Blecaute vira apagão com torcida por racionamento

O corte de luz programado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, determinado em razão dos picos de consumo decorrentes do calor excessivo, reacendeu uma esperança na imprensa brasileira: a de que o governo da presidente Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, decrete um racionamento, nos moldes do que foi adotado pelo ex-presidente FHC em 2000; manchete do Globo prevê novos apagões e especialista entrevistado pelo Valor e pelo Estado de S. Paulo aposta na possiblidade de racionamento

O corte de luz programado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, determinado em razão dos picos de consumo decorrentes do calor excessivo, reacendeu uma esperança na imprensa brasileira: a de que o governo da presidente Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, decrete um racionamento, nos moldes do que foi adotado pelo ex-presidente FHC em 2000; manchete do Globo prevê novos apagões e especialista entrevistado pelo Valor e pelo Estado de S. Paulo aposta na possiblidade de racionamento
O corte de luz programado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, determinado em razão dos picos de consumo decorrentes do calor excessivo, reacendeu uma esperança na imprensa brasileira: a de que o governo da presidente Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, decrete um racionamento, nos moldes do que foi adotado pelo ex-presidente FHC em 2000; manchete do Globo prevê novos apagões e especialista entrevistado pelo Valor e pelo Estado de S. Paulo aposta na possiblidade de racionamento (Foto: Leonardo Attuch)


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247 - O corte de luz ocorrido ontem em dez estados brasileiros, provocado por uma sobrecarga no sistema, em razão do consumo excessivo decorrente do recorde de calor nas capitais brasileiras, reacendeu uma esperança na oposição e em seus braços nos meios de comunicação: a de que a presidente Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, decrete um racionamento, assim como fez o ex-presidente FHC, em 2000.

No Estado de S. Paulo e no Valor (joint-venture entre os grupos Folha e Globo), a estrela do dia é o consultor Mario Veiga, que aponta o risco "cada vez maior" de racionamento em 2015. No Globo, a manchete do dia também prevê novos apagões ao longo do ano, o que tem sido descartado pelo governo. Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, não faltará energia, mas ela ficará mais cara, em razão do acionamento das térmicas, uma vez que os reservatórios das hidrelétricas estão vazios.

Para a oposição, um eventual racionamento seria uma vitória simbólica em relação a Dilma, uma vez que um de seus grandes trunfos, nas campanhas presidenciais de 2010 e 2014 foi o de ter evitado apagões como o de 2000, com o planejamento da expansão do setor elétrico, com obras como as usinas do Madeira, de Belo Monte e de Angra 3, além dos programas de energias renováveis.

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Por enquanto, o que aconteceu no Brasil em 2015 foi apenas um blecaute, mas a torcida de setores da mídia por racionamento é evidente.

Leia, abaixo, reportagem da Reuters:

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Por Anna Flávia Rochas e Leonardo Goy

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Um apagão orquestrado atingiu pelo menos 10 Estados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, na tarde desta segunda-feira, após o aumento na demanda por energia no horário de pico, aliado a um problema em uma linha de transmissão entre o Norte e o Sul do país, ter desequilibrado condições de operação do sistema elétrico do país

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Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico, o desequilíbrio fez o órgão exigir que distribuidoras de energia fizessem um corte seletivo no fornecimento para restabelecer as suas condições normais. O corte atingiu cerca de 5 por cento da carga do sistema nacional, segundo ONS.

Os Estados atingidos pela medida foram São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal.

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Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ocorreu um problema em um banco de capacitores em uma linha de transmissão operada por Furnas, empresa do sistema Eletrobras, durante um pico de consumo.

“Queremos mais esclarecimentos para entender em que este problema deste equipamento pode ter interferência na frequência (do sistema elétrico)”, disse.

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Apesar de o problema ter ocorrido durante um pico de consumo, Braga disse que, se não fosse o problemas técnico, não haveria corte de energia. 

“Esse pico de consumo aconteceu na semana passada, todos os dias, e não tivemos nenhum problema”, afirmou Braga.

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Segundo o ministro, o corte de energia totalizou o equivalente a mil megawatts (MW).

