PML ironiza destaque da mídia aos protestos

Segundo o colunista da Istoé Paulo Moreira Leite, “na maioria dos protestos realizados do país, havia menos gente do que no Palácio do Planalto, às 15 horas da tarde de ontem, quando o governo, entidades patronais e as centrais sindicais – inclusive a Força Sindical – assinaram um acordo pelo trabalho decente durante a Copa do Mundo”

Segundo o colunista da Istoé Paulo Moreira Leite, “na maioria dos protestos realizados do país, havia menos gente do que no Palácio do Planalto, às 15 horas da tarde de ontem, quando o governo, entidades patronais e as centrais sindicais – inclusive a Força Sindical – assinaram um acordo pelo trabalho decente durante a Copa do Mundo”
Segundo o colunista da Istoé Paulo Moreira Leite, “na maioria dos protestos realizados do país, havia menos gente do que no Palácio do Planalto, às 15 horas da tarde de ontem, quando o governo, entidades patronais e as centrais sindicais – inclusive a Força Sindical – assinaram um acordo pelo trabalho decente durante a Copa do Mundo” (Foto: Roberta Namour)


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247 – O colunista da Istoé Paulo Moreira Leite criticou o excesso de atenção dos meios de comunicação aos protestos contra a Copa. Segundo ele, os atos têm intenção eleitoreira e mobilizaram menos pessoas do que solenidade no Planalto para assinatura de acordo com centrais sindicais sobre condições de trabalho no Mundial. Leia:

ANTI-COPA, ANTI-ELEIÇÀO & ANTI-JORNALISMO

Havia mais gente num ato do Planalto para anunciar condições de trabalho na Copa do que na maioria dos protestos anti-Copa

Só é possível entender a importância atribuída pelos meios de comunicação aos protestos anti-Copa, ontem, como parte do esforço para colocar o governo Dilma na defensiva quando faltam cinco meses para a eleição presidencial. É isso e só isso.

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Na maioria dos protestos realizados do país, havia menos gente do que no Palácio do Planalto, às 15 horas da tarde de ontem, quando o governo, entidades patronais e as centrais sindicais – inclusive a Força Sindical – assinaram um acordo pelo trabalho decente durante da Copa do Mundo.

Você pode achar burocrático. Mas veja as consequências práticas.

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No final do dia, em Brasília, grandes redes de alimentação e hoteis – estamos falando de Mac Donalds e Habibs, Accor, por exemplo – haviam firmado um acordo que, soube depois, era inédito no mundo.

Um total de 1600 empresas (o plano é chegar a 6000 nas próximas semanas), que empregam alguns dezenas de milhares de trabalhadores, firmou um compromisso para a Copa. Reforçar direitos trabalhistas, criar formas legais de evitar que trabalho temporário seja sinônimo de trabalho precário e impedir o avanço da exploração sexual de crianças e adolescentes, tão comum em situação desse tipo.

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Sabe a preocupação social? Sabe aquele esforço para impedir que a Copa transforme o país num grande bordel? Pois é.

Você pode até achar que tudo isso é café pequeno diante das imensas causas e carências do país. É mesmo. Também pode se perguntar para que falar de iniciativas modestas, limitadas, quando a rua arde em chamas de pneus revolucionários.

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São, definitivamente, iniciativas menos que reformistas, para falar em linguagem conhecida. Populistas, para usar um termo típico de quem não tem voto nem consegue comunicar-se com o povo. Eleitoreiras, é claro. Mas eu acho que os fatos de ontem ensinam muita coisa sobre o Brasil de hoje.

A menos que se acredite que em 2014 o Brasil se encontra às portas de uma revolução, numa situação que coloca questões econômicas como a expropriação dos meios privados de produção e criação de uma república de conselhos operários e populares, convém admitir que nossos meios de comunicação resolveram construir um embuste político em torno dos protestos e apresentar manifestações de rua fracassadas como se fosse um elemento da realidade.

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Não seja Ney Matogrosso: leia os orçamentos, compare os gastos, veja as prioridades. Entre no debate real.

Veja quem defende, a portas fechadas, as “medidas impopulares”. Quem já se rendeu ao capital financeiro e quer entregar o Banco Central – istoé, a moeda dos brasileiros – aos mercados, para que possam jogar com ela, especular, comprar e vender. Não acredite na lorota de austeridade, de defesa da moeda acima da política e dos interesses sociais em eterno conflito. O que se quer é mais cassino em vez de mais salário mínimo. (Quase rimou...)

