Deputados criticam concessionária da BR-040 e ANTT

 Inúmeras críticas e cobranças quanto à atuação da Via 040, concessionária que administra o trecho da BR-040 entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e Cristalina (GO), e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) marcaram a audiência pública que a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na tarde desta quarta-feira (26/8/15)

 Inúmeras críticas e cobranças quanto à atuação da Via 040, concessionária que administra o trecho da BR-040 entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e Cristalina (GO), e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) marcaram a audiência pública que a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na tarde desta quarta-feira (26/8/15)
 Inúmeras críticas e cobranças quanto à atuação da Via 040, concessionária que administra o trecho da BR-040 entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e Cristalina (GO), e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) marcaram a audiência pública que a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na tarde desta quarta-feira (26/8/15) (Foto: Luis Mauro Queiroz)


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ALMG - Inúmeras críticas e cobranças quanto à atuação da Via 040, concessionária que administra o trecho da BR-040 entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e Cristalina (GO), e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) marcaram a audiência pública que a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na tarde desta quarta-feira (26/8/15).

O deputado Sargento Rodrigues (PDT), que solicitou a reunião, resumiu as principais queixas de usuários da rodovia. De acordo com ele, as 11 praças de pedágio (no valor mínimo de R$ 4,60) já estão em operação, mas sem a concessionária oferecer a contrapartida em serviços na rodovia. “Falta acostamento, faltam passarelas, as melhorias são mínimas”, criticou.

O parlamentar repercutiu a reclamação que lhe chegou do segurança Nilson Santos, morador da zona rural de Itabirito (Região Central do Estado). Pai de cinco filhos, com um salário de R$ 1.100, o trabalhador é obrigado a gastar R$ 9,20 por dia com pedágio, devido à instalação da praça dividindo o município. Com isso, os moradores são obrigados a pagar esse valor simplesmente por se deslocarem de uma parte a outra da cidade.

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Citando a Lei Federal 8.987, de 1995, que trata de permissão e concessão de serviços, o deputado destacou que é previsto “o serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários e à modicidade nas tarifas". “O Governo Federal não está obedecendo ao que prevê a lei”, alertou. “O Código de Defesa do Consumidor estabelece a ação governamental no sentido de proteger o consumidor. E no caso presente, a ANTT tem o dever de fiscalizar, cobrar e, inclusive, romper o contrato se não estiver sendo cumprido”, completou.

Comunidades próximas - Também o presidente da comissão, deputado Elismar Prado (PT), cobrou uma solução para esses casos de moradores obrigados a pagar pedágio todos os dias. “Têm que ser previstas nos contratos as isenções para os cidadãos dos distritos de municípios divididos por praças de pedágio”, defendeu.

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Sobre irregularidades no trabalho da Via 040, o parlamentar leu uma reportagem do portal R7 destacando que a empresa não havia cumprido pontos do contrato de concessão. Isso incluía resolver problemas como buracos em trechos da estrada, asfalto irregular, entre outros. Segundo a matéria, o Tribunal de Contas da União prescreveu a suspensão da cobrança do pedágio até a solução dessas problemas.

Juiz de Fora - O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) citou o caso da praça de pedágio instalada no distrito de Correia de Almeida, em Barbacena (Região Central do Estado). Ele disse que as pessoas mais humildes do município moram nesse local e não têm condições de pagar o pedágio todo dia. E complementou que, apesar da cobrança, trechos próximos não estão com boa sinalização. E questionou ainda o fato de cinco pontes entre Congonhas e Conselheiro Lafaiete (Região Central do Estado) serem de pista simples.

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Já o deputado Isauro Calais (PMN) queixou-se da permissão contratual para a Via 040 iniciar as obras de duplicação em Goiás. “Infelizmente, pelo contrato, para começar a cobrar, a concessionária é obrigada a realizar apenas 10% das obras e em qualquer trecho que quiser”, lamentou. Ele disse que solicitou ao Ministério dos Transportes que, nas próximas concessões, o Governo Federal imponha onde deverão ser realizadas as obras.

Tratando de outro trecho da BR-040, entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro, o parlamentar exaltou-se ao dizer que a Concer, concessionária daquele trecho, está cobrando R$ 11,20 em cada pedágio. “Já fiz o encaminhamento de audiência para que a Concer explique o aumento de 37% nesse pedágio”, informou. “A ANTT não está a serviço dos usuários. Serve, sim, às grandes empresas!”, criticou.

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Na visão do deputado Noraldino Júnior (PSC), as melhorias implementadas pela Via 040 no trecho até Juiz de Fora são poucas para justificar a cobrança de pedágio. Esse fato tem provocado grande indignação popular, principalmente perto das praças, segundo ele. “A população não está aceitando o que é imposto goela abaixo. Estão fazendo protestos e pode haver prejuízo para o uso da própria via. E nós vamos dar apoio a essas manifestações”, advertiu.

