Líder do PT: Já sabíamos a quem o Dimas servia

Lobista Fernando Moura acusou o presidente do PSDB, Aécio Neves, de controlar Furnas; o tucano teria pedido ao governo Lula para indicar Dimas Toledo para dirigir a estatal; então líder da oposição em Minas, o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) confirma a acusação em entrevista ao Viomundo: “Nós já sabíamos a quem o Dimas servia. Aécio fez movimentos tanto na direção da indicação de Dimas para Furnas, quanto na de isolar a nossa bancada que fazia oposição a ele”; “Aécio tergiversa, dizendo que, como político adversário do PT, não poderia ter feito a indicação. Está ‘esquecendo’ da memória histórica”, acrescenta; devido a arranjos políticos locais, em Minas houve muita campanha pelo voto “Lulécio”

Lobista Fernando Moura acusou o presidente do PSDB, Aécio Neves, de controlar Furnas; o tucano teria pedido ao governo Lula para indicar Dimas Toledo para dirigir a estatal; então líder da oposição em Minas, o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) confirma a acusação em entrevista ao Viomundo: “Nós já sabíamos a quem o Dimas servia. Aécio fez movimentos tanto na direção da indicação de Dimas para Furnas, quanto na de isolar a nossa bancada que fazia oposição a ele”; “Aécio tergiversa, dizendo que, como político adversário do PT, não poderia ter feito a indicação. Está ‘esquecendo’ da memória histórica”, acrescenta; devido a arranjos políticos locais, em Minas houve muita campanha pelo voto “Lulécio”
Lobista Fernando Moura acusou o presidente do PSDB, Aécio Neves, de controlar Furnas; o tucano teria pedido ao governo Lula para indicar Dimas Toledo para dirigir a estatal; então líder da oposição em Minas, o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) confirma a acusação em entrevista ao Viomundo: “Nós já sabíamos a quem o Dimas servia. Aécio fez movimentos tanto na direção da indicação de Dimas para Furnas, quanto na de isolar a nossa bancada que fazia oposição a ele”; “Aécio tergiversa, dizendo que, como político adversário do PT, não poderia ter feito a indicação. Está ‘esquecendo’ da memória histórica”, acrescenta; devido a arranjos políticos locais, em Minas houve muita campanha pelo voto “Lulécio” (Foto: Roberta Namour)


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por Conceição Lemes, do Viomundo

Final de 2014. Em delação premiada da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef afirma que o PSDB, através de Aécio Neves, dividiria uma diretoria de Furnas (estatal do setor elétrico) com o PP, liderado pelo ex-deputado federal José Janene, morto em 2010.

Youssef afirma que ouviu também que Aécio, por intermédio de sua irmã, teria recebido valores mensais de uma das empresas contratadas por Furnas, a Bauruense, do empresário Airton Daré, no período entre 1996 e 2000/2001.

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tornou público o teor da delação premiada em 4 de março de 2015.  Foi ao comentar para o Estadão o pedido de arquivamento ao Supremo Tribunal Federal (STF) das investigações contra o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB.

Janot alegou serem insuficientes as informações fornecidas por Youssef.  A justificativa principal: os dois citados – o ex-deputado José Janene  e empresário Airton Daré tinham morrido– e não poderiam confirmá-las.

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1º de julho de 2015. Em delação premiada, Carlos Alexandre de Souza Rocha, o “Ceará”, afirma que, no segundo semestre de 2013 (entre setembro e outubro) levou R$ 300 mil a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria para o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

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“Ceará” era entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef. O seu depoimento foi revelado em 30 de dezembro de 2015, pelo repórter Rubens Valente na Folha de S. Paulo.

