Record perde R$ 200 mi e agrava crise da mídia

É a maior tempestade dos últimos dez anos; companhias de comunicação fecham jornais, desfazem parcerias e amargam prejuízos milionários; na emissora do bispo Macedo, cobertura das Olimpíadas acentuou dificuldades; demissões entre profissionais

Record perde R$ 200 mi e agrava crise da mídia
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247 – É grave a crise da mídia – e cada vez se mostra mais acentuada. Nesta quinta-feira 8, o mercado foi tomado pela informação de uma quebra de R$ 200 milhões nos resultados da Rede Record. Boa parte do prejuízo está sendo atribuída aos gastos da emissora com a cobertura das Olimpíadas de Londres, este ano. Antes mesmo desse movimento, porém, a saúde financeira da emissora do bispo Edir Macedo, chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, já era questionada pelo mercado. Há informações sobre 70 demissões na subsidiária Record News e no Portal R7.

Mais nova ponta do iceberg da crise da mídia, a Record com suas dificuldades se soma a outra companhias que, em razão de prejuízos continuados, vão até mesmo fechando títulos e produtos. No final de semana, após o Grupo Estado ter encerrado a circulação do histórico Jornal da Tarde foi a vez do tradicional Diário do Povo, de Campinas, do Grupo Anhanguera, ter ido às bancas pela última vez, no domingo 4. Ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro o grupo Ejesa, que edita o jornal Brasil Econômico, anunciou o fechamento do jornal esportivo Marca, que tinha circulação nacional. Ainda no setor esportivo da mídia, o Grupo Estado informou sua decisão de romper a parceria com a emissora ESPN, por falta de resultados.

A crise que vai da imprensa em papel à eletrônica é a maior dos últimos dez anos. A concentração dos investimentos publicitários é um dos motivos para a onda de fechamento de títulos, mas estruturas mal planejadas ou aferradas a modelos do passado também parecem ter boa parte de responsabilidade.

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A Record, apesar de suas características diferenciadas, em razão da ligação umbilical com a Igreja Universal de Macedo, não é um caso isolado na crise da mídia eletrônica. A RedeTV, do empresário Amilcare Dalevo, igualmente atravessa uma longa agonia financeira. A empresa parece não ter sustentado a compra de equipamentos última geração, perdeu seu melhor produto comercial para a Rede Bandeirantes – o programa Pânico na TV – e tem atrasado o pagamento de salários com frequência.

Abaixo, notícia do colunista Flavio Ricco, do portal UOL, sobre a crise na Record:

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A mudança da Record News, com a dispensa da maioria dos seus funcionários, foi apenas o primeiro passo de uma série de medidas de enxugamento, que a direção da Record será forçada a colocar em prática ao longo dos próximos tempos, para equalizar as finanças da emissora.

O rombo, segundo algumas fontes, passa de R$ 200 milhões – valor que a Record não confirma. A conta da Olimpíada passada, a subutilização do Recnov e os sucessivos erros de planejamento, além de altos salários pagos aos seus diretores e artistas estão entre as despesas que mais contribuíram para se chegar a um valor tão absurdo.

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O dinheiro da igreja, pela cessão de horários na madrugada, há algum tempo se tornou insuficiente para equilibrar ou ao menos reduzir o volume das despesas. A Record, sempre muito econômica na abertura dos seus intervalos comerciais, agora se vê obrigada a adotar uma política diferente. E é exatamente isso que a sua direção ainda não tem decidido. Não existe, pelo menos até agora, uma definição do que será feito ou do que será possível fazer daqui pra frente, mas se tem a certeza de que apenas reduzir a folha de pagamento, com a dispensa de alguns funcionários, se tornou insuficiente para cobrir um buraco tão grande.

Abaixo, notícia do portal Comunique-se sobre os problemas financeiros de empresas de comunicação:

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Novamente pedimos desculpas pelo atraso no envio de mais uma edição de J&Cia, desta vez motivado pela necessidade de apurar informações completas sobre o corte de 70 funcionários de Record News e R7, que se soma ao "acumulado de instabilidade" da semana, que incluiu JT, Diário do Povo (Campinas), EstadãoESPN e, no apagar das luzes do fechamento, Marca Brasil, da Ejesa. Na esteira desses acontecimentos, fazemos também uma retrospectiva de outros episódios ao longo de 2012.

A seguir, notícia a respeito do fechamento do jornal Diário do Povo, de Campinas:

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Um dos mais tradicionais jornais de Campinas encerrou suas atividades nesta semana. O Diário do Povo teve sua última edição realizada no dia 04 de novembro, domingo, e deu adeus à maior cidade do interior de São Paulo.

Após uma reunião realizada no último dia 31 (quarta-feira), a diretoria da publicação decidiu pelo encerramento do periódico no intuito de realizar diversas mudanças. Provavelmente, a empresa irá investir em uma versão online do jornal, mas a proposta editorial do Diário do Povo continuará a mesma, com adaptações para interagir com redes sociais e adaptar-se à internet. O foco desta nova fase será na editoria de esportes.

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Ainda não existem informações sobre o remanejamento da equipe de funcionários e colaboradores da publicação, mas os assinantes estão sendo informados sobre a decisão da diretoria. O jornal faz parte da RAC – Rede Anhanguera de Comunicação. Segundo informações do grupo, eles são a maior conglomeração de mídias impressas do interior do Brasil.

Esse é o segundo jornal que anuncia o final de suas atividades. Na última semana, o Jornal da Tarde, publicação tradicional da cidade de São Paulo, também revelou o fim de sua circulação.

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Por Marcelo Araújo

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