Procurador da Lava Jato diz que MP da Leniência é 'anistia a corruptos'

O procurador Carlos Fernando Lima, um dos coordenadores da Lava Jato, comparou a MP 703, que permite acordos entre União e empreiteiras, à lei de repatriação de capitais; "A urgência da MP da leniência só existe para evitar a aplicação de inidoneidade contra as empreiteiras. Elas têm muito a falar sobre o próprio governo. Portanto, tem dedo do governo, tanto na repatriação, quanto nessa MP", disse ele; o governo alega que os acordos, após o pagamento de multas pelas empresas, visam preservar empregos

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PR - COLETIVA LAVA JATO - POL�TICA - Deltan Dallagnol, Paulo Roberto Galvao, Carlos Fernando dos Santos Lima (Foto: Leonardo Attuch)


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Paraná 247 – Em entrevista aos jornalistas Renato Onofre e Thiago Herdy, publicada no jornal O Globo, o procurador da Lava-Jato Carlos Fernando dos Santos Lima, de 51 anos, voltou a criticar a Medida Provisória 703, que permite acordos de leniência entre a União e o governo federal.

"Sempre soubemos que, a longo prazo, as elites vão se compor de maneira a reduzir prejuízos que tiveram nessas operações. É o caso das legislações que vêm a posteriori. A MP 703 e a lei da repatriação são exemplo disso. A repatriação vem sendo falada desde o caso Banestado. É uma medida para socorrer as elites", disse ele.

Segundo ele, a MP 703 cria um incentivo à corrupção. "As medidas passam o recado de que este é um jogo que vale a pena ser jogado. Vale a pena ser corrupto no Brasil porque, ao final, nossa Justiça é lenta, nossos processos são intermináveis e, além de tudo, se nada disso der certo, você vai no governo e resolve o problema com uma nova lei."

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Ele afirma ainda ainda que há o "dedo do governo" para salvar empreiteiros. "A urgência da MP da leniência só existe para evitar a aplicação de inidoneidade contra as empreiteiras. Elas têm muito a falar sobre o próprio governo. Portanto, tem dedo do governo, tanto na repatriação, quanto nessa MP."

O governo federal alega, no entanto, que os acordos de leniência só são assinados após o pagamento de multas pelas empresas e visam preservar empregos. Além disso, não atingem os processos penais contra os executivos envolvidos em corrupção.

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Lima também negou violações de direitos na Lava Jato, como foi apontado por um manifesto de advogados. "Tivemos mais de 700 habeas corpus e recursos julgados, nem 10% foram concedidos, acho que nem 1%. A Lava-Jato está fazendo com que o Brasil tenha um caminho da punição para quem cometeu crimes."

Ele também negou que delatores estejam sendo incentivados a falar o nome do ex-presidente Lula. "Não creio que seja verdade, pois desconheço uma colaboração onde o ex-presidente tenha sido citado expressamente. Portanto, ela (a afirmação) é injusta. E nem sei também se ele poderia saber das delações, já que a maior parte delas está em sigilo."

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