As responsabilidades da França no caso Charlie

Professor Salém Nassar, da Fundação Getúlio Vargas e presidente do Instituto de Cultura Árabe, em São Paulo, ressalta, em entrevista a Paulo Moreira Leite, erros ao colocar a responsabilidade dos crimes exclusivamente no Islã; "A França é responsável, duplamente, pela prevenção dos crimes em primeiro lugar, e pela integração efetiva da população islâmica no seu tecido social", diz; estudioso afirma que versão oficial de que autores foram os dois irmãos "é tocada por várias dúvidas ainda por resolver" e coloca até que "não é impossível pensar, para quem acreditar que houve uma inflexão recente na política francesa em favor da Palestina, que o ataque servirá a colocar os ponteiros de novo na direção do favorecimento de Israel"

Professor Salém Nassar, da Fundação Getúlio Vargas e presidente do Instituto de Cultura Árabe, em São Paulo, ressalta, em entrevista a Paulo Moreira Leite, erros ao colocar a responsabilidade dos crimes exclusivamente no Islã; "A França é responsável, duplamente, pela prevenção dos crimes em primeiro lugar, e pela integração efetiva da população islâmica no seu tecido social", diz; estudioso afirma que versão oficial de que autores foram os dois irmãos "é tocada por várias dúvidas ainda por resolver" e coloca até que "não é impossível pensar, para quem acreditar que houve uma inflexão recente na política francesa em favor da Palestina, que o ataque servirá a colocar os ponteiros de novo na direção do favorecimento de Israel"
Professor Salém Nassar, da Fundação Getúlio Vargas e presidente do Instituto de Cultura Árabe, em São Paulo, ressalta, em entrevista a Paulo Moreira Leite, erros ao colocar a responsabilidade dos crimes exclusivamente no Islã; "A França é responsável, duplamente, pela prevenção dos crimes em primeiro lugar, e pela integração efetiva da população islâmica no seu tecido social", diz; estudioso afirma que versão oficial de que autores foram os dois irmãos "é tocada por várias dúvidas ainda por resolver" e coloca até que "não é impossível pensar, para quem acreditar que houve uma inflexão recente na política francesa em favor da Palestina, que o ataque servirá a colocar os ponteiros de novo na direção do favorecimento de Israel" (Foto: Felipe L. Goncalves)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – Um ponto de vista que foge do pensamento único dos últimos dias sobre o ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos, é exposto pelo professor da Fundação Getúlio Vargas Salém Nassar, presidente do Instituto de Cultura Árabe, em São Paulo, em entrevista ao blog do jornalista Paulo Moreira Leite no 247. Ele destaca erros em colocar a responsabilidade dos crimes exclusivamente no Islã e traz à tona também as responsabilidades do governo francês no episódio.

"A França é responsável, duplamente, pela prevenção dos crimes em primeiro lugar, e pela integração efetiva da população islâmica no seu tecido social", defende. "E isto para não dizer nada da responsabilidade que resulta do passado colonial e que faz da França devedora em relação às antigas colônias, em relação aos imigrantes e em relação aos franceses descendentes de imigrantes", acrescenta.

Ele afirma que a versão oficial sobre a autoria do ataque, que seria dos irmãos Kouachi, de origem argelina, "descansa sobre uma conclusão básica portadora de graves consequências: a existência no ocidente de células dormentes do terror islâmico". Segundo ele, "essa versão é tocada por várias dúvidas ainda por resolver", mas, "sendo verdadeira, e na medida em que esse tipo de célula existe, o desafio seria entender a coisa pelo que ela de fato seria: antes de ser um confronto entre ocidente e Islã, tratar-se-ia de um tipo específico de criminalidade que demanda medidas específicas de trabalho policial e de inteligência".

continua após o anúncio

Em outro trecho da entrevista, Nassar aponta que "o problema, em tudo que respeita ao chamado terrorismo e à chamada guerra contra o terror, é que aqui o envolvimento dos serviços de inteligência ou dos serviços secretos não é, como se poderia imaginar, exclusivamente o de prevenir o terror e a violência. Muitas vezes, ao contrário, a função desses serviços é o de justamente manipular e instrumentalizar a violência e o terror, e pô-los a serviço de agendas determinadas".

De acordo com o estudioso, é preciso analisar os verdadeiros propósitos que levaram ao ataque e trouxeram tantas consequências. "Se, neste caso, a autoria se circunscreve aos irmãos franceses, então é possível que o propósito fosse mais banal: a vingança pela sátira ao profeta, por exemplo", sugere. Ele afirma até que "não é impossível pensar, para quem acreditar que houve uma inflexão recente na política francesa em favor da Palestina, que o ataque servirá a colocar os ponteiros de novo na direção do favorecimento de Israel. Não posso, como disse, afirmar que sei, mas sei que muitas coisas são possíveis e que nós só estamos enxergando a casca".

continua após o anúncio

Leia aqui a íntegra da entrevista.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247