Merval: "Santander tem obrigação de orientar clientes"

Colunista diz que o que é "inaceitável" no caso Santander, ao contrário do que disse a presidente Dilma Rousseff, "é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país"; Merval Pereira criticou o que chama de "assédio moral" e "pressão indevida sobre instituições privadas", citando também a Empiricus

Colunista diz que o que é "inaceitável" no caso Santander, ao contrário do que disse a presidente Dilma Rousseff, "é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país"; Merval Pereira criticou o que chama de "assédio moral" e "pressão indevida sobre instituições privadas", citando também a Empiricus
Colunista diz que o que é "inaceitável" no caso Santander, ao contrário do que disse a presidente Dilma Rousseff, "é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país"; Merval Pereira criticou o que chama de "assédio moral" e "pressão indevida sobre instituições privadas", citando também a Empiricus (Foto: Gisele Federicce)


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247 - Como a presidente Dilma Rousseff, o colunista Merval Pereira também classifica de "inaceitável" o episódio do Santander, que emitiu comunicado a seus clientes de alta renda no Brasil para alertar sobre o risco à economia se Dilma for reeleita. Segundo ele, porém, o que é inaceitável "é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país". Merval também cita o caso da consultoria Empiricus e fala em "assédio moral" e "pressão indevida sobre instituições privadas" por parte da presidente. Leia abaixo:

O estado e o capitalismo

Concordo com a presidente Dilma, que classificou ontem o que está acontecendo no mercado financeiro de inadmissível e lamentável, mas tenho a visão oposta à dela: o que é inaceitável é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país. Sobretudo uma instituição financeira, que tem a obrigação de orientar clientes para que invistam seu dinheiro da maneira mais rentável ou segura possível.

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Numa democracia capitalista como a nossa, que ainda não é um capitalismo de Estado como o chinês - embora muitos dos que estão no governo sonhem com esse dia -, acusar um banco ou uma financeira de terrorismo eleitoral, por fazerem uma ligação óbvia entre a reeleição da presidente Dilma e dificuldades na economia, é, isso sim, exercer uma pressão indevida sobre instituições privadas.

Daqui a pouco vão impedir o Banco Central de divulgar a pesquisa Focus, que reúne os grandes bancos na previsão de crescimento da economia, pois a cada dia a média das análises indica sua redução, agora abaixo de 1% este ano.

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Outro dia, escrevi uma coluna sobre a influência da economia nos resultados eleitorais, e o incômodo que a alta cúpula petista sentia ao ver análises sobre a correspondência entre os resultados das pesquisas eleitorais e os movimentos da Bolsa de Valores: quando Dilma cai, a Bolsa sobe.

Essa constatação, fácil de fazer e presente em todo o noticiário político do país nos últimos dias, ganhou ares de conspiração contra a candidatura governista e gerou intervenções de maneiras variadas do setor público no privado. O Banco Santander foi forçado a pedir desculpas pela análise enviada a investidores sugerindo que prestassem atenção às pesquisas eleitorais, pois, se a presidente Dilma estancasse a queda de sua popularidade ou a recuperasse, os efeitos imediatos seriam a queda da Bolsa e a desvalorização cambial. E vice-versa.

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O presidente do PT, Rui Falcão, já havia demonstrado que o partido governista não se contenta com um pedido de desculpas formal, como classificou a presidente Dilma: A informação que deram é que estão demitindo todo o setor que foi responsável pela produção do texto. Inclusive gente de cima. E estão procurando uma maneira de resgatar o que fizeram. Ontem, na sabatina do UOL, a presidente Dilma disse, em tom ameaçador, que terá uma conversa com o CEO do Banco Santander.

Mas não foi apenas o Banco Santander que sofreu esse assédio moral por parte do governo. Também a consultoria de investimentos Empiricus Research foi acusada pelo PT de campanha eleitoral em favor do candidato oposicionista Aécio Neves, tendo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatado o pedido para que fossem retirados do Google Ads anúncios bem-humorados do tipo Como se proteger de Dilma e E se Aécio ganhar.

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Justamente é este o ponto. A cada demonstração de autoritarismo e intervencionismo governamental, mais o mercado financeiro rejeita uma reeleição da presidente Dilma, prepara-se para enfrentá-la ou comemora a possibilidade de que não se realize. Isso acontece simplesmente porque o mercado é essencialmente um instrumento da democracia, como transmissor de informações e expressão da opinião pública.

Atitudes como as que vêm se sucedendo, na tentativa de controlar o pensamento e a ação de investidores, só reforçam a ideia de que este é um governo que não tem a cultura da iniciativa privada, e não lida bem com pensamentos divergentes, vendo em qualquer crítica ou mesmo análise uma conspiração de inimigos que devem ser derrotados.

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Um dos sócios da consultoria Empiricus Research, Felipe Miranda, afirmou em entrevistas que não se intimidará, e fez uma constatação óbvia. O que já vínhamos falando aos nossos clientes sobre a gestão do governo e a condução da política econômica só piorou com esse cerceamento.

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