PML: Barbosa devia aprender com Chacrinha

Colunista da Istoé Paulo Moreira Leite diz que Joaquim Barbosa reclama de críticas de Lula mas já definiu STF como "maioria de circunstância" que decide com "argumentos pífios"; segundo ele, a Corte, em sua fase atual, poderia aprender uma nova versão da lição do velho Abelardo Chacrinha, que dizia que quem não comunica se estrumbica; ou “quem comunica também se estrumbica”

Colunista da Istoé Paulo Moreira Leite diz que Joaquim Barbosa reclama de críticas de Lula mas já definiu STF como "maioria de circunstância" que decide com "argumentos pífios"; segundo ele, a Corte, em sua fase atual, poderia aprender uma nova versão da lição do velho Abelardo Chacrinha, que dizia que quem não comunica se estrumbica; ou “quem comunica também se estrumbica”
Colunista da Istoé Paulo Moreira Leite diz que Joaquim Barbosa reclama de críticas de Lula mas já definiu STF como "maioria de circunstância" que decide com "argumentos pífios"; segundo ele, a Corte, em sua fase atual, poderia aprender uma nova versão da lição do velho Abelardo Chacrinha, que dizia que quem não comunica se estrumbica; ou “quem comunica também se estrumbica” (Foto: Roberta Namour)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – Diante do alvoroço que a declaração do ex-presidente Lula sobre o chamado ‘mensalão’ causou, o colunista da Istoé Paulo Moreira Leite lembra que o próprio Joaquim Barbosa já definiu STF como "maioria de circunstância" que decide com "argumentos pífios". Leia:

A JURISPRUDÊNCIA DE CHACRINHA

Joaquim Barbosa reclama de críticas de Lula mas já definiu STF como "maioria de circunstância" que decide com "argumentos pífios"

continua após o anúncio

A irritação do STF com as declarações de Lula sobre a AP 470 é compreensível. Ninguém gosta de ser criticado, muito menos por um político – o mais popular do país -- que falou palavras claras e duras sobre o julgamento.

Palavras que devem ser compreendidas como uma opinião política, direito fundamental assegurado pela Constituição.
Imaginar que uma decisão do STF não pode ser criticada e deve ser sacralizada contraria o comportamento do próprio tribunal, a começar pelo presidente do STF.

continua após o anúncio

Não custa lembrar.

No fim de fevereiro, quando o STF absolveu os réus pelo crime de formação de quadrilha, Joaquim Barbosa julgou-se no direito de fazer um pronunciamento, em pleno tribunal, onde empregou termos muito mais graves – alguns podem até ser considerados ofensivos – para se referir a decisão do plenário.

continua após o anúncio

Ele definiu os juízes que tomaram a decisão como “maioria de circunstância”.

Falta de respeito?

continua após o anúncio

Joaquim classificou os próprios embargos que permitiram a revisão -- aprovados com apoio do decano Celso de Mello -- como um “recurso à margem da lei.”

Disse que os ministros empregaram "argumentos pífios".

continua após o anúncio

Acusou os colegas de serem tomados por uma “sanha reformadora”. Sabe o que é sanha? “Rancor, desejo de vingança”, diz o Houaiss.

Joaquim não dava uma entrevista nem respondia a pergunta de jornalistas. Definiu sua fala como um “alerta a nação.”

continua após o anúncio

Usou termos rudes para se referir a um trabalho tão legítimo como o dele.

A menos que queria instituir um regime político no qual a judicializaçao inclui o direito de censura a uns e a liberdade a outros, a única reação coerente é aceitar que juízes, políticos, jornalistas, trabalhadores e 200 milhões de brasileiros possam dar sua opinião.

continua após o anúncio

O resto é puxa-saquismo e submissão, incompatíveis com a democracia.

