Caos na segurança é primeira crise de Câmara

A rebelião no sistema prisional de Pernambuco que entra em seu terceiro dia consecutivo não expôs apenas a falência do sistema carcerário estadual, mas também coloca o governador Paulo Câmara (PSB) diante da primeira crise política e social do seu mandato, que completa 21 dias nesta quarta-feira; além das mortes de dois detentos – um deles decapitado – e de um sargento da PM, os policiais militares realizam, nesta tarde, uma assembleia que poderá resultar em uma nova greve da corporação às vésperas do Carnaval

A rebelião no sistema prisional de Pernambuco que entra em seu terceiro dia consecutivo não expôs apenas a falência do sistema carcerário estadual, mas também coloca o governador Paulo Câmara (PSB) diante da primeira crise política e social do seu mandato, que completa 21 dias nesta quarta-feira; além das mortes de dois detentos – um deles decapitado – e de um sargento da PM, os policiais militares realizam, nesta tarde, uma assembleia que poderá resultar em uma nova greve da corporação às vésperas do Carnaval
A rebelião no sistema prisional de Pernambuco que entra em seu terceiro dia consecutivo não expôs apenas a falência do sistema carcerário estadual, mas também coloca o governador Paulo Câmara (PSB) diante da primeira crise política e social do seu mandato, que completa 21 dias nesta quarta-feira; além das mortes de dois detentos – um deles decapitado – e de um sargento da PM, os policiais militares realizam, nesta tarde, uma assembleia que poderá resultar em uma nova greve da corporação às vésperas do Carnaval (Foto: Paulo Emílio)


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Paulo Emílio, Pernambuco 247 - A rebelião no sistema prisional de Pernambuco que entra em seu terceiro dia consecutivo não expôs apenas a falência do sistema carcerário estadual, mas também coloca o governador Paulo Câmara (PSB) diante da primeira crise do seu mandato, que completa 21 dias nesta quarta-feira. Além das mortes de dois detentos – um deles decapitado por outros presidiários – e de um sargento da Polícia Militar, os policiais militares realizam, na tarde desta quarta-feira uma assembleia que poderá resultar em uma nova greve da corporação às vésperas do Carnaval. A despeito dos resultados do programa Pacto pela Vida, a segurança pública ameaça ser o calo da atual gestão.

A crise não começou agora. Em 2014, tanto presos como policiais expuseram suas queixas como de praxe. De um lado, os detentos promoveram motins e tumultos contra as péssimas condições carcerárias, resultando em mortes de pessoas que, em tese, estariam sob os cuidados do Estado. Do outro lado, policiais e agentes penitenciários reclamando do déficit de pessoal, falta de equipamentos e reivindicando melhorias salariais e das condições de trabalho. A situação que já vinha se acumulando de anos anteriores, acabou resultando em um greve por parte da PM. Nos dias seguintes à deflagração da paralisação, uma onda de saques e violência tomou conta do Estado.

Na época, Paulo Câmara acompanhou a situação como candidato ao Governo do Estado, mas anteriormente ele acompanhou a situação como secretário da Fazenda. A crise anunciada, porém, começou a ganhar corpo quando o secretário executivo de Ressocialização, Humberto Inojosa, pediu exoneração do cargo após passar apenas três meses na função, na gestão do então governador João Lyra (PSB).

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Poucos dias depois, imagens veiculadas pela televisão mostraram detentos armados com facões e falando ao celular e realizando festas sem nenhum problema nas dependências carcerárias do Complexo Prisional do Curado, o maior do Estado, localizado na Zona Oeste do Recife. Somente ali, as três unidades do presídio possuem; juntas, 2,3 mil vagas. O número de presos, contudo, chega a 6,9 mil.

Na segunda-feira, quando a primeira rebelião estourou, apenas seis agentes penitenciários, trabalhavam no local. A segurança é realizada por PMs, mas em número considerado insuficiente, já que muitas das guaritas estão sem vigilância. A situação, inclusive, já havia sido alvo de uma série de recomendações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas pouco foi feito para aliviar a pressão sobre o sistema carcerário.

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A deflagração do motim também expôs a falta de informações dentro do próprio governo. O atual secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, disse não ter conhecimento de onde andam os 85 pares de antenas bloqueadoras de celulares que teriam sido adquiridos no ano passado ao custo de R$ 1,7 milhão, conforme anunciado na época pelo Governo do Estado.

O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco (Sindaspe), também denuncia que os equipamentos de raios-x, voltados para evitar a revista vexatória de parentes dos detentos, também não foram instalados porque não funcionam. O déficit de agentes ara atender às necessidades estaduais, segundo o sindicato, chega a 4,7 mil homens.

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O sistema carcerário de Pernambuco é o mais superlotado do país em termos proporcionais. Ao todo, são cerca de 31 mil detentos para 10 mil vagas. O Estado registra, ainda, cerca de 100 mil mandados de prisão em aberto.

Diante da crise, o governo prometeu algumas medidas para melhorar as condições do sistema prisional, como a contratação imediata de 132 agentes de segurança penitenciária já aprovados em concurso, além da entrega de novas unidades prisionais como as de Tacaimbó. Santa Cruz do Capibaribe e Araçoiaba.

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Também foi prometida a contratação de advogados para atender a uma das reinvindicações imediatas exigidas pelos detentos rebelados: agilizar o andamento dos processos, especialmente os que tratam de progressão das penas que estariam represados pela Justiça.

A construção de novas unidades também é um desafio para o governo. A construção da unidade de Itaquitinga encontra-se paralisada por problemas contratuais. Seria ali que os presos que hoje cumprindo pena na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife, seriam transferidos.

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O secretário de Justiça, Pedro Eurico, disse em reserva que a transferência e a consequente desativação do presídio seria apenas transferir o problema de um lugar para outro, já que não seriam criadas novas vagas. Questionado sobre o assunto, ele recuou do posicionamento anterior.

Desde que a crise nos presídios estourou, Paulo Câmara cancelou suas agendas públicas. O único momento em que apareceu foi durante o velório do PM morto o confronto da segunda-feira. Desde a segunda-feira, ele tem realizado uma série de reuniões para monitorar e enfrentar o problema antes que este fuja do controle, afinal ninguém quer que uma tragédia como a registrada no complexo de Pedrinhas (MA) ocorra em seu estado.

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Agora, a situação tende a ficar ainda mais complexa. Os policiais militares, liderados pelo cabo Joel da Harpa, ameaçam cruzar os braços caso o governo não cumpra o acordado na última greve da categoria, realizada no ano passado.
Joel, que elegeu-se deputado estadual nas últimas eleições e está cotado para disputar a prefeitura do Cabo de Santo Agostinho – um dos maiores municípios do Estado – mandou o recado pela imprensa.

"A tropa é o povo, que é soberano. Meu desejo é que a gente se entenda, porque estamos à beira do Carnaval. Mas é a categoria que vai responder", disse. Com a crise ganhando corpo, a oposição tentou ganhar corpo criticando o governo sem oferecer nenhuma alternativa concreta para resolver o problema ou de maneira aliviar a situação.

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A expectativa agora gira em torno de como Paulo Câmara irá lidar com a situação uma vez que rebeliões e greves de policiais são uma das principais dores de cabeça para qualquer governo e a atual gestão, que começou há menos de um mês não quer ser marcada por esta situação.

Os próximos dias e as decisões que serão adotadas nos próximos dias deverão dar a tônica dos rumos a serem tomados pelo governo nos próximos meses.

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