Financial Times elogia criação do Banco dos BRICS
"Emergentes querem ir além do discurso", diz editorial do jornal de finanças britânico; publicação destacou, porém, que os objetivos da instituição continuam incertos: se eles serão um complemento ou um rival do Banco Mundial e do FMI
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Por Lara Rizério
SÃO PAULO - O jornal britânico Financial Times, após tecer algumas críticas em suas últimas reportagens sobre o Brasil, teceu elogios à iniciativa em fazer o banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em editorial desta segunda-feira.
Conforme aponta o jornal, os países que compõem o acrônimo querem fazer algo além do discurso. Porém, a publicação questiona se a intenção do grupo é criar uma instituição concorrente ou complementar as que já existem, como é o caso do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
"[...] Uma contrapartida interessante surgiu. Os Brics também anunciaram o acordo de US$ 100 bilhões de financiamento de emergência concebido para ajudar países emergentes a lidar com choques externos que lançam as suas economias para fora da rota", apontou.
Para o jornal, apesar de sinalizar que o Banco de Desenvolvimento dos BRICs pode ser um "competidor", a "história e realidade política, no entanto, sugerem que eles vão perder a coragem, e o banco vai acabar como um complemento e não um substituto".
O FT ressalta que o FMI aumentou a sua impopularidade em grande parte do mundo emergente - e, agora, na Europa Ocidental - com as condições que impõe aos empréstimos de emergência em meio às crises. Normalmente, pede aos governos para aplicar medidas impopulares, como cortar gastos ou aumentar impostos.
"Mas atrelar algum tipo de condição para os empréstimos é inevitável. Não será tarefa fácil para os BRICS determinar quais os choques realmente vêm de fora e precisam de amortecimento temporário, e quais vão precisar do tipo de mudanças políticas exigidas por um resgate do FMI", reforça o jornal. Por um lado, destaca, a queda nos preços globais dos alimentos é um choque negativo para a balança de pagamentos de um país exportador de commodities agrícolas, mas só um "tolo" continuaria indefinidamente a socorrer o país na fé cega de que os preços vão se recuperar, diz o jornal. Se não o fizerem, os gastos do governo podem ter que ser cortados e os impostos elevados para reequilibrar a economia.
Além disso, aponta, a criação das novas instituições deverá exigir um alinhamento das principais políticas econômicas dos emergentes. "Mesmo com todas as suas falhas, instituições como o FMI e o Banco Mundial são razoavelmente claras sobre quais princípios eles se direcionam e como eles serão implementados. Os BRICS, que possuem abordagens muito diferentes para a política fiscal, a desregulamentação financeira e de gestão macroeconômica, terão que ter uma abordagem consistente e semelhante. Isso não foi feito até agora", afirma o jornal.
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