Ou Civita Neto muda ou terá mesma rejeição do pai

Alerta foi feito pelo jornalista Paulo Nogueira, ex-diretor do núcleo Exame, um dos mais importantes da Abril; segundo ele, a primeira semana de Victor ("Titi") Civita Neto à frente do conselho editorial foi muito ruim; "A revista que está nas bancas parece ter 150 anos de idade, e tomada dos preconceitos da senectude. Você vai ao site e vê Reinaldo Azevedo pedir cadeia para os jovens do Movimento Passe Livre", diz ele

Ou Civita Neto muda ou terá mesma rejeição do pai
Ou Civita Neto muda ou terá mesma rejeição do pai


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247 - O empresário Victor Civita Neto, novo presidente do conselho editorial da Abril, tem uma chance de resgatar a credibilidade do grupo. Caso não o faça, atrairá para si a mesma rejeição que tinha seu pai, Roberto Civita. Quem faz o alerta é jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, que já foi um dos principais diretores da Abril. Leia abaixo:

A primeira semana de Titi Civita à frente da Veja

A estreia mostrou que é necessário arejar a revista com urgência

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Por Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo

A vantagem de uma jornalista bem colocada sobre os demais brasileiros é que ela tem um imediato direito de resposta quando é vítima de um erro.

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Não depende da justiça.

Isso levou a um fato notável na mídia brasileira: a jornalista Mônica Bérgamo, colunista social da Folha, obteve instantaneamente um pedido de desculpas do jornalista Otavio Cabral, da Veja.

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Numa biografia de Zé Dirceu que está chegando às livrarias e que foi capa da Veja, Cabral errou ao situar o excelente texto de MB que narrava o preparativo de Dirceu, no final do ano, para enfrentar o que parecia ser a prisão iminente.

MB disse que o caso estava “completamente errado”. Dirceu, segundo o livro, a convidou para o que se prenunciava como uma espécie de última ceia.

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Foi ela que o procurou, veio a retificação.

No Twitter, MB apontou o equívoco e, depois, informou que o autor e a editora tinham concordado em repará-lo. E deu o assunto por encerrado para ela.

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Talvez para ela, mas para os demais brasileiros não. O caso merece ampla discussão pelo que revela além do erro.

Tiros previsíveis acabam não machucando

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Primeiro, o descompromisso com os fatos, sobretudo se eles são contra os suspeitos de sempre.

Ora, se o texto de MB foi tão importante para merecer citação no livro, por que não conversar com ela?

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Segundo o Twitter, Cabral é casado com Vera Magalhães, editora do Painel da Folha. Se é verdade, ele não teria sequer que procurar MB. Bastaria pedir que sua mulher checasse o caso com a colega.

Os brasileiros não têm o privilégio da reparação de erro que MB tem. Isso por causa de Ayres Britto, autor do prefácio do livro precocemente morto de Merval Pereira sobre o Mensalão.

Ayres Britto, no STF, desativou a Lei de Imprensa da ditadura militar, mas fez um serviço tão ruim que deixou as coisas bem piores do que eram.

Ele não cuidou que fosse preservado o direito de resposta. Segundo a recapitulação dos fatos, ele até pensou nisso, mas teria decidido tratar de outras coisas depois que a Folha publicou uma reportagem em que seu genro aparecia numa situação constrangedora.

Eis a nossa mídia, eis o nosso Supremo.

Você não precisa ler o livro de Cabral para saber que é uma paulada em Dirceu. Basta saber que ele trabalha na Veja.

E isso mitiga a força de qualquer ataque, porque ele tenderá a ser calcado em razões que vão muito além do jornalismo e da preocupação com os brasileiros.

Do mesmo modo, qualquer elogio que a Veja faça a Joaquim Barbosa será enfraquecido pela sua enorme vontade em fazer dele o que não é: um ex-menino pobre que mudou o Brasil.

A perda de influência da revista ao se tornar tão previsível nos afagos e chutes está estampada no último Datafolha.

Joaquim Barbosa. Numa simulação como candidato em 2014, teve 8% das intenções de voto. O alvo predileto da Veja, Lula, teve 55%, o que lhe daria vitória no primeiro turno.

A relativa surpresa da capa é que na primeira edição sob nova gestão o tom seja o mesmo.

Desde a morte do pai, o caçula Titi Civita comanda oficialmente o Conselho Editorial da Abril. Isso quer dizer que ele é o responsável pela voz da Veja.

A visão de Roberto Civita do governo e do Brasil contemporâneo – em suas coisas boas e ruins — já estava completamente comprometida por conta de uma guerra pessoal travada contra Lula.

Dada a popularidade de Lula, e a fragilidade de quase todas as acusações feitas contra ele nos últimos dez anos, Roberto Civita e a Veja se tornaram objeto de repulsa de muitos brasileiros.

Em seu obituário, a Forbes classificou a Veja como uma das publicações “mais detestadas do Brasil”.

Era de esperar que sob Titi, mais jovem, na casa dos 40, a revista se tornasse mais arejada e menos raivosa, condições essenciais para que se faça bom jornalismo.

O primeiro sinal é ruim. A revista que está nas bancas parece ter 150 anos de idade, e tomada dos preconceitos da senectude. Você vai ao site e vê Reinaldo Azevedo pedir cadeia para os jovens do Movimento Passe Livre.

Não há por onde escapar.

Considerada a dimensão da repulsa à linha da revista, abrir a janela é urgente – caso se entenda que a receita que vinha sendo seguida não traz bons resultados.

Me chamou a atenção, ao escrever sobre a morte de RC, o grau de ódio em tantos manifestantes.

Permanecendo as coisas como estão, Titi Civita logo atrairá para si a herança da rejeição que marcou os últimos anos de seu pai.

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