"Não é Lugo o destituído, é a história paraguaia"

Fernando Lugo discursa como ex-presidente: “Me submeto à decisão do Congresso e estou disposto a responder por meus atos"; vice Federico Franco assume e garante que a “transição se realiza dentro da ordem constitucional e em absoluto respeito às leis e tratados internacionais”

"Não é Lugo o destituído, é a história paraguaia"
"Não é Lugo o destituído, é a história paraguaia" (Foto: Divulgação)


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247 – "Hoje, não é Fernando Lugo que recebe um golpe, não é Fernando Lugo que é destituído; é a história paraguaia, sua democracia", iniciou seu discurso de despedida, falando já como ex-presidente, Fernando Lugo, após a aprovação de seu impeachment pelo Congresso. Ele criticou a "maneira covarde" como a decisão foi tomada e disse esperar que "os responsáveis tenham noção da gravidade de seus feitos”.

“Me submeto à decisão do Congresso e estou disposto a responder por meus atos como ex-mandatário nacional", continuou o ex-presidente. "Aos concidadãos e concidadãs, que não sem neguem o direito de manifestar sua opinião e faço um profundo chamado a que qualquer manifestação seja pacífica", pediu. "Que o sangue dos justos não se derrame nunca mais por cauda de interesses mesquinhos do nosso país”, completou. "Me despeço como presidente da República, mas não me despeço como cidadão paraguaio. Devo servir a esta nação onde precisem de mim, como no campo", emendou. 

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Decisão

O senado do Paraguai aprovou o impeachment do presidente do país, Fernando Lugo, por 39 votos a quatro. O vice, Federico Franco, que havia rompido politicamente com o presidente, deve assumir agora. O julgamento durou cerca de cinco horas e Fernando Lugo já deixou o Palácio Presidencial. Mais cedo, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) afirmou considerar o processo de destituição uma ruptura à democracia do país, prometendo intervir com ações caso o Senado decidisse pela condenação de Lugo.

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O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e mais 12 representantes de países da Unasul se reuniram hoje no Congresso Nacional do Paraguai para conversar com parlamentares e apresentar a posição comum da região. Os chanceleres querem reiterar o apoio à democracia e à ordem constitucional paraguaia, no processo que pode levar ao impeachment do presidente Fernando Lugo.

O grupo já se reuniu com representantes da Corte Suprema de Justiça do Paraguai e, na conversa, ratificaram a necessidade de permitir um julgamento justo de Lugo. Eles pretendem acompanhar durante todo dia os desdobramentos no Senado e os esclarecimentos que serão prestados pelo presidente Lugo. Ontem, Patriota destacou a necessidade de se preservar a estabilidade no Paraguai e assegurar o direito de defesa de Lugo.

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"Os presidentes consideram que os países da Unasul conquistaram com muito esforço a democracia e, neste sentido, devemos ser defensores estremados da integridade democrática na América do Sul", disse ontem o chancelar brasileiro, após uma reunião sobre o assunto no Rio de Janeiro. Dessa reunião participaram a presidenta Dilma Rousseff, além dos presidentes Evo Morares (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), entre outros.

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A situação no país é absolutamente delicada, em razão da velocidade com que o impeachment pode ser aprovado: o Senado paraguaio deverá avaliar, a partir das 14h30, as provas disponíveis em torno do conflito, na região de Curuguaty, entre tropas do exército e agricultores, no qual 17 pessoas foram mortas. Às 16h30, os senadores deverão votar pela queda ou permanência do presidente. Pelo resultado da aprovação da abertura do processo, Fernando Lugo não ter parece ter qualquer chance de ser absolvido da responsabilidade pelo massacre e, por isso, pagar com a perda do próprio mandato. O que não se compreende, dentro e fora das fronteiras paraguaias, é o 'timming' da crise, de vertiginosa rapidez.

Enquanto o Senado já tem seus horários, o presidente também se defende com horas bem demarcadas. Às 12h30, os advogados dele entraram na Justiça pedindo o bloqueio do julgamento político. Não se conhecem, ainda, as alegações. Às 15h30, uma hora antes, portanto, da sessão decisiva do Senado, anuncia-se a decisão judicial frente ao pleito presidencial, segundo informações correntes em Assunção. Está, assim, entre os poderes Judiciário e Legislativo do país vizinho o destino do chefe do Poder Executivo. O problema maior será se, como se sabe pela longa história do país de ruptura com a democracia, os militares resolverem entrar no jogo.

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Na imprensa paraguaia, há comentários pró e contra o presidente, a exemplo do site de notícias ABC Color. "Acho que é constitucional o julgamento, mas, infelizmente para fins políticos (buscam o bem de vocês), não para defender os cidadãos, não para lutar contra a pobreza", escreveu o leitor Bmoises Cabaña no espaço para comentários, se dirigindo a políticos. "Uma pessoa que rouba uma galinha tem ao menos 6 horas para se defender", revolta-se usuário que assina como "El Charro Charrito", em referência ao pequeno prazo de duas horas estipulado para Lugo apresentar sua defesa.

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O portal de notícias acusa o presidente de mentiroso. Segundo matéria intitulada "Lugo mente para buscar apoio", Lugo teria dito em uma entrevista à rádio Montecarlo, do Uruguai, que havia 50 mil manifestantes nas ruas da capital pedindo a suspensão do processo, considerado "injusto" pelo povo. Segundo o site, porém, a polícia local estima apenas dois mil 'luguistas' em frente ao Congresso.

Com informações da Agência Brasil

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