Entidades tentam impedir nomeação de embaixador de Israel no Brasil

Manifesto elaborado por organizações sociais brasileiras, universitárias e ligadas a comunidades palestinas acusam Dani Dayan, empresário argentino naturalizado israelense, de violação do direito internacional e pedem para que o Brasil não aceite a nomeação, feita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu; segundo o texto, Dayan é conhecido "por sua defesa intransigente das colônias exclusivamente judaicas ilegalmente construídas em terras palestinas confiscadas por Israel", além de viver numa colônia ilegalmente erguida na Palestina

Manifesto elaborado por organizações sociais brasileiras, universitárias e ligadas a comunidades palestinas acusam Dani Dayan, empresário argentino naturalizado israelense, de violação do direito internacional e pedem para que o Brasil não aceite a nomeação, feita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu; segundo o texto, Dayan é conhecido "por sua defesa intransigente das colônias exclusivamente judaicas ilegalmente construídas em terras palestinas confiscadas por Israel", além de viver numa colônia ilegalmente erguida na Palestina
Manifesto elaborado por organizações sociais brasileiras, universitárias e ligadas a comunidades palestinas acusam Dani Dayan, empresário argentino naturalizado israelense, de violação do direito internacional e pedem para que o Brasil não aceite a nomeação, feita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu; segundo o texto, Dayan é conhecido "por sua defesa intransigente das colônias exclusivamente judaicas ilegalmente construídas em terras palestinas confiscadas por Israel", além de viver numa colônia ilegalmente erguida na Palestina (Foto: Gisele Federicce)


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Por Baby Siqueira Abrão, para o 247 - Um press release publicado no portal do governo israelense pôs em alerta a comunidade palestina no Brasil e seus apoiadores. O documento informava que o primeiro-ministro Biniamin Netanyhau nomeara como embaixador de Israel no Brasil o sr. Dani Dayan, empresário argentino naturalizado israelense.

Bem conhecido dos ativistas pró-palestinos por sua defesa intransigente das colônias exclusivamente judaicas ilegalmente construídas em terras palestinas confiscadas por Israel, Dayan, segundo as organizações que escreveram e assinam o manifesto "Pela rejeição de embaixador nomeado por Israel", não pode assumir o posto por vários motivos, mas o principal diz respeito ao fato de ele violar o direito internacional. "Um embaixador não pode cometer crimes, pois isso contradiz a própria função", explica uma ativista brasileira.

Ela se refere ao fato de Dayan viver numa colônia ilegalmente erguida na Palestina – Ma'ale Shomron, no norte da Cisjordânia – e defender as políticas de construção e expansão dessas colônias, o que viola a lei internacional, segundo parecer da Corte Internacional de Justiça aprovado por esmagadora maioria de votos (inclusive o do Brasil) na ONU. Esse parecer, anunciado em 9 de junho de 2004, estabelece a ilegalidade das colônias construídas pelas autoridades de Israel em território palestino e de tudo o que se associa a elas: estradas de uso exclusivo dos israelenses (os palestinos são proibidos de utilizá-las), sistemas militar e civil de controle, plantações que incluem oliveiras arrancadas da Palestina, muros e cercas eletrificadas, confisco de fontes de água localizadas em território palestino.

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A Corte foi além, solicitando a demolição das colônias, das estruturas que as servem e a compensação financeira dos danos aos proprietários palestinos das terras confiscadas. O Conselho de Segurança da ONU, encarregado de estabelecer como e em que prazo se daria a execução da demolição, omitiu-se, como sempre acontece nos casos envolvendo os crimes de Israel. Mas, apesar dessa omissão, e de o parecer ser consultivo, a decisão da Corte tem força de lei, como explica o manifesto, e violá-la constitui crime internacional.

Por esse motivo – e por outros, explicados no documento – as organizações que o elaboraram e o assinam requerem que o Brasil não aceite a nomeação de Dani Dayan como embaixador no Brasil. O manifesto foi protocolado em 21 de agosto no Escritório Regional da Secretaria Geral da Presidência da República, em São Paulo.

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Segue a íntegra do manifesto:

Manifesto

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Pela rejeição de embaixador nomeado por Israel

Nós, cidadãos, organizações e comitês de solidariedade ao povo palestino, abaixo assinados, rejeitamos a nomeação, pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, do sr. Dani Dayan como o novo embaixador de Israel no Brasil. Os motivos de nossa rejeição baseiam-se nas ações do nomeado, claramente violadoras das leis internacionais e dos direitos mais básicos do povo palestino.

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Empresário argentino naturalizado israelense, o sr. Dayan é conhecido como um dos maiores defensores da política de construção de colônias exclusivamente judaicas em território palestino, em expansão notadamente na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, Palestina ocupada.

Essa política sionista de colonização forçada e tudo o que a envolve e a ela se associa, em especial o muro que torna possível o confisco, por parte de Israel, de terras palestinas, foi considerada ilegal em parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ) em decisão anunciada em 9 de junho de 2004. Na ocasião, 14 membros da CIJ votaram a favor da condenação, e apenas um membro votou contra. Por fim, a Corte lembra aos países-membros da ONU o respeito à obrigação comum de evitar negociações de toda ordem com Israel, em função de seu desrespeito ao direito internacional. A Assembleia Geral da ONU aprovou o parecer da CIJ por ampla maioria -- 150 países a favor, incluído o Brasil, e 6 contra --, o que implica, praticamente, um consensus humani generis. Lembramos que os pareceres da CIJ, embora não tenham efeito vinculante nem eficácia direta, criam direito internacional, de acordo com o artigo 38 (d) dos Estatutos da instituição. E a lei, mesmo que violada por Israel, continua sendo lei.

