Corrupção é coisa de país do Terceiro Mundo! Será mesmo?

Casos Fifa e HSBC são só os mais recentes escândalos financeiros envolvendo empresas e países europeus; todo mundo sabe que as lavanderias de dinheiro não são só caribenhas, mas também europeias, na Suíça, Luxemburgo, Mônaco etc

Casos Fifa e HSBC são só os mais recentes escândalos financeiros envolvendo empresas e países europeus; todo mundo sabe que as lavanderias de dinheiro não são só caribenhas, mas também europeias, na Suíça, Luxemburgo, Mônaco etc
Casos Fifa e HSBC são só os mais recentes escândalos financeiros envolvendo empresas e países europeus; todo mundo sabe que as lavanderias de dinheiro não são só caribenhas, mas também europeias, na Suíça, Luxemburgo, Mônaco etc (Foto: Gisele Federicce)


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Por Flavio Aguiar, para a Rede Brasil Atual

O caso da Fifa virou uma bomba de fragmentação. Até a quinta-feira desta semana (4), o grosso dos denunciados no escândalo da Fifa envolvia sobretudo gente do terceiro mundo. Aqui na Europa havia um certo cheiro de queimado, mais ou menos, "quem mandou Blatter se envolver com esta súcia de caribenhos, africanos etc."

Mas agora a água do esgoto chegou aos joelhos – para não mencionar outras partes corpóreas – do ínclito Velho Continente. Além de outras plagas.

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Primeiro foi a denúncia de que também a indicação da França, para a Copa de 1998, teria sido fraudulenta. As autoridades alemãs, em Berlim, se apressaram a dizer que a de Berlim, para 2006, não o fora. Porém, jornalistas alemães, especializados em futebol e corrupção, denunciaram no rádio na capital alemã que não só haveria indícios, senão provas, de que sim, houve fraude.

A pior denúncia veio sobre a Austrália, que teria pago propinas, mas não levou a Copa de 2002 ou alguma outra.

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Enquanto isto, Jack Warner, de Trinidad Tobago, caçado pela Interpol, pediu garantias de vida e diz que vai contar tudo sobre Blatter e muito mais. Enfim, a ver.

Mas o melhor do dia estava para vir.

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E veio.

A promotoria suíça concordou em suspender investigação sobre as contas fraudulentas do HSBC mediante a concordância do banco em pagar 40 milhões de francos do país em multa, sem, no entanto, reconhecimento de culpa. São meros R$ 134,5 milhões, num universo que se diz ser de mais de 100 bilhões, e do mundo inteiro, envolvendo evasão fiscal (mais de 6 mil correntistas brasileiros, inclusive da mídia velha e moralista, com jornalista se negando a entregar a lista à CPI e ficando por isto mesmo), trafico de armas, drogas e pedras preciosas da África.

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Todo mundo sabe que as lavanderias de dinheiro não são só caribenhas, mas também europeias, na Suíça, Luxemburgo, Mônaco etc.

Recentemente participei de um debate no Fórum Latino-americano de Berlim sobre se a corrupção era um risco para a democracia. Defendi a tese de que em si, não, havendo mais uma convivência hostil entre as democracias reais que conhecemos e a corrupção que mal conhecemos. E disse, antecipando o que esta acontecendo com a FIFA e o HSBC, que, se houvesse uma incompatibilidade entre corrupção e democracia, há muito a Suíça seria uma ditadura.

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E é. Do Capital, é claro, porque nem só com fardas se faz uma. Lembrei de uma letra do imortal Pete Seeger:

As through this world I roamed / I've met lots of funny men / Some rob you with a six gun / Others with a fountain pen.*

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Bem, hoje seria necessário substituir a caneta-tinteiro pelo teclado do computador, com prejuízo da rima.

Sem mexer no sistema financeiro internacional, aumentando o controle sobre ele, nada vai mudar, nem na Fifa, nem em Caixa-Prego. Nem na Suíça.

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