Suíça indiciou lobista tucano. Brasil arquivou

José Amaro Pinto Ramos (alto à esq.), que era próximo a Sergio Motta, homem forte do governo FHC, foi indiciado pela justiça suíça pelo pagamento de propinas do caso Alstom; “eles foram indiciados por lavagem de dinheiro agravado assim como por corrupção de funcionários estrangeiros”, destaca o dossiê que a Suíça enviou ao Brasil em fevereiro de 2011 e que, durante anos, ficou engavetado no gabinete do procurador Rodrigo de Grandis; como nenhuma providência concreta foi tomada, a denúncia contra o lobista foi arquivada e as autoridades suíças reclamaram do "pouco caso" daqui

José Amaro Pinto Ramos (alto à esq.), que era próximo a Sergio Motta, homem forte do governo FHC, foi indiciado pela justiça suíça pelo pagamento de propinas do caso Alstom; “eles foram indiciados por lavagem de dinheiro agravado assim como por corrupção de funcionários estrangeiros”, destaca o dossiê que a Suíça enviou ao Brasil em fevereiro de 2011 e que, durante anos, ficou engavetado no gabinete do procurador Rodrigo de Grandis; como nenhuma providência concreta foi tomada, a denúncia contra o lobista foi arquivada e as autoridades suíças reclamaram do "pouco caso" daqui
José Amaro Pinto Ramos (alto à esq.), que era próximo a Sergio Motta, homem forte do governo FHC, foi indiciado pela justiça suíça pelo pagamento de propinas do caso Alstom; “eles foram indiciados por lavagem de dinheiro agravado assim como por corrupção de funcionários estrangeiros”, destaca o dossiê que a Suíça enviou ao Brasil em fevereiro de 2011 e que, durante anos, ficou engavetado no gabinete do procurador Rodrigo de Grandis; como nenhuma providência concreta foi tomada, a denúncia contra o lobista foi arquivada e as autoridades suíças reclamaram do "pouco caso" daqui (Foto: Leonardo Attuch)


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247 - Já não se pode mais dizer que o caso Alstom bate à porta do PSDB. Invadiu a casa. O fato novo é a informação que acaba de ser publicada pelo jornalista Fausto Macedo, repórter do Estado de S. Paulo e um dos mais tarimbados profissionais da imprensa brasileira. A justiça suíça decidiu indiciar por corrupção o lobista tucano José Amaro Pinto Ramos, que era muito próximo ao ex-ministro Sergio Motta, homem forte do governo FHC. Mas a história terminou de forma vergonhosa: como nenhuma providência foi tomada no Brasil, a acusação, que dependia da colaboração do procurador Rodrigo de Grandis, acabou sendo arquivada.

Segundo a reportagem de Fausto Macedo (leia aqui a íntegra), José Amaro Pinto Ramos era um dos principais responsáveis pelo pagamento de propinas nas compras do metrô de São Paulo e da CPTM, bem como na área de energia. Eis alguns trechos:

José Amaro Pinto Ramos, famoso lobista amigo de empreiteiros e políticos do PSDB, foi indiciado na Suíça por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos no caso Alstom.  A informação consta de relatório do Ministério Público da Confederação Helvética (MPC), datado de 21 de fevereiro de 2011, que agora municia investigação no Brasil sobre a Alstom e suposto esquema de pagamento de propinas.  (...) Amaro Ramos é citado no dossiê dos procuradores da Suíça no mesmo processo de investigação de polícia criminal aberto contra outros dois empresários e engenheiros brasileiros, igualmente rotulados de lobistas: Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira – este já falecido.

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Rastreamento bancário mostra que Arthur Teixeira fez depósitos na conta Milmar, alojada no Credit Suisse de Zurique, de titularidade do engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor de operações e manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), entre 1998 e 2003.

A investigação mostra que Zaniboni recebeu US$ 836 mil, parte desse montante repassado por Arthur Teixeira. Os investigadores brasileiros suspeitam que Arthur Teixeira era o pagador de propinas do esquema Alstom. Sua defesa nega enfaticamente tal prática.

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O processo SV 10.0173-LEN, da Suíça, foi aberto em 7 de outubro de 2008. “Um processo de investigação de polícia criminal contra Arthur Gomes Teixeira que foi estendido, em base aos resultados obtidos na investigação até essa altura, a José Amaro Pinto Ramos, assim como a Sérgio Meira Teixeira”.

“Eles foram indiciados por lavagem de dinheiro agravado assim como por corrupção de funcionários estrangeiros”, destaca o dossiê que a Suíça enviou ao Brasil em fevereiro de 2011.

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O relatório da Procuradoria da Suíça é taxativo. “Acusa-se as pessoas mencionadas de terem assistido companhias da Alstom na obtenção de projetos de grande porte no Brasil, particularmente no âmbito dos transportes, em qualidade de tais consultorias e terem transmitido no âmbito dessas atividades propinas por conta da Alstom.”

