Colunista da Folha diz que Assange “não passa de um ...”

Reforma que corta repórteres e lança, digamos, articulistas, sai barata para o jornal da Barão de Limeira e cara para o leitor



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Pintou mais um comentarista na Folha de S. Paulo. Despintaram mais repórteres e editores. Revisores não há desde 1984 – eu estava lá, na reportagem da Agência Folhas, quando 90 foram demitidos de um dia para o outro e a seção foi fechada. Copys e pauteiros não se usam mais. Chefe de reportagem? O que é isso?, talvez perguntem os mais novos. Então, o que se tem hoje, basicamente, é editor e repórter. As outras funções, fora, é claro, chefias, secretarias, diretorias, presidências etc que se multiplicaram, simplesmente acabaram. Dias atrás, a Folha demitiu feio na redação. É a reforma funcionando!

Nesta reforma da economia, em que mais gente escreve artigos e menos profissionais correm atrás da notícia – gasta-se menos com transporte, tempo, salários, benefícios, contratos formais etc --, o nome do mais novo colunista ainda não guardei, mas ele se fez notar: batendo abaixo da cintura em Julian Assange, o criador do WikiLeaks.

Você pode chamar o Assange do que quiser. Também ficar preocupado com a revelação dos segredos dos americanos, coitadinhos. Igualmente, como fez o estreante, escrever "Assange não passa de um foragido vulgar e de um manipulador de massas talentoso". Poder, pode tudo no papel.

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Minha divergência é porque o sujeito Assange ofereceu a todos no mundo acesso a informação ultraqualificada, segredos militares e de Estado, usando, única e exclusivamente, suas próprias fontes de informação, seu tino editorial e sua coragem pessoal. Meu! Assange é verdadeiramente um herói do jornalismo. Não vejo nele medo de enfrentar julgamento na Suécia por crime sexual, mas, sim, pavor de ser julgado politicamente nos EUA. Esse eu também teria. Acho que qualquer um de nós teria esse medo. Os rolos da vida pessoal dele não podem apagar o benefício à informação que o WikiLeaks promoveu. É isso o que verdadeiramente está em questão.

E vem um cara usar tinta e papel cobrados a R$ 2,50 por edição para dizer que o autor do sítio de internet mais estrategicamente importante desde o surgimento dos próprios sítios de internet "não passa" disso e daquilo...

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É muito reducionismo – e eu devo, antes de ter cabelos brancos, ser mesmo um saudosista, abrindo as páginas do jornal que já defendi ainda lembrando de textos de Claudio Abramo, Oswaldo Peralva, Mauro Santayana, Paulo Francis, Gerardo Melo Mourão, Flávio Rangel e do Samuel Wainer. Caras que, de fato, eu recordo os nomes.

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