Bolsonaro não aceitar que a KKKlan o apoie não muda o fato de que ela o apóia

"Nada mais antimarketing que ser o candidato de uma organização racista que, até poucos anos atrás, notabilizava-se por pendurar negros em postes e queimá-los vivos. Tanto não é popular assumir isso que os integrantes da KKK, quase todos, usam capuzes", diz o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço

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Por Fernando Brito, do Tijolaço - Jair Bolsonaro diz ter recusado hoje o apoio  manifesto do dirigente do grupo racista norte-americano Ku Klux Klan (KKK), David Duke.

É evidente que, gostando ou não disso, teria de recusar.

Nada mais antimarketing que ser o candidato de uma organização racista que, até poucos anos atrás, notabilizava-se por pendurar negros em postes e queimá-los vivos.

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Tanto não é popular assumir isso que os integrantes da KKK, quase todos, usam capuzes.

O significativo nesta história é a turma da KKK identificar-se com o ex-capitão:

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Ele se parece com qualquer homem branco nos EUA, em Portugal, na Espanha, Alemanha ou França. E ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Brasil”.

É óbvio que chegaram aos ouvidos da turma de capuzes brancos as declarações de cunho racista feitas pelo candidato do PSL, como aquela em que disse, falando dos quilombolas, que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”.

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O nosso “Supremo” – cujo presidente já reescreveu a história, chamado o golpe de 1964 de “movimento”, o que talvez tenha lhe valido a “absolvição” do crime de ter sido do PT – é o único lugar em que não se achou racismo nisso.

Duke, que andava com uniformes onde estampava se o “símbolo budista” da suástica, claro, achou e gostou. Como gostaria das declarações do vice de Bolsonaro, o general Hamílton Mourão elogiando a beleza do neto e dizendo que ele era prova do “branqueamento da raça”.

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Desde Plínio Salgado, nos anos 30, não se registravam interferências racistas expressas no processo político brasileiro. Ou, pelo menos, nacionalmente relevantes, pois há ocorrências localizadas no Sul do país.

Mas não é bem isso, é uma bobagem, um exagero, coisa de esquerdista achar que o Deutsche Uber Alles,  perdão, o Brasil acima de Tudo é apenas um sujeito que bvi nos trazer ordem e, com ela, progresso.

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A estes, recomendo a leitura do texto do alemão de nascimento e professor da Fundação Getúlio Vargas Oliver Stuenkel, no El País:

Ao longo da década de 1920, Adolf Hitler era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia e a Liga das Nações, precursora das Nações Unidas. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933, ele tornou-se chefe de governo. Por que tantos alemães instruídos votaram em um patético bufão que levou o país ao abismo?

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Em primeiro lugar, os alemães tinham perdido a fé no sistema político da época. A jovem democracia não trouxera os benefícios que muitos esperavam. Muitos sentiam raiva das elites tradicionais, cujas políticas tinham causado a pior crise econômica na história do país. Buscava-se um novo rosto. Um anti-político promoveria mudanças de verdade. Muitos dos eleitores de Hitler ficaram incomodados com seu radicalismo, mas os partidos estabelecidos não pareciam oferecer boas alternativas. (…)

De fato, uma análise mais objetiva mostra que, justamente quando era mais necessário defender a democracia, os alemães caíram na tentação fácil de um demagogo patético que fornecia uma falsa sensação de segurança e muito poucas propostas concretas de como lidar com os problemas da Alemanha em 1932. Diferentemente do que se ouve hoje em dia, Hitler não era um gênio. Não passava de um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã.

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Hitler não chegou ao poder porque todos os alemães eram nazistas ou anti-semitas, mas porque muitas pessoas razoáveis fizeram vista grossa. O mal se estabeleceu na vida cotidiana porque as pessoas eram incapazes ou sem vontade de reconhecê-lo ou denunciá-lo, disseminando-se entre os alemães porque o povo estava disposto a minimizá-lo. Antes de muitos perceberem o que a maquinaria fascista do partido governista estava fazendo, ele já não podia mais ser contido. Era tarde demais.

Se isso lembra alguém, parabéns. Talvez isso salve a sua vida.

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