Gaspari sugere que Dilma se aconselhe com FHC

Colunista lembra que, em 1996, Brasil ajudou a evitar um outro golpe no Paraguai, com a ajuda dos Estados Unidos

Gaspari sugere que Dilma se aconselhe com FHC
Gaspari sugere que Dilma se aconselhe com FHC (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – O colunista Elio Gaspari lembra um episódio de 1996, a tentativa de golpe contra Juan Carlos Wasmosy, para sugerir que a presidente Dilma Rousseff se aconselhe com Fernando Henrique Cardoso a respeito de temas de política externa. Leia:

Dilma deveria pedir uma aula a FH

Elio Gaspari

continua após o anúncio

A doutora Dilma e o chanceler Antonio Patriota deveriam revisitar a estudantada em que se meteram no Paraguai, comparando os próprios erros com outro episódio, ocorrido em 1996, quando as coisas deram certo, sem espetáculo.

Durante as festividades da Rio+20, Dilma e Patriota souberam que a Câmara dos Deputados aprovara a abertura do processo de impedimento do presidente Fernando Lugo por 76 votos a um. O doutor foi mandado ao Paraguai numa comitiva da Unasul para recolocar a pasta de dentes no tubo. A embaixada do Brasil em Assunção já advertira o governo, há semanas, a respeito da gravidade da situação. Fizeram o quê? Nada.

continua após o anúncio

Havia o que fazer? Em abril de 1996, o presidente Juan Carlos Wasmosy soube que o comandante do Exército, Lino Oviedo, pretendia derrubá-lo.

Pediu apoio ao Brasil, e o embaixador Márcio Dias disse-lhe que Fernando Henrique Cardoso não concordaria com um golpe. Era pouco. Ele queria ouvir isso pessoalmente. O diplomata combinou que Wasmosy iria a Brasília (pilotando seu avião), seria recebido no aeroporto pelo chanceler Sebastião do Rego Barros (dirigindo seu próprio carro) e seguiria para o Palácio da Alvorada.

continua após o anúncio

Conversou com FH e retornou durante a madrugada. O presidente brasileiro entrou em contato com seu colega Bill Clinton, e ele telefonou para Wasmosy dizendo-lhe que, em caso de ameaça, deveria ir para a embaixada americana.

Dias depois, Oviedo deu um ultimato a Wasmosy, anunciando que atacaria o palácio ao amanhecer. O presidente paraguaio foi para a embaixada americana com o ato de renúncia redigido. Lá estava o embaixador Márcio Dias, que o rasgou. (Wasmosy guardou o picadinho.) O dia amanheceu, e o golpe evaporou-se.

Tudo isso aconteceu sem holofotes ou estudantadas de um multilateralismo que no caso da patrulha dos chanceleres da Unasul serviu apenas para colocar o Brasil a reboque de uma política de ameaças inócuas.

continua após o anúncio

Uma diplomacia profissional, a americana, falou o mínimo possível. Resultado: a doutora Dilma e seus companheiros fizeram a empada, compraram a azeitona, deram o mimo aos americanos e ficaram com o caroço.

Como dizia o chanceler Azeredo da Silveira, atravessaram a rua para escorregar na casca de banana que estava na outra calçada.

continua após o anúncio

A diplomacia multilateral faz espetáculos, arma consensos e, geralmente, dá em nada. A bilateral, como a do Brasil no Paraguai em 1996, dá trabalho.

 

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247