Fernando Brito: A crise econômica é a crise política, não o contrário

Segundo o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, "é a estagnação da economia, o avanço no desemprego, a perda de arrecadação e a falta de rumos da política econômica que deixam o governo na situação de 'sustentar no gogó' o apoio público de que precisa"

Fernando Brito: A crise econômica é a crise política, não o contrário
Fernando Brito: A crise econômica é a crise política, não o contrário (Foto: Ueslei Marcelino - Reuters)


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Por Fernando Brito, do Tijolaço - Os analistas de economia jogam na crise política do governo Bolsonaro a culpa do desastre econômico que vive o Brasil.

Hoje, Miriam Leitão escreve que a nova queda forte na previsão do PIB é resultado da crise política.

Não penso assim, embora, claro, reconheça o óbvio: que os desacertos – vá lá a expressão suave – deste governo agravam o quadro econômico.

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Mas não são o seu determinante.

Antes, o contrário: é a estagnação da economia, o avanço no desemprego, a perda de arrecadação e a falta de rumos da política econômica que deixam o governo na situação de “sustentar no gogó” o apoio público de que precisa.  E como o “gogó” em tela é autoritário, grosseiro e ideologicamente viciado, aí é que a politica vai para o brejo.

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Com o reaquecimento da economia, depois de anos de recessão e estagnação, Bolsonaro estaria nadando de braçada, sob a lenda de que a “moralização” militar do governo tinha sido a causa da retomada econômica.

Convenhamos, o “Mito” tinha todas as condições de impor um programa econômico forte, pelo seu descolamento pessoal com as forças estruturais do “mercado”, algo que jamais teriam, por exemplo, os tucanos ou o DEM de Rodrigo Maia.

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Mas nada disso aconteceu e, afora o ataque à Previdência, o “Posto Ipiranga” nada apresentou em matéria de propostas ou ações para o reaquecimento da economia. Ao contrário: paralisou ou cancelou investimentos, saiu a catar o pouco crédito disponível em instituições  financeiras públicas – BNDES, Caixa e BB – para reduzir o déficit das contas públicas, cortou verbas de custeio por toda a parte, inclusive no explosivo campo da Educação e focou todo o projeto econômico do governo da reforma da Previdência que, mesmo se aprovada nos termos ferozes em que se a propôs, não traz alívio de curto prazo, apenas a perspectiva de que o paciente sobreviverá mais tempo à drenagem das sanguessugas.

Criou-se uma falsa expectativa de reversão das tendências econômicas que já se delineavam no ano passado pelo avanço da reforma previdenciária e, portanto, não se culpe a tramitação  da proposta – complicada em qualquer conjuntura política que se imagine – pelas decepções visíveis.

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E o buraco foi ficando – e vai ficar – cada vez mais fundo. E, como é inevitável, crises econômicas sempre levam à radicalização política. Governos só escapam delas se sinalizarem claramente que a estão enfrentando.

Os “malucos” do bolsonarismo, não fosse a crise que vai se agudizando, estariam mansos em seus delírios. Sua radicalização provém da percepção, da qual não são desprovidos, do crescimento da insatisfação com a situação do país.

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Até para os estúpidos é a economia a chave da equação política.

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