Amaro Ramos é citado como controlador da EPCINT Assessoria Técnica S/C Ltda, sediada em São Paulo. O lobista preferido dos tucanos teria usado a EPCINT para repassar valores a agentes públicos, suspeitam os investigadores.

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“Consta dos resultados obtidos até agora no âmbito do presente processo que há uma suspeita que companhias do grupo francês Alstom em São Paulo, Brasil, teria corrompido, com a cumplicidade de cidadãos brasileiros, funcionários públicos no contexto da atribuição de contratos efetuados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos”, assinala a Procuradoria da Suíça.

O dossiê da Suíça foi encaminhado em 21 de fevereiro de 2011 para o Ministério Público Federal em São Paulo junto com “pedido de auxílio judiciário”, subscrito pelo procurador federal suíço Stefan Lenz.

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(...)

Além de uma inspeção na residência de João Roberto Zaniboni, a Suíça pediu outras medidas, como o interrogatório de Arthur Gomes Teixeira e José Amaro Pinto Ramos. (...) Mas nenhuma diligência foi realizada, frustrando as autoridades suíças. O pouco caso do Brasil teria provocado o arquivamento de parte das investigações na Suíça.

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Neste sábado, reportagem da Folha de S. Paulo apontou que a investigação não foi adiante porque o procurador Rodrigo de Grandis teria engavetado o caso, alegando "falha administrativa" e que o pedido de cooperação e de diligências foi arquivado numa pasta equivocada (saiba mais aqui).

Leia, ainda, reportagem anterior do 247 sobre José Amaro Pinto Ramos:

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LOBISTA É O ELO PERDIDO ENTRE ALSTOM E PSDB-SP

Antigo personagem das sombras da política paulista, José Amaro Pinto Ramos está sendo investigado pela Polícia Federal e ministérios públicos federal e estadual; por meio do ex-ministro Sergio Motta, ele se aproximou do governo de Fernando Henrique em 1994; nesta órbita, apresentou marqueteiros e executivos dos setores de transportes e energia aos tucanos; remunerado pela Alstom, como ele próprio admitiu em entrevista, lobista brasileiro que vive nos EUA aparece na origem do escândalo que pode ter envolvido até R$ 1 bilhão em propinas para executivos estaduais paulistas nas gestões do PSDB em São Paulo nos últimos 18 anos 

8 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 18:10

247 – Um velho personagem das sombras da política paulista está de volta à cena aberta. Sob suspeita de ser o primeiro elo de ligação entre os chefes tucanos e a multinacional francesa Alstom, o lobista global brasileiro José Amaro Pinto Ramos está sendo investigado pela Polícia Federal e promotores dos ministérios públicos estadual e federal.

Desconfia-se que Pinto Ramos, homem de fino trato, amante das artes e dos bons modos, com residência permanente nos EUA, possa ter atuado na criação da parceria entre a Alstom e caciques do partido, o que valeu à companhia gordos contratos no sistema de transportes operado pelos governos estaduais tucanos em São Paulo desde 1994.

Aos executivos das administrações tucanas no Palácio dos Bandeirantes, a parceria com a Alstom teria valido até R$ 1 bilhão em propinas. A também multinacional Siemens teria colaborado com somas vultuosas para o esquema. A partir de denúncias formais feitas por integrantes da cúpula da Siemens, o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) está concluíndo uma longa investigação sobre corrupção em torno do sistema de metrô e trens da região metropolitana de São Paulo.

20 ANOS DE PODER - O ponto de contato inicial entre Pinto Ramos e os tucanos teria sido o ex-ministro das Comunicações Sergio Motta. Verdadeiro ídolo entre os tucanos, Motta gostava de dizer que pilotava um esquema político capaz de levar o PSDB a permanecer 20 anos no poder no Brasil. A Alstom esteve entre as empresas que colaboraram para a reeleição de FHC, em 1998 (aqui).

No Estados Unidos, após a vitória de Fernando Henrique nas eleições presidenciais de 1994, Pinto Ramos apresentou Motta a um dos principais marqueteiros do então presidente americano Bill Clinton, James Carville. Em seguida, numa festa que ele próprio deu em homenagem a FHC, Pinto Ramos teria aproximado Motta do então diretor da Siemens Jack Cizain. A partir daí, as investigações apuram como passaram a se desenvolver as relações entre a Alstom e os governos paulistas.

Com trânsito livre entre todos os escalões dos tucano, Motta tanto era ligado a Fernando Henrique como era próximo dos ex-governadores Mario Covas e José Serra. Especializado em viabilizar grandes projetos industriais nas áreas de energia e transportes, Pinto Ramos teria atuado para tornar mais fácil o caminho da Alstom dentro da máquina adminitrativa paulista. O que se sabe é que os principais contratos para a construção de vias férreas e metrô na Grande São Paulo foram conquistados pela Alstom.

As informações sobre as investigações da PF e do Ministério Público sobre Pinto Ramos foram reveladas pelas jornalista Vaconcelo Quadros, do portal G1.

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