Eike cometeu sete erros que todo empreendedor não deve cometer

Ex-dono de uma fortuna de US$ 30 bilhões, o empresário Eike Batista é um exemplo na tomada de vários riscos, de investimento. Mas acabou se apaixonando por ele mesmo; uma das sete coisas que ele fez e que nenhum empreendedor deve fazer é vender Powerpoints; ele tinha planos ousados de construir o maior grupo empresarial do Brasil, montando uma mini-Petrobras, uma mini-Vale, um porto gigantesco e energia; captou bilhões de reais na bolsa de valores (só a OGX foi R$ 6,7 bilhões), mas não conseguiu entregar o que prometia. Sofreu muito com a pressão dos investidores e chegou a declarar que não deveria ter ido para a Bolsa de Valores; veja outras

O presidente do Conselho Administrativo e presidente-executivo do Grupo EBX, Eike Batista, fala durante discussão em Beverly Hills, California, EUA. 30/04/2012 REUTERS/Mario Anzuoni
O presidente do Conselho Administrativo e presidente-executivo do Grupo EBX, Eike Batista, fala durante discussão em Beverly Hills, California, EUA. 30/04/2012 REUTERS/Mario Anzuoni (Foto: Leonardo Lucena)


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Por Felipe Moreno, StartSe - Eike Batista, enfim, foi preso. Isso não termina a longa e sinuosa jornada do empreendedor, mas são capítulos adicionais de uma das mais sensacionais histórias do Brasil nos últimos anos.

Acompanho ele já há anos. Antes de embarcar neste mundo de startups, trabalhei por anos no InfoMoney, onde eu cobria Eike. Até escrevi um livro sobre ele, contando como foi a ascensão e queda do homem mais rico do Brasil.

Acredito que ele tem razão ao falar que era um refém do poder público, levado a cometer as irregularidades que cometeu. Não acho que é certo, mas, honestamente, eu vejo o lado dele. Se fizer uma boa delação e ajudar a limpar o Brasil e criar um ambiente mais, acho que podemos perdoá-lo deste crime.

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Existem outros, porém. Eike é um exemplo na tomada de vários riscos, de investimento. Mas acabou se apaixonando por ele mesmo. O melhor para o Brasil é ele pagar pelos seus delitos, se reinventar como uma pessoa honesta, tomar riscos e prosperar.

Separei aqui 7 coisas que Eike fez e que você, como empreendedor, não deveria emulá-lo.

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1 – Vender Powerpoints

Eike tinha planos ousados de construir o maior grupo empresarial do Brasil, montando uma mini-Petrobras, uma mini-Vale, um porto gigantesco e energia. O problema, porém, é que, nas mãos dele, tudo isso não passou de planos. No mercado financeiro há uma piada de que nem Bill Gates ganhou tanto dinheiro com o Powerpoint quanto Eike.

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Eike captou bilhões de reais na bolsa de valores (só a OGX foi R$ 6,7 bilhões), mas não conseguiu entregar o que prometia. Sofreu muito com a pressão dos investidores e chegou a declarar que não deveria ter ido para a Bolsa de Valores, mantendo suas empresas para si ou investidores qualificados por mais tempo.

Se tivesse aberto o capital com as empresas já faturando, com os projetos em execução, seu ganho financeiro teria sido maior. E o capital levantado o teria permitido construir um grupo mais forte e estável. Ter levantado antes da hora destruiu sua reputação.

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Empreendedores precisam de investimentos para concretizar. Mas precisam fazer isso com ética e seriedade. Poucos investidores que não lhe conhecem vão apostar na fase em que sua startup é só uma ideia. Eles precisam de algo que é concreto. Ou a pressão dos investidores vai criar problemas, como criou para Eike.

E é para isso que temos o curso Invest Class, para ajudar startups a captarem dinheiro da maneira mais correta possível, no momento correto de maneira que fortaleça a startup e o empreendedor – além de gerar dinheiro para o investidor. Não deixe de conferir.

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2 – Comunicação falha com seus investidores

Uma vez aberto o capital de suas empresas, ele não se comunicou corretamente com o mercado. Suas empresas enalteciam tudo que de bom acontecia e escondiam tudo de ruim que ocorria. Criou-se uma grande bolha no mercado de capitais nacional que, quando estourou, acabou prejudicando muita gente financeiramente.

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Até mentira teve: Eike chegou a prometer publicamente comprar US$ 1 bilhão de ações da OGX, pagando R$ 6,30 por cada uma delas – quando o valor em bolsa estava próximo de R$ 1 por cada uma. Nunca assinou o contrato desta operação e quando o dinheiro foi requisitado pela companhia, ele simplesmente demitiu o diretor da empresa.

3 – Olhar só as estimativas mais otimistas

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Talvez a maior falha de Eike como empreendedor tenha sido acreditar demais em suas projeções mais otimistas e não ter o mínimo de cuidado ou um plano B. Quando se trata de poços de petróleo, as estimativas geralmente são muito diferentes uma e outra. Ele só ouvia as estimativas mais altas.

