A realidade que Nelson Motta não consegue enxergar

Em artigo no Globo, ele afirma que a mesma população que aprova Dilma e Lula se informa pelos grandes meios de comunicação e que, portanto, não há golpismo algum no ar; será?

A realidade que Nelson Motta não consegue enxergar
A realidade que Nelson Motta não consegue enxergar (Foto: Paula Huven)


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247 - O jornalista, escritor, músico e produtor cultural Nelson Motta ainda não adquiriu a carteirinha de sócio remido do Instituto Millenium, mas decidiu mergulhar no debate sobre a disputa entre os meios tradicionais de comunicação e a blogosfera. Segundo ele, não há motivo algum para se questionar a conduta da chamada grande imprensa, uma que Dilma e Lula se mantêm extremamente populares. Portanto, como quem exerce influência sobre a população, segundo a lógica de Motta, são os formadores de opinião tradicionais, não faria sentido denunciar qualquer tipo de golpismo – o que seria coisa dos "zumbis do mensalão". O que Motta não enxerga, no entanto, é que a influência dos meios tradicionais é cada vez menor. E que os chamados formadores de opinião hoje são muito mais questionados pelos leitores do que no passado. Na era da internet, o diálogo entre quem produz e consome informação é horizontal – e não mais vertical. Abaixo, o artigo de Motta:

A vingança dos zumbis - NELSON MOTTA

O GLOBO - 28/12

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Por que a mídia só tem credibilidade quando contribui para a popularidade de Lula e Dilma, e não quando denuncia escândalos do governo e o mensalão?

Mesmo sem ser simpática nem carismática, sem ter o dom da palavra e da comunicação, e com o país crescendo apenas 1% ao ano, a presidente Dilma Rousseff obteve índices espetaculares de confiança e aprovação pessoal na pesquisa do Ibope. Mas como os pesquisados de todo o Brasil se informaram sobre o dia a dia de Dilma e do país, sobre suas ideias, ações e resultados? Ora, pela “mídia golpista”, que divulgou nacionalmente os fatos, versões e opiniões que a população avaliou para julgar Dilma.

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Os mesmos veículos informaram os 83% que tiveram opinião favorável a Lula no fim do seu governo, já que a influência da mídia estatizada e dos “blogs progressistas” no universo pesquisado é mínima. Claro, a maciça propaganda do governo também ajuda muito, mas só se potencializa quando é veiculada nas maiores redes de televisão e rádio, nos jornais, revistas e sites de maior audiência e credibilidade no país — que no seu conjunto formam o que eles chamam de “mídia golpista”.

Mas que golpismo de araque é esse, que tanto contribui para divulgar os feitos, as qualidades e a força popular do objeto de seu suposto golpe?

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Por que a mesma mídia só tem credibilidade quando contribui para a popularidade de Lula e Dilma, e não quando denuncia os escândalos do governo e o julgamento do mensalão? A conta não fecha, mas eles insistem. Zé Dirceu e Rui Falcão já avisaram que a vingança dos zumbis do mensalão e do “Rosegate” vai ser a regulamentação da mídia, como na Argentina e na Venezuela, culpando o mensageiro pela mensagem.

No Brasil democrático todo mundo tem voz, fala o que quer, ouve quem quiser. Mas eles querem “pluralizar” a mídia, denunciando monopólios e ignorando a concorrência acirrada em todos os segmentos do mercado multibilionário da comunicação de massa, em que ganham mais os que têm mais credibilidade e popularidade.

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Mas o Brasil não é Argentina, e Dilma não é Cristina. Além da cobertura nacional que tanto contribui para sua boa exposição e avaliação pública, ela deveria agradecer à mídia por revelar os malfeitos que lhe permitiram fazer uma faxina no seu quintal.

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