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3 de fevereiro de 2015. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o delator e lobista Fernando Moura afirma que Furnas era controlada por Aécio Neves. Lula havia vencido a eleição presidencial em 2002 e Aécio, a do governo mineiro. Aécio pediu para indicar Dimas Toledo para dirigir Furnas. Foi o terceiro depoimento de Moura na Lava Jato:

“A princípio levei pro Zé (Dirceu) o nome do Dimas Toledo, que continuasse na diretoria de Furnas. Ele (Dirceu) usou até uma expressão comigo. ‘O Dimas não, porque se o Dimas entrar em Furnas até como porteiro vai mandar em Furnas, está lá há 4 anos, é uma indicação que sempre foi do Aécio’.

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Passado um mês e meio ele (Dirceu) me chamou e falou ‘qual a sua relação com Dimas Toledo?’ Eu falei, estive com ele três vezes, achei ele competente, cara profissional. O Zé me disse. “Porque esse foi o único cargo que o Aécio pediu pro Lula, então, você vai lá conversar com Dimas e diga que a gente vai apoiar a indicação dele.”

Fernando Moura disse que ‘foi conversar com o Dimas’.

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“Na oportunidade, ele (Dimas) me colocou, da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era igual. Ele falou ‘vocês nem precisam aparecer aqui, vocês vão ficar é um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio.’

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Toda vez que Aécio é denunciado, a assessoria de imprensa do senador e a do PSDB rebatem com a surrada “motivação meramente política”.

Assim, tal qual fez nas delações divulgadas de Youssef e “Ceará”, Aécio nega as denúncias do lobista Fernando Moura. Em vídeo postado em sua página na internet, ele recorre a uma metáfora futebolística para repeli-las:

(…) ele [Fernando Moura] disse que o senador Aécio Neves havia indicado no governo do PT o dirigente de uma empresa estatal e que havia se beneficiado de recursos dessa empresa.

Isso seria algo como se, por exemplo, o técnico do São Paulo escalasse o time do Corínthians às vésperas da decisão. Ou que o do Atlético fizesse o mesmo que o do Cruzeiro. Ou o técnico do Vasco escalasse o goleiro do Flamengo para decisão do carioca.

Eu estou interpelando esse cidadão na Justiça assim como o diretor citado.”

BASTA JANOT PESQUISAR JORNAIS DE 2002/2003 E PEGARÁ AÉCIO NA MENTIRA

“Como sempre faz, Aécio trata uma denúncia contra ele como ridícula e a pessoa sem credibilidade, procurando desqualificá-los”, atenta o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), em entrevista exclusiva ao Viomundo. “Em compensação, quando os delatores acusam adversários dele, são bem-vindos, viram heróis.”

“Aécio tergiversa, dizendo que, como político adversário do PT, não poderia ter feito a indicação”, observa Correia. “Se esse é o único argumento do senador para se defender em relação à propina do esquema de Furnas, ele não se sustenta. Uma falácia. Aécio está ‘esquecendo’ da memória histórica. O quadro político de 2002, quando Dimas Toledo foi indicado, era totalmente diferente do atual, do qual o senador está falando.”

Em Minas, é o próprio segredo de polichinelo.

Em 2002, Itamar Franco era governador. Aécio Neves (PDSB-MG), então deputado federal, pleiteava o Palácio da Liberdade e Luís Inácio Lula da Silva (PT-SP), o Palácio do Planalto.

Devido a arranjos políticos locais, em Minas houve muita campanha pelo voto “Lulécio”.

O próprio Itamar apoiava Aécio e Lula.

Nilmário Miranda, candidato do PT ao governo mineiro numa chapa puro-sangue, foi sacrificado. Aécio, por sua vez, não levou a Minas José Serra, então candidato do seu partido à presidência da República. Na ocasião, o PSDB de São Paulo reclamou muito do comportamento de Aécio.

Foi nesse quadro, após vencer a eleição para o governo de Minas, que Aécio buscou aproximação com o governo Lula. Uma de suas demandas era manter Dimas Toledo como diretor de  Operações de Furnas, o que conseguiu. O PT de Minas quase rachou.

O deputado estadual Rogério Coreia era o líder da bancada petista na Assembleia Legislativa de Minas.

“Nós já sabíamos a quem o Dimas servia”, conta. “Aécio fez movimentos tanto na direção da indicação de Dimas para Furnas, quanto na de isolar a nossa bancada que fazia oposição a ele.”