E fazia planos de acordo com essas estimativas. Um poço, por exemplo, podia ter 102 milhões de barris de petróleo ou 2 bilhões. Advinha o número que Eike propagandeou para o mercado inteiro?

O problema é que quando alguma coisa saía do projetado, as empresas não estavam preparadas. Elegia-se um “responsável” por aquele “fracasso” e este geralmente entrava no ostracismo dentro da empresa. Isso ajudou a aumentar (e muito) a rotatividade entre pessoas.

Planos já tinham sido feitos para caso tudo desse certo e os custos acompanhavam esse otimismo. O primeiro sinal de que algo sairia errado desencadeou uma grande bola de neve que acabou por soterrar o grupo EBX.

4 – Criar os “campeões da última semana”

Os principais homens de Eike Batista mudaram bastante nos últimos anos de sua história. Isso se dava por um motivo: Eike costumava se “apaixonar” por um executivo e passar a endeusa-lo por algum tempo, até uma notícia ruim vir e ele ser substituído por outro campeão da última semana. Escolhia outro e repetia este ciclo.

Isso denota uma extrema falta de entendimento de visão para o negócio e imaturidade para lidar com pessoas, um problema que pode atingir qualquer líder. Sem estabilidade (de humor) e união entre as pessoas que fazem o negócio, difícil fazer algo prosperar.

Eike era presidente do conselho das empresas, mas no dia-a-dia estava em uma situação incômoda: estava perto demais para um presidente do conselho – tomando muitas decisões -, mas longe demais para um CEO. Por conta da política de “campeões da última semana”, quase nenhuma empresa tinha estabilidade no corpo técnico.

5 – Não teve um “MVP”

Outro problema é que Eike montou seu grupo empresarial em uma premissa que, embora válida no papel, não havia sido validada: a ideia de que uma empresa apoiaria a outra do grupo. É um erro clássico de planejamento começar grande. Teu erro pode ser, simplesmente, muito grande se você não validar a ideia antes.

E como tudo dependia das projeções mais otimistas, a ideia do “360º” prometida por Eike – em que cada empresa tomaria conta uma da outra – fracassou. A falta de petróleo da OGX enfraqueceu a demanda OSX (estaleiro), que teve que rever seus contratos com a LLX (gerente do porto de Açu) que diminuiu as expectativas de contratação de energia da MPX.

O que era uma “excelente” ideia de cada empresa apoiar uma a outra não teve aplicação na economia real de Eike Batista. Mais sábio seria ter criado operações pequenas, MVPs, de cada empresa primeiramente e depois escalar conforme o sucesso de cada uma. Mas ele quis tocar vários projetos ao mesmo tempo em cada uma e acabou não executando nenhum bem.

Teria sido muito menos custoso e teria permitido que Eike remanejasse o barco se necessário, pivotando alguma empresa se a necessidade. Todo empreendedor deve saber validar sua ideia. É um dos pilares do curso Startup de A à Z, que promovemos aqui no StartSe para que empreendedores novatos, o que não era o caso de Eike Batista, consigam escapar das principais dores deste mundo e construam negócios campeões.

6 – Dar a sensação de estar “abandonando o barco”

Quando as empresas estão em dificuldades, espera-se que o empreendedor seja o primeiro a estar lá buscando soluções, lutando para que o barco não afunde. Eike, não. Ele, aparentemente, começou a abandonar o barco antes do barco afundar.

Teve grandes vendas de ações antes de notícias ruins que derrubariam o preço de suas companhias (vendas, pelas quais, ele fora acusado de insider trading), frases que não pegaram bem (chegou a pedir que o Bank of America comprasse uma de suas empresas se eles achavam que ela valia tanto) e até mesmo uma “vontade de passar a OGX para os credores” no final. Tudo regado a um grande conflito de interesses.

7 – Criar um ciclo vicioso de destruição de dinheiro

No fim, o pior das coisas que Eike fez foi desenhar um grande esquema de destruição de dinheiro de investidores. Os bilhões aplicados em suas empresas se perderam e muitos negócios foram simplesmente passados para frente para conseguirem sobreviver (é o caso da empresa de logística LLX e MPX).

Eike deu a ilusão de ser o homem de maior sucesso financeiro do Brasil por algum tempo. Mas também foi uma das histórias de fracasso mais retumbantes do capitalismo brasileiro (por mais que seja um capitalismo de amigos…). É uma história triste e que pode ensinar grandes lições aos empreendedores que a entenderem por completo.

Tendo cometido crimes ou não, o maior perdedor é ele, que, com 1 bilhão de dólares na conta antes da aventura na bolsa começar, poderia ter tido uma vida muito confortável. Fez o trade-off (correto) de investir e tentar girar mais riquezas, mas, infelizmente, foi pelo lado torto e acabou fortemente endividado e preso.

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