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No cassino está o filé – que é sempre para poucos. E quando alguém falar no exemplo dos países desenvolvidos, recorde: no marmore da entrada do FED, o BC americano, está escrito que a instituição tem dois compromissos – defender a moeda do país e o emprego dos cidadãos. Lá, no coração do capitalismo, o BC tem essa função – ou missão, como dizem os RHs de hoje em dia. Toda luta pela independência do Fed consiste em lutar para revogar o compromisso com a defesa do emprego.

Numa conjuntura pré-eleitoral onde cada rua interrompida, cada pedrada, cada confronto desnecessário com a polícia e cada pequena labareda representa um desgaste das instituições políticas construídas democraticamente no fim da ditadura militar, o que se pretende é atingir um governo que toma medidas parciais mas concretas em defesa da maioria e favorecer uma restauração conservadora. O capítulo final do embuste -- por isso é embuste -- é este. Criar uma imagem, um borrão, um ruído, que embaralhe o debate da eleição.

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No país real de 2014, as alternativas são duas. E todos sabem quais são. E é por causa delas que a revolta polilcial do Recife, ontem, recebeu o tratamento de um episódio menor e passageiros, não é mesmo?

Na região Sudoeste de São Paulo, ontem, os trabalhadores cruzaram os braços em seis empresas. Mais tarde, avançaram por uma das pistas da Via Anchieta e fizeram o protesto por meia hora. Olha a falta de charme radical-televisivo dessa turma. Olha o tédio concreto de suas reinvindicações. A monotonia. Certíssimo.

Ligados a industria de auto-peças, querem a manutenção do IPI que ajuda a vender automóveis, até hoje o setor da industria que possui a cauda mais longa na produção de empregos diretos e indiretos. No país real, onde vive a maioria dos brasileiros, uma das prioridades é e sempre foi esta: emprego, que permite pagar a conta do fim do mes.

A reivindicação dos metalúrgicos não era improvisada. E nada tem a ver com anti-Copa, movimento que ignoram porque gostam de futebol, não querem perder a oportunidade de torcer pela seleção brasileira em seu próprio país e até admitem que os empregos que a Copa criou ajudaram no orçamento de amigos, parentes e vizinhos.

Os sindicatos querem sentar com os empresários e o governo para discutir medidas que a CUT e a Força Sindical trouxeram da Alemanha, onde trabalhadores, empresas e governo repartem custos que ajudam a manter o emprego mesmo nas situações que a economia esfria – esse tipo de pacto é um dos motivos que explica a vitória eleitoral de Angela Merkel, que não aplica contra seu povo a política de austeridade que exige dos países mais fracos da União Européia.

No mundo real, vivemos a época do capitalismo rastejante, como definiu um dos dirigentes políticos de minha juventude. Cada emprego é uma epopéia, todo benefício social é um suadouro, garantir um horizonte de segurança para a família é uma utopia.
O que nossos conversadores mais reacionários pretendem é um confronto com todas as armas – inclusive o embuste -- com um governo que, com todos os limites, falhas e erros clamorosos, tem conseguido aliviar o sofrimento dos mais pobres.

Numa fase da história em que a renda se concentra nos principais países do planeta, gerando uma desigualdade que bons estudiosos indicam como caminho seguro para novas catástrofes, até mais frequenets, o Brasil conseguiu avançar na direção contrária. O plano era fazer virar uma Grécia. Virou... o Brasil.

Vamos lembrar de 1964. Num país polarizado, com um governo que havia chegado no limite possíve, a revolta dos sargentos, e dos cabos, a radicalização dos camponeses, a campanha sistemática de denuncia dos políticos e do Congresso envolvia causas justas e corretas – mas seu efeito real foi abrir caminho para o golpe de Estado e uma derrota de 20 anos.

Lembrem de 1933, na Alemanha. Convencido de que havia chegado a hora do assalto ao poder, o Partido Comunista Alemão, orientado por Josef Stalin, estimulou uma política sectária de denúncia da social-democracia. Rompeu a unidade dos trabalhadores e passou a acusar os social-democratas de social-fascistas. O saldo foi Hitler – uma derrota que só seria revertida pela II Guerra Mundial.

A historia mudou bastante, de lá para cá. Mas convém entender que algumas lições permanecem.

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