Ao tentar blindar Cunha, jornalismo da Globo coleciona vexames

Jornalista Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual, analisa a cobertura da Globo sobre as recorrentes delações contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB); segundo ela, o Jornal Nacional atua "como a própria assessoria de imprensa do deputado" ao não aprofundar as denúncias e sem fazer apuração própria; "Parece até estar se justificando ao amigo Cunha", diz; "A TV dos Marinho parece manter acordo com Eduardo Cunha e "terceiriza" acusações contra presidente da Câmara", ressalta

Jornalista Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual, analisa a cobertura da Globo sobre as recorrentes delações contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB); segundo ela, o Jornal Nacional atua "como a própria assessoria de imprensa do deputado" ao não aprofundar as denúncias e sem fazer apuração própria; "Parece até estar se justificando ao amigo Cunha", diz; "A TV dos Marinho parece manter acordo com Eduardo Cunha e "terceiriza" acusações contra presidente da Câmara", ressalta
Jornalista Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual, analisa a cobertura da Globo sobre as recorrentes delações contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB); segundo ela, o Jornal Nacional atua "como a própria assessoria de imprensa do deputado" ao não aprofundar as denúncias e sem fazer apuração própria; "Parece até estar se justificando ao amigo Cunha", diz; "A TV dos Marinho parece manter acordo com Eduardo Cunha e "terceiriza" acusações contra presidente da Câmara", ressalta (Foto: Valter Lima)


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Helena Sthephanowitz, para a RBA - Em depoimento na sexta-feira (25) aos investigadores da Operação Lava Jato, João Augusto Henriques, preso como operador do PMDB, afirmou ter aberto uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo Henriques, o pagamento teria sido ordenado por Felipe Diniz, filho do falecido deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG). A propina seria ligada à negociação de um campo de petróleo em Benin, na África, pela diretoria internacional da Petrobras, onde Cunha teria influência na época.

A notícia foi publicada primeiro no jornal O Estado de S. Paulo. Diante da grande repercussão, no sábado (26) o Jornal Nacional foi obrigado a reproduzir trechos do jornal impresso, sem fazer qualquer apuração própria. Os fatos até foram narrados de acordo com a notícia original, mas a chamada e principalmente a conclusão da matéria foram mais um vexame jornalístico da TV Globo.

O telejornal soltou esta pérola ao vivo e em cores para encerrar a matéria: "O Jornal Nacional não conseguiu falar com Eduardo Cunha sobre a nova denúncia, mas quando foi citado pelo delator Júlio Camargo como destinatário de US$ 5 milhões, Cunha disse que desmentia com veemência o que chamou de 'mentiras do delator'".

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Traduzindo: Eduardo Cunha e sua assessoria fugiram de dar explicações sobre a nova denúncia, então o JN "vestiu a camisa do deputado" e publicou uma resposta antiga de uma denúncia anterior.

Isso não é jornalismo. O JN agiu como a própria assessoria de imprensa do deputado. Não é a primeira vez, como já mostramos em nota anterior aqui na Rede Brasil Atual.

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Diante disso fica a pergunta: que acordo tem a TV Globo com Eduardo Cunha para dar tanto vexame jornalístico?

Quase toda a imprensa tradicional blindou Cunha quando ele se lançou candidato à presidência da Câmara dos Deputados, ignorando episódios polêmicos de sua biografia. Mas, a partir de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, persistiu em investigá-lo, a cada dia surgem fatos novos que complicam a situação do parlamentar. Fica cada vez mais difícil, pra não dizer impossível, esconder a investigação no noticiário.

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Ontem (28), a Folha de S.Paulo desengavetou outra "novidade" antiga. Publicou que Cunha é investigado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por ter recebido dinheiro desviado do Prece – fundo de pensão da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) do Rio de Janeiro – entre 2003 e 2006.

A "novidade" é antiga porque a processo na CVM foi aberto em 2012. Será que se a Folha tivesse publicado antes da eleição para presidente da Câmara, em fevereiro deste ano, Cunha teria chegado a presidente da Casa?

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Na noite de ontem, novamente o Jornal Nacional reproduziu a notícia da Folha, também sem fazer apuração própria. Parecia até estar se justificando ao "amigo" Cunha: "Foi a Folha que soltou, então não teve como abafar".

É assim que vemos a imprensa tradicional se comportando como os ratos que abandonam o navio quando começa o naufrágio. Enquanto Cunha estava em ascensão, o bajulava, blindava e mantinha seu passado engavetado. Só quando despontou a real ameaça de cair em desgraça começaram a desengavetar os malfeitos sabidos há tempos.

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Notícias desses desvios no Prece existem desde 2006, quando este fundo de pensão foi investigado na CPI dos Correios. O que seria novidade de fato é porque ainda "não veio ao caso" até hoje uma investigação séria feita pela Procuradoria-Geral da República, mesmo havendo um processo administrativo aberto há três anos na CVM.

Mas isso nenhum jornal da imprensa tradicional quer saber. Ainda.

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