Dallagnol alerta para risco de políticos tentarem autoanistia na Lava Jato

Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, 37, diz ter certeza de que os ataques dos parlamentares à operação serão mais intensos a partir de agora; Dallagnol comparou a situação da Lava Jato com a operação Mãos Limpas, que investigou crimes de políticos na Itália, e traçou um prognóstico sombrio: há risco de que os políticos brasileiros revertam os ganhos da Lava Jato no futuro; "Pessoas têm memória curta. Na Itália, a maior parte do esvaziamento da operação começou depois de decorridos oito anos do início da investigação. É como se, em 2022, os políticos envolvidos na Lava-Jato fossem discutir uma autoanistia"

O procurador da República Deltan Dallagnol, que integra o núcleo da Operação Lava Jato, participa de lançamento, no Rio, do projeto 10 Medidas Contra a Corrupção, do MPF (Vladimir Platonow/Repórter da Agência Brasil)
O procurador da República Deltan Dallagnol, que integra o núcleo da Operação Lava Jato, participa de lançamento, no Rio, do projeto 10 Medidas Contra a Corrupção, do MPF (Vladimir Platonow/Repórter da Agência Brasil) (Foto: Giuliana Miranda)


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Paraná 247 - Coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol, 37, diz ter certeza de que os ataques dos parlamentares à operação serão mais intensos a partir de agora. "Mas o resultado é imprevisível porque tudo depende da continuidade ou não do apoio da população ao combate da impunidade”, disse ele.

Dallagnol comparou a situação da Lava Jato com a operação Mãos Limpas, que investigou crimes de políticos na Itália, e traçou um prognóstico sombrio: há risco de que os políticos brasileiros revertam os ganhos da Lava Jato no futuro."Pessoas têm memória curta. Na Itália, a maior parte do esvaziamento da operação começou depois de decorridos oito anos do início da investigação. É como se, em 2022, os políticos envolvidos na Lava-Jato fossem discutir uma autoanistia".

As informações são de reportagem de  Eduardo Militão, Leonardo Cavalcanti e Natália Lambert no Correio Braziliense.

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"A grande peculiaridade da Lava Jato, que aqui também é semelhante à Mãos Limpas, é que a lei e as provas criam um quadro em que a tendência é a punição de muitos dos atuais legisladores. Será que esses parlamentares, que influenciam o conteúdo da lei, permitirão que ela seja usada para punir a eles mesmos? Há quem diga que aplicar a lei a poderosos é abuso de autoridade. Para mim, é honrar a Constituição, que determina que todos, inclusive políticos e grandes empresários, devem ser iguais perante a lei."

O coordenador da Lava Jato também atacou o foro privilegiado dos parlamentares: 

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"Eu gostaria de estar errado, mas políticos com foro provavelmente ficarão impunes se nada mudar. Isso não significa que tenha que ser assim. Uma saída é uma redução drástica do foro privilegiado, com uma reforma simultânea para que o sistema de justiça criminal se torne funcional inclusive em relação a colarinhos brancos. A redução do foro é meia solução, porque de nada adianta o político passar a ser processado na primeira instância se a regra do sistema de justiça é a impunidade de poderosos. A Lava-Jato é um ponto fora da curva do sistema disfuncional e os casos envolvendo políticos podem vir a ser espalhados para vários locais do país. No início de 2014, o procurador-geral Rodrigo Janot deu uma entrevista em que afirmou que o Supremo teria que fazer só isso, ao longo dos cinco anos seguintes, se quisesse julgar os 200 potenciais casos contra parlamentares daquela época. Mesmo com a mudança do julgamento de processos criminais do plenário para as turmas, o excesso de causas no Supremo e o crescimento do número de políticos investigados tornam o futuro preocupante. O exemplo que temos é o mensalão, um caso que é uma pequena fração do todo revelado na Lava-Jato e que somente chegou a cabo após oito anos de condução a ferro e fogo pelo ministro Joaquim Barbosa, com sacrifício da pauta constitucional para o qual o STF foi criado."

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