Prisão de Temer é “queda de raposa velha” da política, diz imprensa internacional

Rádio França Internacional - O anúncio da prisão do ex-presidente brasileiro Michel Temer nesta quinta-feira (21) repercutiu imediatamente na imprensa internacional. Vários jornais noticiaram e comentaram a detenção do chefe de Estado.

"O ex-presidente brasileiro Michel Temer foi preso em uma investigação anticorrupção", deu em manchete o canal de televisão France 24 logo após o anúncio. A emissora explica que o ex-chefe de Estado foi detido como parte da investigação Lava Jato, "a mesma que levou vários políticos empresários à prisão, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

"Trata-se do segundo presidente brasileiro preso na malha do Lava Jato", insiste o jornal francês Les Echos, enquanto o argentino El Clarín e o vespertino francês Le Monde lembram que a investigação tornou público "o maior escândalo de corrupção da história do Brasil".

Já o diário português Público explica que "Temer é alvo de dez inquéritos movidos pela Lava Jato" e afirma que desde quarta-feira (20) a polícia já tentava localizar o ex-presidente. O jornal português também lembra que enquanto esteve no cargo, o chefe de Estado foi alvo de três acusações pela procuradoria-geral da República, inclusive nos últimos dias de mandato, "mas o Congresso impediu sempre que o então presidente pudesse ir a julgamento".

O jornal norte-americano The New York Times se interessou pelo impacto da notícia no mercado financeiro, apontando que a moeda brasileira perdeu 1% e que a Bolsa de São Paulo caiu 1,5% logo após o anúncio. "Os mercados caem com a prisão de Temer", completa a agência de notícias Bloomberg.

Temer, 78 anos e do MDB, foi vice-presidente da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a substituiu no cargo em 2016 após o impeachment da ex-chefe de Estado por manipulação das contas públicas.

"Raposa velha da política e cacique do PMDB, que se tornou MDB, Temer parecia inoxidável enquanto estava no cargo e conseguiu duas vezes se livrar da ameaça de destituição", analisa o jornal belga La Libre. "Ele se agarrou ao poder e dedicou toda a sua energia negociando com seus aliados políticos para salvar seu mandato".