Datafolha amplia percepção de mal-estar do eleitor

Questionário do instituto do grupo Folha, de Otávio Frias Filho, traz uma série de perguntas sobre insegurança, Pasadena e risco de apagão; estrutura das perguntas tende a criar um certo mal-estar no entrevistado; resultado sai apenas no sábado, mas a especulação já corre solta na Bovespa, onde as estatais registraram ontem fortes altas

Questionário do instituto do grupo Folha, de Otávio Frias Filho, traz uma série de perguntas sobre insegurança, Pasadena e risco de apagão; estrutura das perguntas tende a criar um certo mal-estar no entrevistado; resultado sai apenas no sábado, mas a especulação já corre solta na Bovespa, onde as estatais registraram ontem fortes altas
Questionário do instituto do grupo Folha, de Otávio Frias Filho, traz uma série de perguntas sobre insegurança, Pasadena e risco de apagão; estrutura das perguntas tende a criar um certo mal-estar no entrevistado; resultado sai apenas no sábado, mas a especulação já corre solta na Bovespa, onde as estatais registraram ontem fortes altas (Foto: Sheila Lopes)


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247 - A pesquisa Datafolha que será divulgada neste fim de semana deve apontar queda da presidente Dilma Rousseff e alta dos oposicionistas Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB. 

Uma análise linguística demonstra que o questionário gera uma percepção de mal-estar nos entrevistados, segundo análise do site Mudamais.com

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A intenção de voto para presidente da república é abordada em oito questões. Além disso, são colocadas quatro sobre a percepção do governo Dilma, três sobre a percepção do país atual, sete sobre a percepção da economia, quatro sobre violência, duas sobre a Copa do Mundo, uma sobre os protestos de junto, cinco sobre a questão da refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobras, cinco sobre a percepção de emprego e três sobre a falta de chuvas e o abastecimento de água e energia – neste caso, com um detalhe: embora São Paulo esteja à beira de um racionamento de água, o problema é apresentado como federal, capaz de produzir apagões.

Segundo o professor Dioney Moreira Gomes, do Departamento de Linguística da Universidade de Brasília, a sequência e os termos usados na pesquisa do instituto Folha, de Otávio Frias Filho, demonstração tendenciosidade e o desejo de produzir um resultado: queda da presidente Dilma, alta dos oposicionistas.

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A revista começa pela percepção sobre alta dos alimentos (clique nas imagens para ampliá-las):

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O verbo notar já pressupõe alteração, ou seja, traz carga de indução. Em seguida, vem violência:

 

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A palavra agressão é um termo bem abrangente do que assalto ou roubo. Serve até para uma briga de trânsito ou uma discussão no trabalho. No entanto, a resposta positiva pode ampliar a percepção sobre violência.

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Depois disso, vem a Copa:

 

Aqui começa a se revelar a importância da sequência das perguntas. Após ser aproximado de uma realidade de violência em três momentos (perguntas 24, 25 e 26), o entrevistado ouve uma pergunta sobre Copa do Mundo. E a percepção positiva de um evento festivo nem chega perto da associação de ideias. A tendência de resposta vai ser negativa, contrária ao evento.

 

“Por trazer duas impressões distintas, a impressão pessoal e a coletiva, essa pergunta permite respostas contraditórias. Se você for fanático por futebol, eis a brecha para dizer que a Copa vai ser positiva – e ainda pode dizer que o evento vai ser negativo para o resto do Brasil”.


 

Na sequência de oito perguntas anteriores, o entrevistado foi levado a pensar em insegurança, violência, alta de preços e Copa do Mundo realizada em momento inapropriado. Esta pergunta fala de protestos. Ainda que o entrevistado não tenha ouvido falar em protesto nenhum, ele vai inferir que, se há protesto, é porque algo está errado. Eis o motivo pelo qual uma única pergunta sobre protestos é mais que suficiente neste questionário Datafolha.


Mais uma vez, destaca. Em seguida, depois de dez questões que o induziram a pensar em caos, o entrevistador quer saber do entrevistado suas impressões a respeito da questão da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. 

Outro detalhe: “Tomar conhecimento” significa estar por dentro dos fatos; “não tomar conhecimento” é estar por fora. A tendência de resposta do entrevistado é de que sim, tomou conhecimento – ainda que nem saiba do que se trata. Mas isso não é motivo para preocupação, pois o Datafolha induzirá as próximas respostas. Acompanhe.

 

Segundo o professor da UnB, o leitor é induzido a responder a segunda opção. Com um raciocínio simples: “ainda que eu não tenha ouvido falar em nada, se algo aconteceu de errado tem a ver com maracutaia, corrupção”, explica Dioney.

 

Na sequência, o questionário Datafolha chegou à pergunta que, para Dioney, equivale à que foi feita a respeito do ex-presidente Lula à época do mensalão. A intenção aqui é imputar a culpa na presidente. E as perguntas seguintes ajudam a sacramentar no entrevistado a ideia de que algo muito errado se passa na Petrobras.

Depois disso, vêm as chuvas, capazes de produzir um racionamento de energia, mas não a falta de água em São Paulo.



 

 

O Datafolha trará as respostas a todas essas indagações no próximo fim de semana, quando serão divulgados os resultados da pesquisa registrada no TSE sob número PO 813739.

Mas o resultado já é previsível. Tanto que a especulação corre solta na Bovespa, onde, ontem, as ações de estatais dispararam – diante da perspectiva de queda da presidente Dilma.

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