“Fomos chamados a Brasília para conversar com o Zé Dirceu [então ministro Casa Civil]”, expõe.  “Ele ‘tentou’ convencer a bancada a diminuir o grau de oposição.”

“Aécio até fez um almoço no Palácio da Liberdade e o Lula esteve presente”, relembra. “Agora, ele tenta retratar 2002 como se fosse 2015/2016, para ‘esconder’ a indicação de Dimas para Furnas. Mas essa história não dá para mudar! Ou será que ele acha que pode sair falando o que quiser, pois ninguém tem memória?”

Basta o doutor Rodrigo Janot pesquisar publicações daquela época e pegará Aécio na mentira. Descobrirá reportagens e artigos de opinião, tratando da aproximação dos governos Aécio e Lula, em nome da governabilidade.

“Agora, no assunto Lista de Furnas, Aécio não entra no vídeo-resposta, não responde nada”, Correia põe o dedo na ferida.  “As provas são cabais.”

“POR QUE AÉCIO NUNCA PROCESSOU DIMAS TOLEDO, O AUTOR  DA LISTA DE FURNAS?” 

A Lista de Furnas foi feita toda com base no esquema político de Aécio, que se espalhou pelo Brasil inteiro. Foi o que sustentou a campanha eleitoral dos tucanos de 2002.

Além de pagar propina ao PSDB e PP, esse esquema distribuiu quase R$ 40 milhões [valores da época; corrigidos, R$ 91 milhões] aos principais políticos tucanos e de partidos coligados nas eleições de 2002.

Aparecem na lista de beneficiários da propina os candidatos tucanos aos governos de Minas, então deputado federal Aécio Neves (amealhou R$ 5,5 milhões apenas para ele; R$ 15,8 milhões em valores atualizados), São Paulo, Geraldo Alckmin, e à presidência da República, José Serra.

Desde 1998, Dimas Toledo era diretor de Operações e Furnas. E foi quem, em 2002, fez uma operação monstro para levantar recursos para as campanhas de tucanos e aliados, e, depois, elaborou a famosa lista.

Dimas arrola nomes e quantias recebidas por candidatos que se se beneficiaram do esquema. Seu objetivo era pressionar Aécio Neves, eleito governador, e  outros tucanos, para forçarem Lula a mantê-lo à frente de Furnas, como, de fato, aconteceu até 2005.

“Aécio está dizendo que vai processar o Fernando Moura. Por que ele nunca processou o Dimas, que foi quem fez a Lista de Furnas?”, cutuca Correia. “Por que também os demais políticos citados na Lista de Furnas, como Serra e Alckmin, também nunca processaram o Dimas Toledo? ”

O próprio deputado petista expõe os motivos.

Primeiro: Aécio e todos os demais citados têm culpa no cartório.  Ao não processarem o Dimas, eles assumem a culpa.

Segundo: Dimas Toledo é homem do Aécio.

Terceiro: a lista é verdadeira, por mais que os tucanos tentem desqualificá-la.  A própria Polícia Federal comprovou autenticidade da assinatura de Dimas Toledo no documento, que, diga-se de passagem, não é montagem.

Quarto: de público, há três confissões que atestam a veracidade do conteúdo da Lista de Furnas.

A primeira foi a do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que disse que recebeu exatamente o valor que consta lá: R$ 75 mil.

Em depoimento à procuradora criminal Andrea Bayão Pereira, que atuava no Ministério Público do Rio de Janeiro, Jefferson disse: “não posso dizer dos outros, mas eu posso dizer que eu recebi o que está aí”.

Em matéria postada no seu blog, o jornalista Ricardo Noblat contou que havia conversado com um deputado que disse que o valor que constava da lista era realmente o que ele havia recebido. Noblat não quis dar o nome do deputado.

Em 2011, quando os tucanos tentaram cassar o mandato de Rogério Correia, o deputado estadual Antonio Júlio, do PMDB, foi para cima deles. “Cassar o quê, se o que ele diz é verdade?!”, reagiu então.

