Entre Ustra e Dilma, Estado fica com torturador

"Ustra nega tortura e mortes e diz que Dilma era de grupo terrorista", diz a manchete principal do jornal O Estado de S.Paulo neste sábado; publicação optou por destacar a defesa do coronel reformado e ex-comandante do DOI-Codi em São Paulo à Comissão Nacional da Verdade, negada pelo vereador Gilberto Natalini ainda durante a sessão, que afirmou ter sido ele próprio torturado pelo militar

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247 – Num depoimento polêmico e raivoso, com direito a porradas na mesa, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra negou nesta sexta-feira 10 à Comissão Nacional da Verdade ter ocultado qualquer cadáver durante a ditadura militar. Mais: o ex-comandante do DOI-Codi em São Paulo afirmou que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar sob sua gerência – entre 1970 e 1974 – e acusou a presidente Dilma Rousseff de participar de "grupo terrorista".

Apesar de seu nome estar entre os mais citados em denúncias sobre tortura e outras violações de direitos humanos à época do regime militar no Brasil, o jornal O Estado de S.Paulo escolheu a sua defesa para estampar a manchete principal da edição deste sábado 11. Eis o título: "Ustra nega tortura e mortes e diz que Dilma era de grupo terrorista". Em seu depoimento, como relata a reportagem, Ustra ressalta que "lutou pela democracia" e que combatia o "terrorismo".

Sobre a chefe do Executivo, o texto cita que Dilma "fez parte de grupos de resistência à ditadura e foi presa em 1970", mas não menciona que ela foi perseguida, presa e torturada durante a ditadura. No início do mês, a presidente anunciou que doaria a indenização de R$ 20 mil que receberá pelos crimes dos quais foi vítima no período para a ONG Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro. Ela faz parte de uma lista de 170 beneficiados de um programa de indenização a perseguidos políticos e familiares de vítimas da ditadura.

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Vereador diz ter sido torturado por Ustra

A sessão da Comissão Nacional da Verdade foi marcada por momentos tensos envolvendo Ustra e o presidente da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, vereador Gilberto Natalini (PV-SP). Questionado sobre se teria torturado Natalini, em 1972, Ustra respondeu que não tinha nada a dizer e negou o fato. A negativa foi rebatida por Natalini que interrompeu a fala de Ustra aos gritos: "Sou um brasileiro de bem. O senhor é que é terrorista. Eu fui torturado pelo coronel Ustra".

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O discurso do ex-comandante do DOI-Codi paulista também foi rebatido pelo agora deputado estadual Adriano Diogo, que presidente a Comissão da Verdade Rubens Paiva na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo ele, que era estudante universitário quando foi preso em 1973, quem supervisionava tudo era Ustra e foi ele quem matou seu colega de classe Alexandre Vannuchi. "Ele é um assassino confesso, ele é um dos maiores verdugos da História do Brasil", disse o deputado (leia mais na reportagem da Rede Brasil Atual).

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