a de que tal expressão – “choque de gestão” – é, em verdade, apenas grandiloquente e vazia, como toda enganação do marketing político. Mas com um detalhe perverso e sub-reptício: esse suposto modelo de “eficiência” esconde um modo de governar que gera um estado de alienação e anomia semelhante ao definido por Robert Merton, isto é, quando aos fins estabelecidos não se oferecem os meios adequados para atingi-los. 

Nas empresas, fundações, autarquias e secretarias de Estado sob a gestão desse modo de (des)governar, a paisagem é de terra devastada. Estruturas de cargo e salários anacrônicas  e  “frankstenianas”; terceirização desmedida; instituição despudorada de “pedágios” para arrecadação das ”caixinhas” para o partido; estímulo à individualização, ao egoísmo e ao arrivismo dos servidores (como antidoto à consciência de classe e à solidariedade), empreguismo, nepotismo, práticas coronelistas etc.

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 É de estarrecer a quantidade de casos de doenças ocupacionais que acometem os servidores: estresse, transtornos mentais, outras mazelas emocionais e... câncer. É impressionante o número de funcionários acometidos por essa grave doença nesses ambientes degradados. Mas não se vê nenhuma crítica ou denúncia a esse estado de coisas na silente e cúmplice grande imprensa. Nada.

Enquanto essa síntese perfeita das patologias da modernidade e do capitalismo se alastra de modo sorrateiro pelo organismo social, verdadeiro descalabro em forma de desgoverno que se espalha tal qual um carcinoma em metástase, a grande imprensa nada noticia. Apenas se dedica com esmero ao seu esporte predileto: a caça aos petistas. 

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O alvo da vez já foi Mantega, Palocci, Dirceu, Genoíno, Mercadante e ... Lula - é claro. Basta ser quadro destacado e promissor do PT, bala nele. Melhor dizendo, basta pertencer ao campo das esquerdas. Eles até adulam, a princípio, depois tome cacete. Foi assim com Ciro Gomes; com seu irmão Cid, muito recentemente. Assim se deu com Marina Silva. Assim será com Eduardo Campos.

Enquanto isso, inocentes úteis continuam lendo a Veja, os “jornalões” e assistindo aos telejornais da Rede Globo. E saem por aí exibindo aquilo que chamo de “arrogância da ignorância”. Ou seja: leem Merval Pereira  e arrotam Dostoiévski.

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