Viaduto não teria tido auditoria obrigatória
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) exige que os projetos de estruturas de concreto sejam revisados, com a contração de um profissional que não seja da empresa projetista da obra, a Consol; objetivo da ABNT é fazer a avaliação conhecida como Certificação da Qualidade do Projeto (CQP); a suspeita é que a obra do Viaduto Batalha do Guararapes, em Belo Horizonte (MG), não passou por essa verificação; as investigações devem ser concluídas na próxima semana
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Minas 247 – A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) exige que os projetos de estruturas de concreto sejam revisados, com a contração de um profissional que não seja da empresa projetista da obra, a Consol. O objetivo da ABNT é fazer a avaliação conhecida como Certificação da Qualidade do Projeto (CQP). A suspeita é que a obra do Viaduto Batalha do Guararapes, em Belo Horizonte (MG), não passou por essa verificação. Caso contrário, o erro de cálculo poderia ter sido detectado, impedindo o desabamento, no dia 3 de julho, que matou duas pessoas e deixou 23 feridas.
Segundo o Instituto de Criminalística da Polícia Civil, o laudo sobre o incidente está sendo finalizado. As investigações devem ser concluídas na próxima semana. O diretor da Consol, Maurício Lima, confirmou que não houve verificação.
Fontes ligadas ao caso informaram ao jornal O Tempo que, apesar de a Prefeitura de Belo Horizonte ter dito que a certificação foi feita, não apresentou o documento nem o engenheiro responsável pela obra.
Ainda conforme a reportagem do veículo mineiro, a Cowan, responsável pela execução da obra, e a prefeitura possui o certificado de qualidade ISO (International Organization for Standardization) ou Padronização, que obrigaria a empresa a realizar obras somente com o CQP.
"Toda obra tem que ser verificada na fase de projeto. É obrigatório desde 2003 pela ABNT. Isso é feito para saber se há conformidade, se a estrutura é segura, confiável e durável. Se der algum problema na obra, a primeira pergunta é: o projeto foi verificado?", questionou o engenheiro de estruturas, consultor e verificador de projetos José Celso da Cunha, membro da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece).
Outro engenheiro ouvido pela reportagem, Nelson Araújo Lima, especialista em acidentes estruturais e ex-diretor da Divisão de Estruturas da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro, "o controle de qualidade, que reduziria os riscos praticamente a zero, é algo, muitas vezes, ignorado no Brasil, permitindo desastres como o do viaduto. Uma verificação teria apontado o erro antes de a obra começar. A falta de 90% de aço no bloco (como sugere a Cowan) estava muito fácil de perceber".
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