Estadão, que antes detonava Moraes, agora ajoelha e diz amém
O jornal Estado de S.Paulo, que vinha criticando o ex-ministro da Justiça desde antes da crise dos presídios, chegando a chamá-lo de "insustentável" no cargo, já mudou o tom em relação a Alexandre de Moraes; em editorial nesta quarta-feira, o periódico dos Mesquita avaliza a escolha de Michel Temer, mostrando qual deve ser o tom da cobertura
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
247 - O jornal Estado de S.Paulo, que vinha criticando o ex-ministro da Justiça desde antes da crise dos presídios, chegando a chamá-lo de "insustentável" no cargo, já mudou o tom em relação a Alexandre de Moraes. Em editorial nesta quarta-feira, o periódico dos Mesquita avaliza a escolha de Michel Temer, mostrando qual deve ser o tom da cobertura.
Confira abaixo trechos dos dois textos.
Quanto à qualificação política de Moraes, há quem considere que se trata de questão impertinente à nomeação de um ministro togado. O cargo, de fato, exige independência político-partidária de quem o ocupa. Mas de um ministro do Supremo se exige, simultaneamente, que tenha, muito claros, pensamento e ação política em sentido amplo, de visão do mundo. Já há quem esteja argumentando – muitos com motivação exatamente político-partidária – que Alexandre de Moraes não pode ser ministro do STF porque é militante tucano. De fato, para tomar posse na Suprema Corte depois de ter seu nome aprovado pelo Senado, o indicado de Temer terá que se desligar do PSDB. Da mesma forma como Dias Toffolli precisou se afastar, formalmente, do PT quando foi nomeado por Lula. O mesmo já ocorrera, dentre outros, com os ministros Paulo Brossard e Nelson Jobim, ambos inscritos no PMDB. A história da Suprema Corte está repleta de exemplos de políticos que, para ela nomeados, tornaram-se juízes exemplares pela imparcialidade.
O que deve existir e persistir, repetimos, é uma condição política lato sensu que não pode ser ignorada, em qualquer tempo, por qualquer presidente, na escolha de ministros da Suprema Corte. Uma sociedade democrática é aquela em que divergências são naturais, desejáveis, e é próprio do líder democrata politicamente competente saber buscar o entendimento, preservar a unidade na diversidade. Um dos fatores preponderantes dessa escolha é a identidade de pontos de vista – de visão de mundo – compartilhada pelo presidente e pelo indicado. E isso não é um vício do sistema – é, antes, uma garantia de estabilidade. Temer assegurou-se disso também por meio de amplas consultas, de modo especial, nos círculos partidários e judiciários. Observou tranquilamente a multiplicação de candidatos promovidos pelos interesses mais diversos – e, repetimos, eles foram muitos – e chegou às suas próprias conclusões. Se acertou, o futuro dirá.
O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, não tem mais condições de permanecer no cargo, se é que algum dia as teve. Seu despreparo para tão importante função já estava claro havia algum tempo, mas o episódio em que ele antecipou a realização de operações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Lava Jato, justamente na véspera da prisão do ex-ministro petista Antonio Palocci, teria de servir como gota d’água para sua dispensa, em razão de tão gritante imprudência. Infelizmente, porém, o presidente Michel Temer, sabe-se lá por que razões, preferiu contemporizar, correndo o risco de ter de enfrentar novas crises em razão do comportamento irresponsável de Moraes. No momento em que precisa demonstrar ao País que seu governo está à altura do desafio de superar o desastre herdado da administração lulopetista, Temer não pode ter ministros que sofrem de incontinência verbal e exploram a visibilidade de seus cargos de maneira oportunista.
É bom que se diga, desde já, que não há nenhuma razão para concluir que Alexandre de Moraes tinha mesmo alguma informação privilegiada a respeito da operação que prendeu o ex-ministro Palocci. Embora a Polícia Federal lhe seja subordinada, o ministro da Justiça não tem acesso antecipado a detalhes das operações em curso, conforme informou a PF em nota. Somente “nos casos que possam demandar sua atuação”, diz a nota, é sugerido ao ministro apenas “que não se ausente de Brasília”. Segundo a PF, esse foi o padrão nas “quase 500 operações deflagradas este ano”, em que “somente as pessoas diretamente responsáveis pela investigação têm conhecimento de seu conteúdo”.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247