Kotscho: FHC e Lula em seus labirintos e a vida privada
Jornalista defende, em seu blog, que não sejam investigadas as vidas privadas de políticos exceto quando há um tangenciamento discutível com o interesse público, como disse a colunista do 247 Tereza Cruvinel; "É este o ponto a ser investigado e esclarecido, com provas concretas e testemunhos confiáveis, e não com vazamentos seletivos e suposições. O resto é a velha guerra política para provar quem é mais ou menos honesto, um festival de hipocrisia suprapartidária", diz ele
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Por Ricardo Kotscho, em seu blog
Alguns leitores me pediram nos últimos dias para comentar denúncias envolvendo os ex-presidentes Lula e FHC. A um deles, H. Menon Jr., que me escreveu às 10h14 de quinta-feira, dei uma resposta que vale para todos:
"Tenho por norma de conduta como jornalista não tratar da vida privada de políticos nas análises que faço. Isto vale para políticos de qualquer partido. Quanto ao tratamento seletivo da mídia sobre os casos que vêm (ou não) a público, acho que cada um é responsável pelo que faz (ou não). Ao contrário de muitos colegas, não pretendo exercer a função de advogado, promotor ou juiz. Jornalismo é Jornalismo, Justiça é Justiça, cada um no seu papel".
Como repórter, não cabe a mim defender, acusar nem julgar ninguém. Limito-me a relatar e comentar fatos de interesse público, mostrando todos os lados para que os leitores, internautas e telespectadores possam fazer seus próprios julgamentos sobre os principais acontecimentos e personagens do País em que vivemos, como sempre diz o Heródoto Barbeiro.
Nestas três décadas que acabamos de completar na reconquista da democracia, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva nos governaram por 16 anos, ou seja, mais da metade do período, e já fazem parte da História. Com origens e trajetórias de vida bem diversas, ambos promoveram profundas mudanças econômicas e sociais.
As dificuldades que enfrentam agora em seus labirintos pessoais têm um ponto em comum: as relações de negócios com empresas privadas, que supostamente os teriam beneficiado. Só Lula e FHC podem fazer a defesa de FHC e Lula para responder pessoalmente aos questionamentos que lhes são feitos e não por meio de notas divulgadas por seus institutos. Quanto antes, melhor para eles.
"Pessoalmente, defendo com fervor o respeito à privacidade das pessoas públicas, exceto quando há um tangenciamento discutível com o interesse público", escreveu a respeito minha colega Tereza Cruvinel, em sua coluna no site do 247, e eu concordo com ela.
É este o ponto a ser investigado e esclarecido, com provas concretas e testemunhos confiáveis, e não com vazamentos seletivos e suposições: de que forma atos dos dois ex-presidentes podem ter ferido _ ou não _ o interesse público. O resto é a velha guerra política para provar quem é mais ou menos honesto, um festival de hipocrisia suprapartidária protagonizado por setores políticos, jurídicos e midiáticos em defesa dos seus interesses e da busca de manchetes.
Um bom final de semana a todos.
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