Além de ter causado o blecaute, o incidente derrubou as ações de empresas do setor na bolsa de valores paulista e causou uma série de transtornos, como falhas em sistemas de transporte público.

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"Restrições na transferência de energia das Regiões Norte e Nordeste para o Sudeste aliadas à elevação da demanda no horário de pico, provocaram a redução na frequência elétrica", disse o ONS em nota.

Em seguida, houve o desligamento de unidades geradoras de energia em 10 usinas do país, incluindo a nuclear Angra I, totalizando 2.200 megawatts (MW). Com isso, houve a redução da frequência da eletricidade do normal de 60 para 59 Hertz (Hz).

Segundo um especialista em setor elétrico do governo federal que pediu para não ser identificado, quedas de frequência ocorrem quando há algum tipo de desequilíbrio, mesmo que momentâneo, entre a oferta e a demanda.

A fonte acrescentou que o Sudeste brasileiro vive hoje uma situação delicada porque sua geração de energia está reduzida por conta da falta de água nos reservatórios das hidrelétricas. Com isso, a região está dependendo da importação de energia do Nordeste e do Sul para cobrir todo seu consumo.

Além do baixo nível das represas, o incidente aconteceu num momento de crescente temor de racionamento de energia no país por conta de chuvas abaixo da média histórica e temperaturas recordes nas regiões em que ficam importantes usinas geradoras de eletricidade e centros de consumo de energia.

Segundo a Climatempo, o fim de semana registrou recordes de calor em diversas capitais brasileiras, algo que se repetiu nesta segunda-feira. A capital paulista, por exemplo, registrou 36,6 graus de temperatura máxima, maior de 2015 e a quarta maior para um mês de janeiro na história das medições, em 1943.

Altas temperaturas motivam o maior consumo de eletricidade pelo uso de equipamentos de refrigeração.

Na sexta-feira, boletim do ONS reduziu para 18,5 por cento a estimativa de nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste do país no fim de janeiro, diante da perspectiva de menos chuva que o esperado anteriormente para este mês. 

ALÍVIO DE CARGA

O maior corte individual de carga divulgado até o momento ocorreu na Eletropaulo, empresa que distribui energia na Grande São Paulo. O corte na empresa foi de 700 megawatts (MW) ou 10 por cento de sua demanda. Nem todas as distribuidoras informaram o volume de carga de energia afetado.

Na capital paulista, as operações da Linha Amarela do metrô foram atingidas por problema na alimentação de energia pouco depois das 14h30, que causou parada de trem entre as estações Luz e República, obrigando os passageiros a descerem de trens na própria via para chegarem à estação. A linha é utilizada por cerca de 700 mil pessoas diariamente.

O corte seletivo de carga ocorreu dentro do denominado Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac), sistema de proteção coordenado pelo ONS que determina às concessionárias de energia elétrica cortes em estágio, com o objetivo de preservar o fornecimento do sistema, informou a CPFL Energia CPFE3.SA.

As distribuidoras gradualmente restabeleceram o fornecimento de energia em áreas atingidas pelos cortes, que não teriam alcançado locais prioritários como hospitais e indústrias, disseram algumas das concessionárias de eletricidade.

Houve corte total de 800 MW em áreas de concessão da CPFL no interior de São Paulo e no Rio Grande do Sul, de 320 MW na área da Copel (PR), de 500 MW na Light (RJ), 185 MW na Cemat (MT), 39 MW na Enersul (MS), 113 MW na CEB (DF), 150 MW na Celesc (SC), entre outras áreas.

MERCADO ACIONÁRIO

As ações de empresas elétricas aceleraram a queda na Bovespa no fim da tarde, após as primeiras notícias sobre o corte de energia.

O índice que reúne papéis do setor IEE recuou 4,61 por cento, aos 25.314 pontos, terminando o pregão perto da mínima do dia, equanto o Ibovespa fechou em queda de 2,6 por cento.

Entre as companhias, Cemig, Light e CPFL caíram entre 6,4 e 7,3 por cento.

(Reportagem adicional de Eduardo Simões)

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