Conselheiro da Abril vê Dirceu e Genoino apenas como derrotados

Em artigo publicado na revista Veja desta semana, José Roberto Guzzo diz que não adianta se vitimizar ou culpar as elites, supostamente representadas pelo STF e pelos meios de comunicação; ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT perderam a guerra, diz ele

Conselheiro da Abril vê Dirceu e Genoino apenas como derrotados
Conselheiro da Abril vê Dirceu e Genoino apenas como derrotados (Foto: Edição 247)


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247 – Derrotados. Nada mais do que isso. Assim o jornalista José Roberto Guzzo, membro do conselho editorial da Abril, enxerga José Dirceu e José Genoino, condenados por corrupção ativa na Ação Penal 470. Leia seu artigo desta semana:

"Dias de Ira", por José Roberto Guzzo

Com o julgamento do mensalão a caminho da sua fase final no STF, é realmente notável a extrema dificuldade, por parte dos condenados e de quem os apoia, de entender que precisam obedecer ao Código Penal quando estão no governo.

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Mudar o nome do cachorro não muda o seu temperamento, como todo mundo sabe; mas o PT e suas brigadas acham que, chamando de “vingança” o que é apenas sua derrota diante da Justiça, podem anular a realidade.

Tudo o que têm a dizer, desde que a casa caiu, é: “Seja lá o que tenha acontecido, a culpa não é nossa; se a Justiça achou o contrário, é porque se aliou aos nossos inimigos”.

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Fim da argumentação. Essa tentativa de colocar-se acima da lógica é ao mesmo tempo tolo e inútil.

Não consegue, simplesmente, mudar o que já aconteceu, mesmo com a turbinagem que vem recebendo de três homens que estiveram na linha de frente da política brasileira nos últimos 25 anos: o ex-presidente Lula, o ex-ministro José Dirceu e o presidente do PT na época do mensalão, José Genoino.

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Tudo o que conseguiram foi exibir à luz do sol o que cada um tem, de verdade, dentro de si – e o que mostraram não os recomenda, nem como pessoas nem como homens públicos.

O remorso, como se diz, sempre vem na hora errada – aparece depois da tentação, quando não serve mais para evitar o pecado.

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No caso do mensalão, para o PT e os seus grão-duques, o remorso não veio nem antes nem depois.

Não há, após tudo o que foi provado na suprema corte da Justiça do país, o menor vestígio de arrependimento: ao contrário, os culpados vivem dias de ira.

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Lula, quando a coisa toda estourou, sete anos atrás, pediu desculpas “ao povo brasileiro”.

Hoje, com a própria pele salva, faz o papel do indignado número 1 – na verdade considera-se vítima, e acha que é ele, agora, quem deve exigir desculpas.

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São vítimas bem estranhas, essas que Lula representa: se estão no governo federal e mandam em quase tudo neste país, como podem se colocar no papel de perseguidos?

O ex-presidente, cada vez mais convencido de que é uma combinação de mártir, profeta e herói de si próprio, diz que sua biografia não será escrita pelos ministro do STF.

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Tem razão. A biografia de Lula está sendo escrita por ele mesmo – os anos que a contaminaram, do mensalão à aliança política com Paulo Maluf, um foragido da polícia internacional, são de sua exclusiva responsabilidade.

Um segundo membro a suprema trindade petista, José Genoino, também optou por romper com o bom-senso em sua reação às condenações que recebeu.

Alegou, e alegaram em seu favor, que não poderia ser condenado porque tem uma vida limpa: no seu entender, foi vítima de modo “cruel” por “setores” reacionários” que controlariam  “parcelas do Judiciário” e da imprensa.

Mas o que esteve em julgamento não foi a sua honestidade pessoal – foi o fato concreto de ter colocado sua assinatura em documentos destinados a executar uma fraude financeira envolvendo milhões de reais.

Não foram os “reacionários”, nem os jornalistas, que assinaram esses papéis; foi ele mesmo – e se não sabia o que estava fazendo é porque não quis saber.

Num conjunto de dez juízes, levou de 9 a 1. Estariam todos errados?

No seu caso, ficou, também, uma aula de ingratidão, quando comparou os jornalistas e hoje aos torturadores de ontem.

Genoino conheceu muito bem uns e outros, e sabe na própria pele a diferença que existe entre eles; esqueceu, quando veio a adversidade, quem sempre lhe estendeu a mão.

Como é bem sabido, o líder petista escreveu durante longo tempo u a coluna no jornal O Estado de São Paulo. Suas declarações sempre foram publicadas. Foi o político do PT mais respeitado pela imprensa desde que voltou à política.

No STF,  além disso, recebeu um tratamento de príncipe: a ministra Carmem Lúcia quase pediu desculpas ao condená-lo.

Por que então o rancor?

Ao terceiro nome da trinca, Jose Dirceu, sobrou, além de uma condenação por 8 a 2, o título de “guerreiro do povo brasileiro”, entoado pela tropa de choque que precisa usar hoje para poder sair à rua.

Que guerra teria sido essa?

Pela democracia certamente não foi. Sua guerra, na verdade, foi com o deputado Roberto Jefferson, que mandou para o espaço o sistema de corrupção montado no governo a partir de 2003.

Ao entrar no jogo bruto com ele, Dirceu se arriscou – e perdeu.

“Sai daí, Zé”, ouviu Jefferson  lhe dizer, numa frase que ficará para sempre em sua biografia.

Saiu rápido, e sem um único gesto de Lula para defendê-lo.

Não foi “linchado”, como diz desde sua condenação.

Foi derrotado – só isso.

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