Metalúrgicos lamentam demissões em montadoras do ABC

Funcionários de empresas montadoras de automóveis da região do ABC Paulista estão apreensivos diante das últimas demissões e suspensões temporárias de contrato de trabalho, no chamado sistema de lay off; segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nesta segunda-feira, 36,9 mil empregados estão em lay off em todo o país

Funcionários de empresas montadoras de automóveis da região do ABC Paulista estão apreensivos diante das últimas demissões e suspensões temporárias de contrato de trabalho, no chamado sistema de lay off; segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nesta segunda-feira, 36,9 mil empregados estão em lay off em todo o país
Funcionários de empresas montadoras de automóveis da região do ABC Paulista estão apreensivos diante das últimas demissões e suspensões temporárias de contrato de trabalho, no chamado sistema de lay off; segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nesta segunda-feira, 36,9 mil empregados estão em lay off em todo o país (Foto: Ana Pupulin)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil

Funcionários de empresas montadoras de automóveis da região do ABC Paulista estão apreensivos diante das últimas demissões e suspensões temporárias de contrato de trabalho, no chamado sistema de lay off.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados hoje (6), 36,9 mil empregados estão em lay off em todo o país.

continua após o anúncio

Na Mercedes-Benz, trabalhadores ficaram acampados em frente à fábrica, em São Bernardo, por 26 dias, em protesto contra 300 demissões. O operador de máquinas José Djalma de Souza, de 41 anos, está entre os demitidos. "Eu me senti inútil, sem valorização nenhuma", disse. Djalma trabalhou 13 anos na empresa.

Na última quinta-feira (2), os funcionários rejeitaram a proposta da Mercedes de reduzir em 20% a carga horária dos empregados, diminuindo em 10% os salários, por um período de um ano. A proposta, votada em urnas, garantiria a estabilidade no emprego por um ano e o retorno de parte dos trabalhadores demitidos.

continua após o anúncio

Em comunicado, a Mercedes-Benz informou que a proposta era necessária diante da forte queda de vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro, que tem afetado os negócios da empresa. Diante da rejeição, a montadora "terá de buscar outras alternativas frente a um excedente de 2 mil pessoas na fábrica".

Djalma era favorável à proposta. "Ficamos chateados [com o resultado da votação], porque o individualismo está demais. As pessoas estão muito egoístas, só pensando nelas. Tinham que pensar no monte de famílias que está aqui fora, não só em si", disse ele.

continua após o anúncio

O soldador Danilo Gritti, de 29 anos, também foi demitido. Ele trabalhou 14 anos na Mercedes e também era favorável à proposta. "Estou confiante que haja, nos próximos dias, um acordo com o sindicato para a nossa readmissão. Nenhuma redução de salário é boa, mas, dentro da conjuntura, a proposta até que foi adequada."

Danilo Gritti agora tem dúvida sobre o que fará no futuro. "Eu sou professor de sociologia, por formação, mas os professores estão em situação pior que os metalúrgicos. Fica difícil uma realocação. De primeiro momento, estou pensando em alguns bicos", lamentou.

continua após o anúncio

José Roberto Nogueira da Silva, diretor de Organização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, defende uma negociação. "Os trabalhadores entenderam que não era o momento de aceitar essa proposta, mas o sindicato está pronto para negociar qualquer contrapartida que venha resolver o problema. É muito difícil fazer esse debate no chão de fábrica, os trabalhadores estão cansados. A empresa tem que fazer um movimento que atenda às necessidades dela, mas que atenda também às dos trabalhadores. Não pode ser uma via de mão única", declarou.

Na Volkswagen, também em São Bernardo, 2.357 trabalhadores da Fábrica Anchieta tiveram hoje (6) os contratos suspensos por cinco meses, em lay off. "É lógico que os trabalhadores com contratos suspensos ficam apreensivos. Temos conversado muito com eles, que sabem a importância de ter um acordo que os garanta dentro da fábrica". Segundo o sindicato, os funcionários têm um acordo com a empresa que impede demissões até 2019.

continua após o anúncio

Pela medida de lay off, os trabalhadores recebem os salários de forma integral, metade pagos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e a outra metade pela própria empresa. De acordo com o sindicato, além desse sistema, a Volkswagen encerrou o terceiro turno, que permitia que a fábrica funcionasse no período noturno. Os cerca de 1,8 mil empregados que trabalhavam à noite foram realocados para outros horários.

O sindicato informou que, no ano passado, a fábrica produzia 1,4 mil veículos por dia, número que caiu para 800 este ano. A Fábrica Anchieta emprega 11 mil pessoas, sendo 8 mil apenas na produção.

continua após o anúncio

Segundo José Roberto, uma solução esperada pelas centrais sindicais é que o governo federal aprove o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). "É uma ferramenta de flexibilidade que não suspende o contrato de trabalho e pode reduzir a jornada de trabalho", explica. O programa seria válido para todos os setores da economia, não apenas montadoras.

A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da Volkswagen, que informou que não comentará o assunto.

continua após o anúncio

Número de empregados nas montadoras de veículos cai 0,9%

Flávia Albuquerque - O setor automobilístico tinha 136.929 pessoas contratadas em junho, 0,9% a menos do que o registrado em maio, quando os trabalhadores somavam 138.200. Na comparação com junho do ano passado a queda foi 9,6%, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, divulgados hoje (6), na capital paulista.

Segundo o presidente da associação, Luiz Moan, há hoje 36,9 mil empregados em férias individuais, coletivas, com contrato suspenso ou licença remunerada, o que equivale a 27% da força de trabalho das montadoras. "Isso demonstra o esforço que o setor está fazendo para fazer a manutenção e a proteção do nível de emprego".

Moan ressaltou que o setor está esperançoso com o que será anunciado pela presidenta Dilma Rousseff no Plano de Proteção ao Emprego. "Nós acreditamos que seja possível ajustar o nível de custo à necessidade de produção".

De acordo com a associação das montadoras, o estoque de veículos é suficiente para atender o mercado durante 47 dias. "Nós havíamos previsto que o ajuste via produção ia acontecer de maneira forte", disse Moan.

Além disso, ele disse que o plano do governo colocará uma regra para as montadoras e dará flexibilidade e segurança jurídica para que o setor trabalhe de forma tranquila para proteger o nível de emprego. "Estamos perseguindo isso nos últimos tempos. O risco de perder o emprego é o fator inibidor da nossa economia".

Moan destacou que cada empresa poderá negociar com seus funcionários com base nas regras previstas no Plano de Proteção ao Emprego. O pagamento da participação nos lucros e resultados se enquadra em um instrumento opcional das empresas e está sendo discutido o sindicato. "O que estamos assistindo nos últimos anos é cada vez mais a compreensão do lado sindical das dificuldades pelas quais passam as empresas".

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247