Hugo Chávez: um líder latino-americano

Uma jornalista brasileira foi a uma banca e pediu um jornal de oposição ao chavismo. O jornaleiro, meio atônito, lhe respondeu: Todos os jornais aqui são contrários a Chávez. Qual preferes?



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Hugo Chávez morreu. Enquanto venezuelanos choram a perda de seu presidente e grande líder, a imprensa brasileira comemora e critica sua imagem. Reconheço o direito daqueles que não gostam dele por suas opções políticas ou sua eloqüência discursiva contra os inimigos, mas numa época em que o modelo neoliberal reina em grande parte do mundo, doa a quem doer, um fato é certo: sua capacidade de recuperação dos conceitos de revolução e socialismo, com uma radical transformação da realidade social de seu país.

Desde sua chegada ao Palácio Miraflores, em janeiro de 1999, ele desenvolveu uma luta política e ideológica de envergadura. Não somente recuperou estes conceitos mas os transformou em ações concretas e de grandes resultados.  Com isso, sua morte o transforma em mito, por sua presença decisiva na Venezuela, e porque não dizer, na América Latina.

Depois de eleito presidente de um país considerado excepcionalidade na América Latina, por força de sua economia solidamente ancorada na produção de petróleo, uma rajada socialista ou antiliberal varreu o continente elegendo Lula, Evo Morales, Rafael Corea, Cristina Kirchner e Pepe Mujica, mudando a face política da região. O que era visto como exótico transformou-se em tendência política de fôlego continental.

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Com sua morte os meios de comunicação comerciais repetem o que sempre disseram: qualificam-no de ditador e cerceador da liberdade de expressão, por meio de campanhas de desinformação que citam fatos jamais comprovados. A verdade é que em 12 anos à frente do governo, Chávez realizou 15 eleições, plebiscitos ou referendos pelo voto popular livre e direto. Venceu 14 destes pleitos e respeitou democraticamente o único em que não teve o resultado que esperava.

O jornalista Beto Almeida conta uma história interessante: a uma conhecida que foi a Caracas e que tinha muitas dúvidas sobre o caráter democrático da relação de Chávez com a mídia, recomendei que fosse a uma banca de jornal qualquer e pedisse um jornal de oposição ao chavismo. Ela fez a experiência. Pediu um jornal anti-Chávez. O jornaleiro, meio atônito, lhe respondeu: Todos os jornais aqui são contrários a Chávez. Qual preferes ?”

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Esse epsódio ilustra Ironicamente como a liberdade de expressão e de imprensa na Venezuela é utilizada, pela oposição, para dizer que não existe liberdade de imprensa no país.

O que não é dito pela imprensa burguesa é que a gestão de Chávez mudou a face da Venezuela, um dos paises onde a elite era conhecida por seu alto consumo de champanhe e caviar, perdendo apenas para a burguesia francesa. Com a nacionalização da empresa estatal de petróleo, a PDVSA, a renda petroleira antes utilizada para atender a interesses americanos, passou a ser utilizada para pagar a dívida contraída contra o povo venezuelano durante décadas, e para diminuir a desigualdade social como um todo.

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Os resultados são visíveis: a Venezuela de hoje é “Território Livre do Analfabetismo”, conforme reconhecimento oficial da UNESCO, conquista que teve a participação solidária de educadores cubanos e de um método simples e revolucionário de alfabetização, batizado de “Sim, eu posso”, que alcança seu objetivo em poucas semanas.

Recentemente, a ONU reconheceu que a Venezuela é o país que melhor cumpre, na América Latina, as metas de desenvolvimento do milênio, com registros importantíssimos na redução da mortalidade infantil, na oferta de água potável à população, que já supera os 90 por cento do país. Chávez tirou cerca de 3 milhões de pessoas da miséria e permitiu a outros tantos ascenderem na escala da renda. Num país com 29 milhões de habitantes, fez da Venezuela a sociedade menos desigual da América Latina, segundo a ONU.

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O país conta hoje com satélite próprio; com curso de instalação de fábricas de tratores, caminhões, motocicletas e bicicletas; e está conectando-se com outros países caribenhos por cabos submarinos e também com fibra ótica com o Brasil.

Somente aqueles que não querem ver negam as vantagens, para brasileiros e venezuelanos, do crescimento das relações comerciais entre os dois países. No período do ex-presidente Lula, as relações bilaterais entre Brasil e Venezuela cresceram enormemente, saltando da escala dos milhões, para alcançar a escala dos 5 bilhões de dólares/ano.

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Sob o governo de Chávez o país se transformou num dos principais destinos de produtos e serviços brasileiros: hidrelétricas, pontes, metrô e estradas contam com a participação de construtoras brasileiras; a Embrapa brasileira em solo venezuelano colabora para o alcance da meta do governo de conquistar  soberania alimentar. Hoje, produtos alimentícios como o arroz e o leite já são produzidos, em boa medida, no país, e as donas de casa em Caracas sabem que o frango que compram vem do Brasil. Antes de Chávez, até mesmo o alface vinha de avião dos EUA, obviamente apenas para as mesas da elite.

É bom ainda lembrar  que a política externa implementada durante os governos Lula e Chávez contribuiu decisivamente  para a mudança da conjuntura latino-americana, a exemplo do enterro da ALCA e do surgimento da UNASUR, visando uma coordenação solidária para atuar de modo soberano no cenário internacional de crise do capitalismo.  

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Certamente, nada disso será lembrado pela mídia. Para desgosto dos inimigos do Brasil de plantão, que sempre apostaram e agiram para o fracasso da política entre os dois países e da integração sul-americana de uma maneira geral, tudo indica que nas próximas eleições para a presidência da Venezuela, vencerá o candidato chavista. E ai, com o ex-presidente morto, a quem a imprensa burguesa culpará ? Certamente ao mito Chávez.

Dep. Chico Vigilante

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Líder do Bloco PT/PRB

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