É papel de um jornal dar ultimato a um governo?

Otávio Frias Filho, um dos donos da Folha de S. Paulo, acredita que sim e foi isso o que ele fez, neste domingo, ao conceder à presidente Dilma Rousseff sua "última chance" de se manter no cargo para o qual foi eleita com 54 milhões de votos; no editorial de primeira página, fora dos padrões da Folha, Otavinho cobrou de Dilma que promova um corte draconiano das despesas do Estado; caso contrário, ele sugere que passará a apoiar seu impedimento; para um jornal que carrega a mancha de ter colaborado com a ditadura militar, não pega nada bem ameaçar contribuir para a deposição de uma presidente legitimamente eleita; aliás, se Dilma não aceitar as ordens de Frias, o que ele fará? Apontará os canhões da Barão de Limeira para o Palácio do Planalto?

Otávio Frias Filho, um dos donos da Folha de S. Paulo, acredita que sim e foi isso o que ele fez, neste domingo, ao conceder à presidente Dilma Rousseff sua "última chance" de se manter no cargo para o qual foi eleita com 54 milhões de votos; no editorial de primeira página, fora dos padrões da Folha, Otavinho cobrou de Dilma que promova um corte draconiano das despesas do Estado; caso contrário, ele sugere que passará a apoiar seu impedimento; para um jornal que carrega a mancha de ter colaborado com a ditadura militar, não pega nada bem ameaçar contribuir para a deposição de uma presidente legitimamente eleita; aliás, se Dilma não aceitar as ordens de Frias, o que ele fará? Apontará os canhões da Barão de Limeira para o Palácio do Planalto?
Otávio Frias Filho, um dos donos da Folha de S. Paulo, acredita que sim e foi isso o que ele fez, neste domingo, ao conceder à presidente Dilma Rousseff sua "última chance" de se manter no cargo para o qual foi eleita com 54 milhões de votos; no editorial de primeira página, fora dos padrões da Folha, Otavinho cobrou de Dilma que promova um corte draconiano das despesas do Estado; caso contrário, ele sugere que passará a apoiar seu impedimento; para um jornal que carrega a mancha de ter colaborado com a ditadura militar, não pega nada bem ameaçar contribuir para a deposição de uma presidente legitimamente eleita; aliás, se Dilma não aceitar as ordens de Frias, o que ele fará? Apontará os canhões da Barão de Limeira para o Palácio do Planalto? (Foto: Leonardo Attuch)


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247 – Imagine o que aconteceria se Rupert Murdoch, dono do Wall Street Journal, resolvesse dar um ultimato público ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama? Ou você faz o que eu mando, Obama, ou pula fora da Casa Branca – não, apesar de toda a fortuna e o poder de que dispõe, nem Murdoch chegaria a tanto.

Porém, guardadas as proporções, foi isso o que fez o empresário Otávio Frias Filho, um dos donos da Folha de S. Paulo, ao publicar, neste domingo, um editorial que "concede" a Dilma aquela que seria sua "última chance" de se manter no cargo para o qual foi eleita com 54 milhões de votos.

No texto, Frias Filho, que não teve nenhum voto, dá diversas ordens a Dilma:

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– Medidas extremas precisam ser tomadas...

– Cortes nos gastos terão que ser feitos com radicalidade sem precedentes...

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– A contenção de despesas deve se concentrar em benefícios perdulários da Previdência...

– As circunstâncias dramáticas também demandam um desobrigação parcial e temporária dos gastos compulsórios em saúde e educação...

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Entre outras medidas, o dono da Folha exige ainda a contenção dos salários dos servidores públicos, num pacote que prevê a redução drástica do Estado brasileiro – em especial dos seus gastos sociais.

Sem entrar no mérito do diagnóstico da Folha, o que aconteceria com a presidente Dilma se não seguisse as ordens ditadas da Avenida Barão de Limeira, no centro de São Paulo, onde está a sede do jornal?

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"Serão imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade, a iniciativas desse tipo. O país, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa", diz Frias Filho.

Ou seja: ou Dilma aceita ser sequestrada pela agenda econômica da Folha de S. Paulo ou o jornal apoiará sua deposição – ainda que ela tenha sido eleita, de forma legítima, há menos de um ano.

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Nada mal para um jornal que ainda não curou as feridas de um passado ainda recente, quando apoiou a ditadura militar não apenas em seus editoriais, mas também emprestando veículos para a repressão.

Aparentemente, Dilma ainda não se rendeu. Na reunião ministerial de ontem, determinou cortes entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões no orçamento federal – muito pouco para saciar a fome da Folha. E pode até ser que o editorial deste domingo tenha efeito inverso ao desejado por quem o redigiu.

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