É por isso que Eduardo Campos e Aécio Neves cometeram um erro feio quando saíram em publico para criticar Lula, mesmo de forma velada. Nem vamos falar que é uma postura inteiresseira, de quem quer ajuda de Joaquim para ganhar Ibope junto a determinados eleitores e fazer pinta de amigo da ordem. Não vamos ser deselegantes.

Nem vamos dizer que é uma forma de gentileza por parte de quem teve aliados -- como o ex-ministro tucano Pirmenta da Veiga -- que receberam dinheiro de Marcos Valério e ficaram de fora da AP 470. Pimenta, como se sabe, embolsou 300 000 reais -- e isso a Polícia Federal apontou logo no começo da investigação. O que aconteceu? Nada lhe aconteceu durante anos. Mais tarde, entrou no mensalão mineiro, tardiamente, de fininho...candidato certo a prescrição por idade. E claro, com direito a duplo grau de jurisdição, se for necessário.

Não é disso que estou falando. Vamos a substância.

Para quem afirma que as decisões do Supremo não podem ser discutidas, devem ser 100% cumpridas, eu pergunto: se pensam mesmo assim, quando é que eles vão pedir ao Supremo que cumpra a decisão que garantiu a José Dirceu o direito ao regime semi aberto? Tá demorando, vamos combinar.

A coragem para criticar Lula não é mesma para cobrar Joaquim?

Olha só: Dirceu nunca recebeu uma sentença que, transitada em julgado, o impedisse de sair do presídio para trabalhar. Nunca. Ou seja: nunca recebeu regime fechado como pena. No entanto, está lá, trancafiado na Papuda, desde 15 de novembro de 2013.

Já deu para perceber quem está “discutindo” a decisão do Supremo. Quem está "questionando", não apenas com palavras, mas atos. Imagine quem está discumprindo, Eduardo Campos.

Lula? Eu?

Ou o próprio presidente, inconformado com a derrota do rancor da maioria de circunstancia que aplicou um recurso a margem da lei.

Há outro aspecto. Um tribunal que não gosta de ver suas sentenças debatidas deveria ter outro comportamento. Deveria ser mais discreto, mais circunspecto e reservado. Repito que as decisões do STF e de qualquer outra corte podem e devem ser debatidas. Sem isso, a Justiça não avança. Se a população americana jamais discutisse decisões sobre o aborto ele jamais teria sido legalizado, certo?

O problema é outro, também. Nosso Supremo decidiu ser pop.

Nosso STF faz questão de televisionar os julgamentos ao vivo. Os juízes foram vistos, na AP 470, fazendo até piadinhas e comentários irônicos sobre os petistas. Pudemos assistir, várias vezes, o mesmo Joaquim Barbosa tendo modos grosseiros e furiosos contra seus colegas. E assim por diante.

Não adianta negar.

Não saíram máscaras de carnaval de Joaquim? Não teve gente que se achou no direito de chamar Ricardo Lewandovski de Livrandovwski? Ele não foi tratado com grosseria quando foi votar?

E então?

Estamos no mundo pop, gente. Pode ser vulgar, grosseiro, interesseiro, comercial.

Se queria ser tratado com a reverência de uma Suprema Corte americana, por exemplo, o STF deveria comportar-se de outra maneira, estabelecer outros códigos.

Jamais poderia tentar proibir o cidadão comum de comentar, criticar ou elogiar suas decisões. Isso, repito até cansar, Voltaire, é direito democrático.

Imagine: em 1964 o STF disse que a presidência estava vaga, dando base legal ao golpe. Não era correto dar opinião?
Imagine se todo mundo, agora, tivesse de concordar com a absolvição total de Fernando Collor e achar que não há nada de errado com a condenação completa do PT de Lula?

O STF em sua fase atual poderia aprender uma nova versão da lição do velho Abelardo Chacrinha, o patrono da moderna comunicação brasileira.

Chacrinha dizia que quem não comunica se estrumbica. Faltou entender a segunda lição; quem comunica também se estrumbica – quando passa a mensagem errada.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247