Afif, camaleão da política, fecha reforma de Dilma

Arenista com Paulo Maluf, integrante do PDS e do PL, próximo ao PMDB e vice-governador do tucano Geraldo Alckmin, Guilherme Afif Domingos foi confirmado pelo Palácio do Planalto como secretário da Micro e Pequena Empresa; com status de ministro, claro; fundador do PSD de Gilberto Kassab, é marqueteiro nato e amigo do poder; posse será na quinta-feira 9

Afif, camaleão da política, fecha reforma de Dilma
Afif, camaleão da política, fecha reforma de Dilma


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247 - Um verdadeiro camaleão da política acaba de entrar para o governo da presidente Dilma Rousseff. Vice-governador de São Paulo, com mais de 30 anos de atividade em partidos políticos, sempre no vácuo de poderosos, Guilherme Afif Domingos foi confirmado pelo Palácio do Planalto como secretário nacional da Micro e Pequena Empresa. Com status de ministro.

Ao deixar São Paulo com destino à Brasília, Dilma reuniu-se, na ala oficial do aeroporto de Congonhas, com o vice-presidente Michel Temer, o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD e atual padrinho de Afif, e o próprio vice-governador. Ali, acertou os detalhes para a transposição de Afif do governo paulista para a administração federal. A presidente quer manter o PSD na base governista, mas a verdade é que tem motivos para não confiar integralmente em Kassab. Na eleição paulistana, o então prefeito cozinhou seu apoio ao PT em banho maria, em tratativas diretas com o ex-presidente Lula, mas na hora combinada transferiu seu apoio, e o da máquina municipal, para José Serra.

Superadas as legítimas dúvidas, é certo que Dilma ganhará em sua equipe um quadro que sabe criar fatos. Guilherme Afif é um verdadeiro marqueteiro, que desde seus tempos de malufista de quatro costados, quando foi secretário de Agricultura do então governador Paulo Maluf, na virada da década de 1970 para 1980, produz ideais galvanizantes. Ali, criou os chamados sacolões, onde hortifrutigranjeiros eram vendidos sem intermediários, diretamente do produtor para as prateleiras. Isso baixou o preço daqueles produtos, multiplicou os sacolões por todo o Estado e até hoje o nome e o princípio prevalecem, mais de 30 anos depois.

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Em 1989, juntando suas mãos e dando em si mesmo um abraço, Afif criou ele próprio o slogan Juntos Chegaremos Lá, para sua candidatura a presidente da República, pelo PL. Em junho de 1989, num cenário com mais de uma dezena de candidatos, ele chegou a disparar nas pesquisas, fazendo frente ao líder Fernando Collor, que venceria o pleito. Foi abatido, porém, por um livro. No catatau Quem Foi Quem na Constituinte, feito pelo Diap – Departamento Intersindical de Apoio Parlamentar -, Afif levou nota zero por sua postura, como deputado constituinte, em dez temas de interesse dos sindicatos. Não se recuperou do baque, mas saiu da eleição pronto para novos voos.

No governo do PMDB de Luiz Fleury, depois da administração de Orestes Quércia em São Paulo, Afif era o secretário de Indústria e Comércio nomeado, mas abdicou na véspera da posse, alegando a necessidade de cuidar pessoalmente da companhia de seguros da sua família, a Indiana.

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Quando parecia que o ex-malufista, que inclusive falava com entonação tal qual a do próprio Maluf nos tempos áureos estava se aposentando, ele ressurgiu como presidente da Associação Comercial de São Paulo. Em seguida, nos governos municipais de José Serra e Gilberto Kassab, participou do conselho político de ambos e, movendo-se consistentemente entre os tucanos, obteve o cobiçado lugar candidato a vice-governador de uma barbada, o candidato Geraldo Alckmin em 2010. Emplacou e, de quebra, foi premiado com a Secretaria de Energia, recheada de verbas e projetos estratégicos. Seduzido por sua origem ainda mais conservadora que a dos tucanos, Afif, no poder, comportou-se mais como um satélite de Kassab do que uma estrela a serviço de Alckmin e, ao seu modo pensando grande, assinou com o então prefeito a ficha de fundação do PSD. Atacado pelo tucanos, Afif foi defenestrado por Alckmin, que o apeou da pasta da Energia, rompendo politicamente com ele.

Como se vê, no entanto, o camelão Afif está tão vivo quanto antes. Transmutando-se para o PSD, depois de ter sido da Arena, do PDS e  do PL, próximo a peemedebistas, tucanos e, agora, petistas como a presidente Dilma, que já o recebeu no Planalto, Afif pode, ao seu estilo, dar sua contribuição para a tentativa de reeleição da presidente, em 2014 – e desde já, continuar no poder como secretário das Micros e Pequenas Empresas. 

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Abaixo, noticiário do dia sobre a indicação de Afif:

247 - Nesta segunda-feira, no mesmo dia em que anunciou a redução da taxa de juros para microempreendedores de 8% para 5% ao ano (leia mais aqui), a presidente Dilma Rousseff finalmente concluiu sua reforma ministerial, ao convidar o empresário Guilherme Afif Domingos, do PSD, para chefiar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

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Com 69 anos, vice-governador de São Paulo, filiado ao PSD, Afif foi deputado federal Constituinte, ex-presidente do Conselho do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e por duas vezes presidente da Associação Comercial de São Paulo. Na avaliação do Palácio do Planalto, “Afif Domingos tem tido papel relevante em todos os processos que, nos últimos anos, resultaram no estímulo e na valorização das micro e pequenas empresas no país”, de acordo com o texto divulgado pela Secom.

A Secretaria da Micro e Pequena Empresa será o 39º ministério do governo federal e terá estrutura já existente que será deslocada do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Com isso, todas as atribuições que o MDIC tem atualmente referentes a esse assunto passarão para o novo ministério. Da mesma forma, os servidores e o patrimônio que constavam da secretaria, que antes era ligada à pasta do Desenvolvimento, agora servirão ao novo ministério.

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O projeto que criou a secretaria foi aprovado em março no Senado e provocou protestos de oposicionistas que questionaram a necessidade de mais um ministério e os custos da nova pasta.

Leia, abaixo, a informação postada no Blog do Planalto:

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Do Blog do Planalto - A presidenta Dilma Rousseff convidou Guilherme Afif Domingos para comandar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Dilma desejou sucesso ao novo ministro, que tomará posse na próxima quinta-feira (9), às 10h.

Veja abaixo a íntegra da nota:

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A presidenta Dilma Rousseff convidou Guilherme Afif Domingos para chefiar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. O Ministério vai formular políticas de apoio a micro e pequenas empresas, segmento fundamental para a geração de empregos e o desenvolvimento da economia brasileira.

Por duas vezes presidente da Associação Comercial de São Paulo, ex-presidente do Conselho do Sebrae, ex-deputado federal constituinte e atual vice-governador de São Paulo, Afif Domingos tem tido papel relevante em todos os processos que, nos últimos anos, resultaram no estímulo e na valorização das micro e pequenas empresas no país.

A presidenta desejou sucesso a Guilherme Afif Domingos e manifestou sua confiança no desempenho do novo ministro à frente da pasta. A posse será na próxima quinta-feira, às 10 horas.

Com Agência Brasil

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