Globo e protestos: oportunismo e ambiguidade

Depois de colunista Arnaldo Jabor, na primeira hora, ter atacado marchas estudantis como coisa de vândalos, ele não apenas se retratou, mas também Patrícia Poeta, no Jornal Nacional, leu nota oficial da emissora da família Marinho em apoio aos protestos; nas ruas, porém, profissionais como o consagrado Caco Barcellos sofreram represálias; nos estúdios, âncoras e colunistas tratam movimento com candura, alimentando-o; hoje tem Globo Repórter; jogo duplo para salvar a própria pele e desestabilizar o governo?

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Globo e protestos: oportunismo e ambiguidade


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247 – Ambigüidade e oportunismo são as marcas da cobertura jornalística que a Rede Globo vai desenvolvendo em torno dos protestos que se multiplicam pelo País. Nas ruas, profissionais como o consagrado Caco Barcelos, autor do corajoso Rota 66, livro sobre crimes cometidos pela Rota, da PM paulista, foi escorraçado de duas passeatas em São Paulo razão do logotipo no microfone que portava. No Rio, outro profissional, Pedro Vêdeva, foi ferido na testa por um tiro disparado pela Polícia Militar. Da direção de jornalismo saiu a ordem, no início da semana, para repórteres cobrirem a identificação do microfone da emissora, como forma de evitar represálias, mas, mesmo assim, a insegurança perpassa todas as equipes do jornalismo global em envolvidas na cobertura. A sensação de medo de sair a campo é geral.

Os riscos de uma revolta anti-Globo ocorrer durante as manifestações levou a emissora a corrigir sua rota editorial. Com voz calma, tranquilidade e até informalidade, a dupla William Bonner e Patrícia Poeta vai conduzindo a cobertura do Jornal Nacional com uma candura inédita. Até mesmo com leves sorrisos, eles têm se mostrado satisfeitos em elogiar as marchas. Em editorial lido na segunda-feira 17, Patrícia manifestou com todas as letras a simpatia global pela iniciativa estudantil.

Ok, tudo lindo não fosse, ainda, a postura inicial da emissora frente ao movimento.

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A primeira manifestação de massa, em São Paulo, na quinta-feira 13, quando a PM – e não o movimento – feriu, também com balas de borracha, nada menos que sete jornalistas e fez dezenas de feridos entre os manifestantes, foi classificada como "coisa de vândalos" por ninguém menos que Arnaldo Jabor, o principal colunista emissora, com entradas regulares no Jornal Nacional. Mas o próprio Jabor, em seguida, teve de se corrigir, em nome de preservar o patrimônio global, que não resistiria ao oposicionismo praticado em rede nacional pelos principais quadros da emissora. Em São Paulo, no Bom Dia local, o apresentador Rodrigo Bocardi acompanha o tom ameno da cobertura, assim como a âncora Leilane Neubarth, na Globo News, também tece elogios ao movimento, apesar das situações fora de controle em tantos casos.

Ao ajustar seus ponteiros com a massa, passando a apoiá-la no meio das marchas, a Globo descobriu, ao mesmo tempo, uma boa forma de fustigar o governo. Ontem, o Jornal Nacional, em decisão inédita, quebrou a grade de programação, invadiu o horário da novela e deixou no ar as cenas de conflito em Brasília, às portas do Palácio do Planalto. Noutros momentos, quando interessa não mostrar o povo na rua, a Globo cumpriu seu papel. Foi assim, num caso histórico e emblemático, diante da campanha das Diretas Já, em 1984, quando a Globo se recusava a transmitir imagens de comícios com mais de 100 mil pessoas (antes da era da internet), como foi o da Praça da Sé, em São Paulo.

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Agora é diferente. Para proteger seu patrimônio, buscar a imagem de parceira do movimento e aproveitar para desgastar o governo, a Globo tem todas as suas câmaras abertas – e os melhores sorrisos de seus âncoras – para mostrar, ao seu modo, o que se passa neste momento no Brasil.

 

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