Anti-Dilma, Abril parte para agressão pura e simples

Num texto insólito até para os padrões da casa editorial de Giancarlo Civita, presidente Dilma recebe ataques em série, logo depois de falar num seminário para investidores internacionais; segundo a Abril, Dilma deu uma "aula de como espantar investidores"; detalhe: o Brasil é hoje um dos países que mais recebem investimentos externos diretos no mundo

Num texto insólito até para os padrões da casa editorial de Giancarlo Civita, presidente Dilma recebe ataques em série, logo depois de falar num seminário para investidores internacionais; segundo a Abril, Dilma deu uma "aula de como espantar investidores"; detalhe: o Brasil é hoje um dos países que mais recebem investimentos externos diretos no mundo
Num texto insólito até para os padrões da casa editorial de Giancarlo Civita, presidente Dilma recebe ataques em série, logo depois de falar num seminário para investidores internacionais; segundo a Abril, Dilma deu uma "aula de como espantar investidores"; detalhe: o Brasil é hoje um dos países que mais recebem investimentos externos diretos no mundo (Foto: Leonardo Attuch)


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247 - Que a Abril fez, faz e fará oposição sistemática a qualquer governo trabalhista, é ponto pacífico. Mas há situações que extrapolam. Ou textos que superam a já tradicional agressividade da casa.

Ontem à noite, depois que a presidente Dilma Rousseff falou num seminário a investidores internacionais e "vendeu" o Brasil como um país de grandes oportunidades, o site de Veja.com publicou um texto em que classificou a fala como uma "aula de como espantar investidores".

Mas qual teria sido o motivo? Dilma teria falado em rasgar contratos, em reduzir margens de lucro de empresários, em sobrepor o Estado ao mercado? Nada disso. No evento, ela afirmou que, mais do que os recursos, o governo brasileiro busca a gestão do setor privado. Disse ainda que as concessões ao setor privado sempre terão prioridade sobre as obras públicas e PPPs. E fez ainda uma defesa enfática da defesa aos contratos, com elogios até ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (leia aqui).

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No entanto, o editorial de Veja.com partiu para a agressão pura e simples, muito embora o Brasil seja hoje um dos principais destinos dos investimentos diretos no mundo. Leia abaixo:

Em NY, Dilma dá aula de como espantar investidores

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Presidente comparece a evento do Goldman Sachs - fato impensável anos atrás - e diz que 'não há risco jurídico no Brasil'

A presidente Dilma Rousseff mostrou, mais uma vez, nesta quarta-feira, que não só não simpatiza com investidores estrangeiros como também subestima sua inteligência. Dilma compareceu a um evento organizado pelo Goldman Sachs em Nova York para tentar atrair clientes do banco para investir em projetos de infraestrutura no Brasil. Sua ida ao evento, por si só, é coisa rara. A questão é que ela desperdiçou a oportunidade. Mais: ela piorou, como se ainda fosse possível, a avaliação que fundos e empresários de fora têm do Brasil nos últimos três anos. Em vez de aproveitar o evento para tentar quebrar o muro que separa o governo dos investimentos privados, a presidente aumentou sua extensão. Repetiu que o país vai muito bem, obrigada, que os projetos de infraestrutura são "muito rentáveis" para o setor privado e que "não há risco jurídico". 

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Para os investidores desavisados, dizer que o Brasil vai bem não é a maior das mentiras. Afinal, é fácil constatar que o país está em melhor situação que os endividados europeus ou que emergentes politicamente instáveis, como a Rússia. Contudo, colocar em evidência a atratividade das concessões de infraestrutura num momento em que planos fracassam, como no caso da BR-262, que não teve interessados, ou do trem-bala, que teve de ser engavetado por falta de consórcios, beira a ingenuidade — ou a falta de bom-senso. No leilão do campo de Libra, por exemplo, apenas onze empresas pagaram a taxa para participar. O governo esperava, pelo menos, quarenta. As gigantes do setor, como Chevron, BP e Exxon, preferiram não entrar. "Estamos colocando o investimento em infraestrutura como prioridade para o crescimento do país", disse a presidente, em Nova York.

Mas nada soou mais nocivo aos ouvidos dos que estavam presentes do que a afirmação de que o Brasil cumpre contratos e não representa qualquer risco jurídico para investidores. O erro começa na própria necessidade de a presidente fazer tal afirmação. Um país que respeita contratos não precisa se afirmar aos investidores porque o fato é percebido como ponto pacífico. O México, país latino-americano que vem sendo constantemente comparado ao Brasil, tem vindo a público anunciar reformas estruturais, e não dizer que respeita seus acordos.

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A afirmação feita por Dilma contradiz de forma desconcertante os três anos de seu governo marcados por insegurança jurídica. Para citar alguns casos, o acordo automotivo com o próprio México, que foi quebrado em 2011 — e foi para o lixo junto com o acordo de livre-comércio que vinha sendo costurado entre os dois países. Outro momento histórico de risco jurídico conduzido por ideologia protecionista foi o aumento de 30 pontos porcentuais no imposto sobre produtos industrializados (IPI) dos automóveis importados, também em 2011 — que prejudicou consumidores e feriu a competitividade da indústria. Mais tarde, houve o plano Inovar-Auto, que se propôs a flexibilizar o aumento do IPI para as montadoras que decidissem abrir fábricas no país. Tais mudanças fizeram com que empresas do setor paralisassem investimentos e reavaliassem seus planos para o Brasil, diante da insegurança. 

O risco jurídico mais nocivo para a imagem do país, no entanto, veio apenas no segundo semestre do ano passado, com as mudanças no setor elétrico. As novas regras — que obrigavam as empresas a abandonar as concessões caso não se submetessem a uma redução de tarifas forçada pelo governo — foram vistas pelo empresariado como o início da degradação de um dos segmentos econômicos mais previsíveis do país. E previsibilidade, no mundo dos negócios, é fator preponderante que Dilma parece desconhecer.

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