Delfim: inflação alta e PIB baixo vêm desde FHC

Economista e ex-ministro da Fazenda compara os dois governos tucanos com os dois de Lula e o primeiro de Dilma; o pior desempenho, em matéria de crescimento e alta de preços, foi o de Fernando Henrique, mas nenhum deles foi excepcional nos últimos vinte anos

Delfim: inflação alta e PIB baixo vêm desde FHC
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247 - Em meio a críticas à inflação do atual governo e às escolhas da presidente Dilma Rousseff e de sua equipe econômica para controlá-la – como o fato de não elevar a taxa básica de juros – o economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto publicou nesta quarta-feira 10 uma análise que compara a inflação e o PIB dos últimos governos e revela que "nunca tivemos sucesso na conquista de uma taxa de inflação realmente civilizada", em suas próprias palavras.

O gráfico publicado na Folha de S.Paulo, junto ao artigo de Delfim Netto, com base em números do IBGE, mostra que a inflação nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso era mais alta do que nos dois de Lula e no corrente, de Dilma. A média de crescimento do País (PIB) nas duas gestões de FHC também foi menor do que nas gestões de Lula. Todas, porém, foram maiores do que a atual, de Dilma, registrada em 2012.

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A conclusão de Delfim é que "o Brasil concebeu um engenhoso programa de estabilização – o Plano Real", mas que o desempenho de nenhum governo em matéria de crescimento e alta de preços foi excepcional nos últimos vinte anos. Segundo ele, a dramática experiência de conviver com uma inflação alta e persistente acabará nos levando ao "remédio fácil e enganador de aumentar a indexação das rendas dos agentes".

Leia abaixo seu artigo:

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Inquietação

O aumento da inquietação em relação às perspectivas da taxa de inflação é percebido pela sociedade, segundo pesquisa do Datafolha. Menos da metade dos entrevistados esperava que a taxa permanecesse a mesma ou diminuísse.

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Isso é preocupante, porque análises empíricas sugerem que a taxa de inflação do ano corrente é explicada pela taxa do ano passado e pela "expectativa" da própria inflação -que é muito influenciada pelo aumento dos salários reais acima da produtividade do trabalho, como temos tido há anos.

Quando não corrigida por algum fator, por exemplo, um aumento do juro real que

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leva a uma alta do desemprego e a uma moderação salarial, ela tende a assumir sua própria dinâmica, e o custo social para controlá-la aumenta exponencialmente.

O Brasil concebeu um engenhoso programa de estabilização -o Plano Real- depois de quatro ou cinco tentativas frustradas. Mas, desde sua implementação, em 1994, nunca tivemos sucesso na conquista de uma taxa de inflação realmente civilizada (em torno de 2% ou 3%) e nunca reconquistamos o dinamismo de crescimento (em torno de 5%).

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A tabela abaixo, na qual se mostra a inflação e o crescimento, revela isso:

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A grande verdade é que, depois da esplêndida vitória inicial, evitamos atacar com a energia necessária os gargalos institucionais, que reduzem a eficácia alocativa dos mercados quando não são realmente competitivos, e os estruturais, pelo abandono dos investimentos em infraestrutura, o que gera atritos que são dissipados em maior taxa de inflação.

De 1995 a 2012, a nossa taxa média de inflação foi da ordem de 7,4%, e o crescimento do PIB per capita, da ordem de 1,8%, resultados que estão longe de ser satisfatórios. É preciso reconhecer que fomos, a pouco e pouco, melhorando a inserção social e aumentando a igualdade de oportunidades, que são fatores civilizatórios, mas isso poderia ter sido ainda melhor com um crescimento do PIB per capita mais robusto e com uma inflação menor. É preciso dar maior atenção a esse problema, porque a paciência dos agentes econômicos com uma inflação tão alta e tão persistente, num período tão longo, está se esgotando.

A dramática experiência escondida em nosso subconsciente acabará acordando o remédio fácil e enganador de aumentar a indexação das rendas dos agentes.

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