Iris e Delta: contratos revelam farra de aditivos
Numa estratégia bumerangue, Iris Rezende traz Carlos Cachoeira para a campanha e atrai para si perguntas não respondidas a respeito do relacionamento de suas gestões à frente da Prefeitura de Goiânia com a empreiteira Delta, empresa da qual o contraventor era representante em Goiás; dados obtidos pelo Brasil247 mostram um festival de aditivos em contratos firmados com a Delta para executar as principais obras da gestão do peemedebista na Capital; documentos mostram ainda a contratação de serviços com dispensa de licitação
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Goiás247 - Em segundo lugar na disputa pelo governo do Estado e vendo o adversário Marconi Perillo (PSDB) com chances claras de se eleger no primeiro turno, Iris Rezende (PMDB) tem atacado o tucano diariamente. Os ataques ganham corpo nos programas eleitorais em que Iris resgata o caso Cachoeira e tenta vincular o governador aos desdobramentos da Operação Monte Carlo, deflagrada em 2012 pela Polícia Federal.
Marconi fala abertamente sobre o escândalo Cachoeira e afirma que, de sua parte, o caso está encerrado. “Abri todos os meus sigilos e fiquei nove horas na CPI do Congresso. Nada foi encontrado”, diz o governador. Iris também é personagem no emaranhando da Operação Monte Carlo. A empreiteira Delta, acusada pela Polícia Federal (PF) de ser o braço financeiro do esquema Cachoeira, possuía contratos vultosos com a prefeitura de Goiânia administrada por Iris entre 2005 e 2010.
O Brasil247 teve acesso exclusivo a documentos que mostram contratos da prefeitura com a Delta e, principalmente, diversos aditivos feitos em cima desses acordos – o que aumentava de forma substancial (e sem licitação) os valores dos compromissos entre a prefeitura e a empreiteira.
Iris também já acusou o governo estadual de realizar aditivos em obras como o Hugo 2 e Autódromo. O peemedebista abusou dos aditivos com a Delta quando era prefeito de Goiânia. Um dos contratos mais altos, firmado em 2005, era no valor de R$ 13,7 milhões (por quatro anos) referente à locação de “dezenas de veículos, com motoristas (pá carregadeiras, motoniveladoras, retro escavadeiras)”.
Em 10 de setembro de 2009, este contrato ganha um aditivo de R$ 3,9 milhões, que em maio de 2010, foi corrigido e diminuído para R$ 3,1 milhões. Mesmo assim, o contrato inicial que era de R$ 13,7 milhões saltou para R$ 16,8 milhões em menos de um ano. Este contrato ainda sofreria mais três boladas de aditivos: uma de R$ 12 milhões, outra de R$ 5,2 milhões e uma de R$ 485 mil mensal, jogando o contrato para R$ 5,8 milhões por ano.
Foram esses contratos que o PMDB e Iris Rezende impediram que viessem à tona durante a CPI do Cachoeira na Assembleia Legislativa. Os peemedebistas e o PT entraram na Justiça pedindo sigilo dos acordos entre as prefeituras comandadas pelos partidos à época (Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Catalão) e a Delta.
Dispensa de licitação
A gestão irista à frente da prefeitura também tinha o costume de dispensar licitação na hora de firmar contratos com a Delta Construções S/A. O procedimento legal foi ignorado na locação de um caminhão truck equipado com coletor de lixo e motorista com jornada de 44 horas semanais. Para ter este serviço, a prefeitura de Iris pagou R$ 352 mil à Delta, em 2009.
Este mesmo expediente já havia sido colocado em prática pela prefeitura de Iris em dezembro de 2008. O contrato celebrado no valor de R$ 1 milhão era para locação e operação de tratores esteira, caminhões toco e caixa, caminhões trucados, retroescavadeira, pá carregadeira e rolo compactador. Tudo isso sem licitação.
Viaduto
Os maiores símbolos da presença marcante da Delta em Goiânia durante a gestão irista na prefeitura são os dois viadutos na avenida 85. As obras foram anunciadas com pompa pelo peemedebista, mas o trânsito na região continua travando em horários de pico e os viadutos até hoje apresentam problemas estruturais como inundação em dia de chuva, placas caindo, estruturas soltas e letreiros abandonados, este último um reflexo da gestão do atual prefeito Paulo Garcia (PT).
O contrato para construção do viaduto daa avenidas T-63 e 85 foi firmado em abril de 2008 no valor de R$ 18,1 milhões. Em dezembro do mesmo, a prefeitura realizou um aditivo de R$ 2,3 milhões no contrato, subindo o valor da obra para mais de R$ 20 milhões.
Mais aditivos
Os documentos que 247 teve acesso também mostram um aditivo de R$ 2,2 milhões num contrato de locação de veículos, firmado em setembro de 2011, quando Iris já estava fora da prefeitura. Existe também um termo de aditivo descrito como prestação de serviço com a Delta avaliado em R$ 7,9 milhões, que foi celebrado em agosto de 2007.
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