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O sr. Dani Dayan, ao residir numa colônia exclusivamente judaica construída ilegalmente em território palestino -- Ma´ale Shomron, no norte da Cisjordânia -- e ao defender as políticas de construção e expansão dessas colônias, viola claramente o direito internacional, segundo o parecer da CIJ aprovado por maioria de votos (inclusive o do Brasil) na ONU.

Desde muito antes da fundação de Israel, em 1948, as ações dos sionistas têm sido no sentido de apropriar-se de toda a Palestina histórica. Hoje, dada a aplicação dessa política, a Palestina é formada por um território recortado pelo muro, pelas colônias e por rodovias de uso exclusivo de israelenses, aos quais as autoridades de Israel proíbem o acesso dos palestinos.

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Em artigo publicado na seção The Opinion Pages do jornal The New York Times em 25 de julho de 2012, cujo título é "Israel's Settlers Are Here to Stay", o sr. Dayan fala em "território em disputa", e não em "ocupação", justificativa sionista para defender os territórios tomados na Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Segundo ele, Israel tem o direito "inexpugnável" de chamar de "pátria" a Cisjordânia, que o sr. Dayan trata pelos nomes bíblicos de "Judeia e Samaria", numa clara alusão ao não reconhecimento da soberania palestina.

Para o sr. Dayan, a situação atual deve ser mantida e aprofundada – ou seja, o apartheid institucionalizado, a limpeza étnica, a expulsão sistemática de palestinos de suas casas e a demolição de grande número delas, a negação dos direitos humanos fundamentais a essa população – incluindo o retorno a suas terras, de onde vem sendo expulsa desde antes de 1948, ano da criação do Estado de Israel, que os palestinos chamam de nakba (catástrofe).

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Em outras palavras, o sr. Dayan defende abertamente o projeto sionista de um estado judeu homogêneo, sem palestinos, em toda a Palestina histórica.
Ele dedicou quase oito anos de sua vida servindo as forças de ocupação israelenses e presidiu, de 2007 e 2013, o Conselho Yesha, que representa os mais de 500 mil colonos israelenses estabelecidos ilegalmente em terras palestinas. Hoje, ocupa o posto de chefe de relações internacionais desse conselho.

Os colonos são atualmente a face mais agressiva da ocupação sionista, responsáveis por uma incessante perseguição aos palestinos (incluindo crianças); pela ameaça que representam ao invadir sítios palestinos carregando submetralhadoras e metralhadoras; pela expulsão de palestinos e confisco de suas casas; pela destruição de plantações, principalmente de oliveiras, base da economia palestina; calcula-se que, desde 1967, mais de 800 mil oliveiras tenham sido destruídas por colonos e autoridades israelenses.

Uma amostra aterradora do terror a que são submetidos os palestinos cotidianamente nas mãos dos colonos foi o assassinato, em 31 de julho último, do bebê Ali Dawabsha, de apenas 18 meses, queimado vivo pela ação de um colono na aldeia de Duma, em Nablus, Cisjordânia. É esse tipo de gente -- considerada terrorista, oficialmente, até pelos Estados Unidos -- que o sr. Dayan defende.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou que a nomeação do sr. Dani Dayan vai ao encontro de sua política de expansão da presença israelense na América Latina e nas relações Brasil-Israel. Segundo a mídia, o novo embaixador deve assumir o posto em outubro próximo.
Preocupa-nos sobremaneira o fato de que um criminoso venha a ser embaixador de Israel no Brasil. Não queremos que isso aconteça em nosso país. Assim, reiteramos nossa condenação a essa nomeação, e aproveitamos a oportunidade para reiterar nossa reivindicação de ruptura de relações com Israel, atendendo ao apelo da sociedade civil palestina por boicote, desinvestimento e sanções (BDS) a Israel.

Assinam:
Frente em Defesa do Povo Palestino/BDS Brasil
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
Comitê da Palestina Democrática – Brasil
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro
Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino do Abcdmrr/SP
Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino do Ceará
Comitê de Solidariedade à Palestina- Bahia
Comitê Brasileiro em Defesa dos Direitos do Povo Palestino
Anel – Assembleia Nacional dos Estudantes Livre!
Apropuc – Associação dos Professores da PUC-SP
Assisp - Associação Islâmica de São Paulo
Campanha Free Ahmad Sa'adat Brasil
CCAB – Centro Cultural Árabe-Brasileiro
Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
Comitê Pró-Haiti
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular
CUT – Central Única dos Trabalhadores
Esquerda Marxista
Fepal – Federação Árabe Palestina do Brasil
Juntos!
LS – Luta Socialista
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento de Mulheres Olga Benário
MLC – Movimento Luta de Classes
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Movimento Mulheres em Luta
Núcleo de Estudos Gamal Abdel Nasser- Centro Universitário Fundação Santo André/SP
Organização Indígena Revolucionária
PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
PSTU- Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Soweto Organização Negra
Tribunal Popular
UJR – União da Juventude Rebelião
UP – União Popular pelo Socialismo
Unidos pra Lutar

 

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