O deputado Fred Costa (PEN) observou que muitos dos problemas enfrentados na BR-040 se devem ao contrato mal elaborado pela ANTT. “Não podemos imputar a culpa à concessionária. O poder público é que não fez o edital e o contrato com competência”, refletiu. Na avaliação dele, o que é possível fazer agora é tentar minimizar os danos dos usuários.

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Licenciamento ambiental - Já o deputado Douglas Melo (PSC) questionou a cláusula do contrato com as concessionárias que lhes permite iniciar a cobrança de pedágio antes do licenciamento ambiental completo do empreendimento. Ele lembrou que o trecho da BR-040 entre Belo Horizonte e o trevo de Curvelo (Região Central do Estado) já era duplicado antes da concessão. "Quem acaba pagando toda a duplicação não é o governo ou a concessionária; é o povo brasileiro!", protestou. O parlamentar disse que quem mais falha nesse processo é a ANTT, por sua omissão, o que ocorre, segundo ele, em todas as outras agências reguladoras.

Via 040 afirma que vai duplicar 557 km da BR-040

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O gerente de Relações Institucionais da Via 040, Frederico Souza, apresentou o que a empresa já realizou na rodovia. Ele relatou que a concessão contempla 936,4 km, sendo 771 km em Minas Gerais, 157 km em Goiás e 8,4 km no Distrito Federal. O contrato tem duração de 30 anos, prorrogáveis por mais 30. Em relação ao pedágio cobrado, disse que ele atende ao critério do edital de respeitar o menor valor de tarifa básica. E ressaltou que, quando a empresa ganhou a licitação, o valor era de R$ 3,22 e foi reajustado de acordo com o índice estipulado no contrato.

Quanto às intervenções previstas, Souza declarou que no trecho concedido, são 557 km de pista simples, 234 km com pista duplicada e 144 km com pista multifaixas (sem divisão por mureta no centro). Ele reforçou também que o contrato prevê a conclusão da duplicação de toda a via até o fim do quinto ano, prazo contado a partir da liberação da licença ambiental de instalação. O deputado Sargento Rodrigues questionou essa cláusula prevendo o início das melhorias só após a licença de instalação. “Se a licença demorar, o cidadão vai ser lesado”, concluiu.

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Sobre as pontes de Congonhas, Frederico Souza respondeu que todas serão duplicadas em até seis meses. No que se refere ao percentual de 10% de conclusão da duplicação para iniciar a cobrança de pedágio, ele informou que são previstas várias condições para a execução dessas obras: extensão de cada trecho de no máximo 25 km, proibição de obra em área de preservação permanente ou que demande recolocação de comunidades, entre outros. E lembrou que a concessionária já duplicou 56 km de via.

Em relação às reclamações de moradores próximos das praças de pedágio, o representante da Via 040 disse que a localização delas foi determinada no edital de concessão. No caso do distrito de Correia de Almeida, informou que foram feitas várias reuniões com os interessados e ficou estabelecido que eles apresentariam a quantidade de veículos do distrito. “Depois de dimensionarmos o número desses veículos é que vamos poder avaliar o que fazer”, ressaltou ele, completando que o mesmo procedimento é adotado em relação a outros distritos localizados perto das praças de pedágio.

ANTT - Por sua vez, Cláudio Renê Valadares Lobato, coordenador de Infraestrutura Rodoviária da ANTT, respondeu que o programa de exploração de rodovias foi definido pelo Ministério dos Transportes, com participação da agência reguladora e tem o objetivo de dar boas condições às estradas antes do início da cobrança dos pedágios.

Respondendo às críticas quanto à possível omissão da ANTT, ele disse que a agência fiscaliza, sim, as concessionárias. E destacou que há uma série de etapas que a concessionária tem que cumprir, com previsão de multas. No caso da BR-040, afirmou que a empresa está cumprindo o contrato.

Por fim, Cláudio Lobato lembrou que nessa concessão houve um deságio de 63% em relação à previsão inicial de valor. Disse também que a ANTT promove reuniões frequentes com o Ibama para cobrar a expedição do licenciamento ambiental definitivo. E defendeu a cobrança antes desse documento ser emitido. “Foi a forma que o governo encontrou de dar continuidade às obras, abrindo mão da exigência do licenciamento completo”, justificou.

Ele informou ser servidor de carreira do órgão e que não estava defendendo a Via 040. “Estou tratando do programa de exploração de rodovias. E no final, alguém tem que pagar o pedágio e as contas têm que fechar”, concluiu.

Providências – Vários requerimentos foram aprovados, de autoria dos deputados Sargento Rodrigues, Elismar Prado e Isauro Calais. Eles encaminham notas taquigráficas da reunião a vários órgãos federais e estaduais e solicitam providências quanto ao assunto discutido. Entre os órgãos acionados estão a própria ANTT, os Ministérios Públicos Estadual e Federal e o Tribunal de Contas da União.

O deputado Isauro Calais também requereu audiência pública para que a Concer preste esclarecimentos sobre "o abusivo aumento do valor do pedágio". E o deputado Sargento Rodrigues solicitou à ANTT que encaminhe à comissão os relatórios das fiscalizações efetuadas pela agência.

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