Desde 2005, ao tomar conhecimento da Lista de Furnas, o deputado Rogério Correia levou-a à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal e Estadual para que fosse investigada.

Em 2011, a revista Veja publicou matéria, dizendo que Rogério Correia havia participado do processo de falsificação dos nomes da lista de lista de Furnas. “A reportagem era reportagem fajuta, e a verdade acabou aparecendo”, relembra Rogério.

Foi nesse contexto que Antônio Júlio revelou que havia pedido a Dimas Toledo uma verba não para ele, mas para um hospital da sua base eleitoral. Dimas mandou para lá exatamente o valor que está na Lista de Furnas.  O hospital recebeu e o Antonio Júlio exibiu o recibo disso. Foi a pá de cal  nos tucanos, que murcharam, e na matéria criminosa de Veja.

Quinto: em 25 de janeiro de 2012, a procuradora criminal Andréa Bayão Pereira concluiu  seu trabalho  sobre a Lista de Furnas, comprovando a existência do esquema de caixa 2. Ela indiciou por corrupção ativa Dimas Toledo, que é quem operava para Aécio Neves, e Roberto Jefferson por corrupção passiva.

Aliás, em março de 2015, ao pedir ao STF o arquivamento das investigações contra Aécio citado por Youssef  em delação da Lava Jato, Rodrigo Janot , como bem alertou Luiz Carlos Azenha, desconheceu a denúncia feita em 25 de janeiro de 2012  pela promotora da Lista de Furnas, a procuradora Andréa Bayão Pereira, atualmente no Ministério Público Federal, em Brasília. Ou seja, trabalha com Janot.

“Aécio usou toda sorte de métodos para impedir que nada sobre ele fosse investigado nem divulgado”, acusa Rogério Correia. “Comprou o silêncio da imprensa mineira e do Ministério Público Estadual, através da indicação dos procuradores-gerais. Em nível nacional, o ex-PGR, Roberto Gurgel, fez questão de não perguntar à doutora Andrea Bayão sobre o inquérito da Lista de Furnas, e levá-lo ao STF.”

“Isso sem falar nos momentos violentos, autoritários, fascistas, inclusive, de Aécio para calar os ousaram denunciar os seus métodos”, afirma Rogério. “Por exemplo, as prisões do jornalista Marco Aurélio Carone e do delator do mensalão tucano e lobista Nilton Monteiro. Isso sem falar na tentativa de cassar o meu mandato.”

– Mas o senhor e outros parlamentares já estiveram várias vezes na Procuradoria-Geral da República, levando provas sobre as denúncias envolvendo o senador Aécio Neves e elas não deram em nada!

— Realmente, não tenho como negar que foi o que aconteceu até o momento. Mas, agora, o doutor Janot tem que abrir inquérito contra o Aécio, mesmo porque quem fez a mais recente denúncia Aécio é o mesmo delator do senador Fernando Collor. Como o Janot vai levar adiante o caso do Collor e não fazer o mesmo contra o Aécio? O denunciante é o mesmo! Além disso, insisto: tem várias outras provas cabais.

– Acha que o Dimas Toledo confirmaria tudo isso em juízo?

— Eu já ouvi dizer que se forçado, ele vai abrir a boca. Por que o doutor Janot não chama o Dimas para depor e oferece delação premiada? O Dimas já foi denunciado pela doutora Andrea Bayão por corrupção e poderia ser preso.

– Considerando que procuradora Andrea Bayão é a autora da denúncia da Lista de Furnas e trabalha com o  doutor Janot em Brasília, os senhores já pediram a ele que a ouvisse ?

— Não só sugerimos como solicitamos  ao próprio PGR que a doutora Andrea fosse ouvida e a denúncia enviada ao STF, já que envolve senadores, deputados. Rodrigo Janot ficou de analisar. Isso aconteceu em 31 de março de 2015,quando estivemos com ele na PGR, em Brasília. Até hoje não tivemos nenhuma resposta.

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