Investidores do futuro

Com educação financeira chegando à escola, internet e o que se aprende em casa, jovens podem quebrar velhos paradigmas e traçar seus próprios caminhos para enriquecer mais que os pais

Investidores do futuro
Investidores do futuro (Foto: Shutterstock)


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Luciane Macedo _247 - A educação financeira começa a chegar às salas de aula do ensino médio com resultados animadores o suficiente para que um projeto-piloto caminhe rumo à consolidação com boas chances de sucesso. A escola pública desponta, afinal, como mais um canal para se falar sobre dinheiro, a inegável satisfação do consumo, as dívidas, que tanto tiram o sono, e os sonhos dos investidores do futuro -- desejos que precisam encontrar uma fonte de financiamento desde já, no Brasil que quer se consolidar como economia desenvolvida.

Para os jovens das classes menos favorecidas, em que, não raro, o poder aquisitivo não estimula sequer a abertura de uma conta em banco, o estudante pode levar para casa todo um mundo novo de informações. Para a conectada geração Y da classe C, que vê seu acesso à internet crescer com o aumento do poder de compra, a escola pode estimular as conversas sobre dinheiro antes que as famílias se vejam endividadas. No andar de cima, onde os jovens das classes A e B transitam com seus tablets e smartphones de última geração, o papo sobre dinheiro já chegou à escola, sob diversos matizes, mas os pais ainda são a fonte primordial de informação de confiança, e a poupança ocupa o topo da parada dos investimentos.

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Com mais canais de diálogo e informação, seja em sala de aula, na frente do computador, usando um aplicativo no celular ou nas conversas em casa, os jovens brasileiros têm mais chances de se tornarem melhores investidores que seus pais. Rompendo tabus e ideias preconcebidas sobre segurança financeira, eles podem ficar mais ricos, ainda que o Brasil caminhe para deixar para trás o conforto dos juros altos.

Mas, para dar este passo além, concordam educadores financeiros, será preciso que esta geração trace os seus próprios caminhos, e que se sinta estimulada a fazer seu dinheiro crescer.

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"Mais do que passar conteúdo, e colocar o adolescente na sala de aula para calcular juros ou explicar o que é a Bolsa, a escola tem que estimular o interesse nos assuntos dinheiro, finanças e investimento", diz André Massaro, educador financeiro da MoneyFit. "Toda a informação já existe de graça na internet, o que falta são meios de estimular o interesse dessa nova geração, o que é um desafio para todo mundo que trabalha com educação financeira".

Os resultados divulgados pelo Banco Mundial sobre o projeto-piloto de educação financeira no ensino médio indicam que os passos iniciais dados na escola pública já surtiram algum efeito neste sentido. A vontade poupar aumentou entre mais da metade dos estudantes, e 63% já guardam parte do que ganham. Mas, embora a proficiência financeira tenha aumentado, são poucos os que conseguem fazer uma lista das suas despesas mensais.

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"Grande parte do consumo dos adolescentes não é de renda própria, é pelo dinheiro dos pais, e é difícil saber quanto do consumo dos pais está direcionado aos filhos", comenta Massaro. "Esta idéia que parece tão encantadora precisa ser mais testada e ter sua abrangência ampliada para que a gente saiba se as medidas terão efeitos mais concretos no longo prazo", assinala o educador financeiro. "Os resultados só serão visíveis quando estes adolescentes começarem a gerar renda como força de trabalho, e não serão fáceis de detectar".

Na avaliação de Massaro, o verdadeiro êxito das iniciativas nas escolas terá se dado se conseguirem gerar mudanças comportamentais permanentes nos jovens. "Aprender na escola é como assistir a uma palestra, o sujeito fica até estimulado ao final, mas não consegue transformar a vontade em hábito de longo prazo", diz o educador da MoneyFit. "Fica uma coisa que nem dieta, a pessoa sabe que tem que fazer, mas não faz, e a constatação triste é que as pessoas só dão importância para as finanças pessoais tarde demais, quando já estão endividadas".

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Para Massaro, tudo o que se faz e se conversa em casa sobre dinheiro tem papel ainda mais relevante se comparado ao que acontece na escola, na internet, no shopping ou qualquer outro lugar fora de casa. "A educação financeira tem que irradiar de dentro de casa, a família é a principal instância", avalia. "No meu dia-a-dia, minha prática me leva a ter um certo ceticismo sobre a capacidade de fatores externos influenciarem dentro de casa", conta o educador financeiro. "Olha a confusão que está dando em Nova York com o problema da obesidade e as medidas do prefeito Bloomberg, se não houver suporte da família, não dá certo".

Conrado Navarro, MBA Executivo em Finanças e sócio-fundador do site Dinheirama, concorda que o engajamento em casa é fundamental para que a educação financeira nas escolas renda frutos. "Quando se trata do jovem tirar suas dúvidas, ele ainda prefere fazer isso em casa, com os pais, e por mais que a escola tenha o papel de educar e ensine sobre dinheiro, os pais não podem transferir sua responsabilidade para a escola, mas tê-la como uma aliada no diálogo com os filhos", avalia Navarro. "A escola também precisa engajar os pais e a comunidade, para que o jovem se sinta estimulado a colocar em prática suas próprias estratégias e planos". E o exemplo tem que vir de casa, não de fora. "Não pode ser de alguém endividado", previne Navarro. "Os pais precisam mudar hábitos e comportamentos se quiserem mudar a próxima geração de investidores para melhor".

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Neste sentido, com o que trazem da sala de aula ou da internet, os adolescentes também podem ser agentes de mudança, e influenciar os hábitos financeiros dentro de casa, aponta Navarro. No mínimo, informação nova, seja ela avaliada pelos pais como boa ou ruim, vai gerar diálogo dentro de casa, e ele deve ser estimulado, e não coibido ou rotulado. "Os pais têm que aprender a valorizar o diálogo sobre dinheiro em casa, podem aprender com os filhos ou buscar conhecimento novo, fora dos seus hábitos ou zona de conforto, para que o assunto não seja um tabu", sugere Navarro.

As conversas sobre gastar dinheiro ou sobre modalidades de investimento, aliadas aos laços de confiança, são um canal promissor para que o jovem se sinta estimulado a traçar seu próprio caminho para enriquecer e cultivar hábitos de longo prazo. "O investidor do futuro precisa entender, hoje, que dinheiro não é um assunto para especialistas, mas um assunto como outro qualquer", diz o sócio-fundador do Dinheirama. "Ele pode assumir, em casa, um papel de agregador de valor a partir do conhecimento que adquire de diversas fontes, e aí fazer seus próprios planos de acordo com a realidade econômica".

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Massaro acrescenta que "um dos grandes paradigmas que essa geração de jovens pode romper é criar uma estratégia de vida financeira que seja sustentável", que não vai fazer com que a pessoa quebre no meio do caminho. "Para isso, os futuros investidores terão que aprender o quanto antes a serem preventivos e pró-ativos, em vez de só reativos, como, em grande medida, foram seus pais".

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