De FHC a Merval, tese do voto útil tensiona PSDB

Tucanos pedem estratégia comum entre candidatos do PSDB e do PSB; de olho nos humores de Marina Silva, ex-presidente FHC usa máxima delicadeza; "Não quero que ela tome essas palavras como restrição a ela", disse ele ontem; Merval Pereira se esforça para indicar benefício para Aécio Neves com o "voto útil", mas admite que Marina pode ser a grande depositária; agências Reuters noticia plano tucano; mas realidades estaduais indicam que Marina não fará menção a uma futura aliança; será mesmo que a tese do voto útil, lançada a esta altura, é mesmo boa para Aécio?

Tucanos pedem estratégia comum entre candidatos do PSDB e do PSB; de olho nos humores de Marina Silva, ex-presidente FHC usa máxima delicadeza; "Não quero que ela tome essas palavras como restrição a ela", disse ele ontem; Merval Pereira se esforça para indicar benefício para Aécio Neves com o "voto útil", mas admite que Marina pode ser a grande depositária; agências Reuters noticia plano tucano; mas realidades estaduais indicam que Marina não fará menção a uma futura aliança; será mesmo que a tese do voto útil, lançada a esta altura, é mesmo boa para Aécio?
Tucanos pedem estratégia comum entre candidatos do PSDB e do PSB; de olho nos humores de Marina Silva, ex-presidente FHC usa máxima delicadeza; "Não quero que ela tome essas palavras como restrição a ela", disse ele ontem; Merval Pereira se esforça para indicar benefício para Aécio Neves com o "voto útil", mas admite que Marina pode ser a grande depositária; agências Reuters noticia plano tucano; mas realidades estaduais indicam que Marina não fará menção a uma futura aliança; será mesmo que a tese do voto útil, lançada a esta altura, é mesmo boa para Aécio? (Foto: Ana Pupulin)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – O PSDB está com o lápis sobre o papel. Contas de trás para a frente, adições, subtrações, divisões e multiplicações vão sendo feitas, com bases em pesquisas e trackings, para projetar como, afinal, ganhar a eleição no novo quadro desenhado com a entrada de Marina Silva, do PSB, na disputa presidencial. Se não der, o que pode ser feito pelo partido, ao menos, para apear o PT do poder?

A conclusão dos cálculos políticos é a mesma tanto para o maior chefe da legenda, o ex-presidente Fernando Henrique, quanto para um porta-voz informal do partido como o colunista imortal Merval Pereira, das Organizações Globo: o voto útil entre PSDB e PSB é preciso, tanto para elevar o presidenciável Aécio Neves, como para bater a candidata à reeleição Dilma Rousseff.

Primeiro Fernando Henrique, ontem, e agora Merval, hoje, adicionaram tensão ao campo tucano a partir da certeza de que apenas a união de votos em torno de um candidato de oposição – Aécio ou Marina – dará a vitória contra o PT de Dilma e do ex-presidente Lula. O problema do resultado dessa conta é a sua aplicação no momento presente.

continua após o anúncio

Para alcançar um segundo turno com chances de obter, para Aécio, o apoio real de Marina, que estaria ausente, contra Dilma, os tucanos já sabem que não podem, desde já, melindrar a ex-ministra. Uma missão nada fácil, não apenas em razão do humor peculiar da candidata socialista, como pelas realidades políticas regionais que a afastam, naturalmente, dos tucanos.

Um segundo problema, talvez ainda maior do que o primeiro, é a projeção de que, sem bater em Marina – e o PT, que poderia fazê-lo, não mostra a menor disposição para tanto --, o PSDB e seu candidato correm o risco, simplesmente, de perderem em primeiro turno para a própria Marina. Nesse caso, a disputa passaria a ser, na volta definitiva, entre ela e Dilma. A tese do voto útil, assim, teria de ser praticada pelos tucanos em benefício da ex-ministra.

continua após o anúncio

PALAVRA DE FHC: NÃO 'ANTAGONIZAR' COM MARINA - Fernando Henrique já se prepara, solenemente, para a hipótese de apoiar Marina lá na frente.

- Havendo segundo turno, há chances reais de alternância de poder, registrou FHC, frisando que o importante mesmo, para os tucanos, é mandar o PT para longe do poder.

continua após o anúncio

- Não acho que tem de antagonizar com Marina. Ambos (ela e Aécio) estão contra Dilma, manifestou o ex-presidente, para completar:

- O importante é que os dois no segundo turno estejam unidos.

continua após o anúncio

Sempre em muitas linhas, o colunista Merval Pereira parece ter pegado a deixa e, hoje, em coluna na página virtual de O Globo, dá o seguinte título para sua coluna – Voto útil. Para justificá-lo, faz inúmeras ilações sobre o que pode acontecer. A certa altura, diz que quem não gosta de Marina, como a turma do agronegócio, por exemplo, pode passar a apoiar Aécio. Em outra, cita o caso do ex-líder dos governos Lula e Dilma, Romero Jucá, como emblemático de uma possível romaria do PMDB para o lado do ex-governador de Minas. E segue em seu melhor estilo até, no finzinho, admitir que, sim, o voto útil pode beneficiar Marina já no primeiro turno, o que representaria o esvaziamento de Aécio.

Mais ainda, num momento em que tantos têm tanta certeza de que o segundo turno já está contratado, Pereira escreve que, sim também, há o risco, para ele, de Dilma vencer em primeiro turno, dada a divisão da oposição. Anota o imortal que um indício nessa direção é a elevação na aprovação do governo de Dilma, segundo dados da pesquisa Datafolha.

continua após o anúncio

PARA MARINA, CONTAS DO PSDB NÃO FECHAM - A confiança de tucanos como Fernando Henrique de que Marina pode representar, ao menos em parte, os anseios do PSDB, especialmente o de retirada do PT do Palácio do Planalto, não é correspondida pela própria Marina. A ex-ministra já mandou avisar que não subirá, em hipótese nenhuma, no mesmo palanque do governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição em São Paulo. O mesmo vai ocorrer, como um efeito dominó, nos Estados nos quais ela discorda da política de alianças amarrada por Eduardo Campos, morto na quarta-feira 13.

Para se manter como a esperança viva dos sem esperança, Marina, que aparece no Datafolha na frente de Aécio, com 21% de intenções contra 20% para o tucano, não deverá amaciar para o lado do partido do ex-governador de Minas. Ela está capturando, segundo o levantamento, as intenções dos que pretendiam votar branco ou nulo.

continua após o anúncio

Aqueles que se sentiam desesperançados com o quadro anterior de candidatos, mas que agora veem em Marina a imagem que os representa, não deverão ficar satisfeitos se ela mesma, agora, conciliar com os tucanos. O ex-ministra é a primeira a saber disso. Marina nunca agiu publicamente nessa direção. Não vai ser agora que mudará radicalmente seu discurso. A candidata do PSB pode vir a ser, como o próprio Merval, lá no fizinho de seu artigo atual, admite, a maior beneficiada pelo voto útil cantado pelo próprio colunista e insinuado por FHC. Mas Marina está dizendo, com a mensagem de que não subirá em palanques tucanos, que eles que pratiquem o voto útil em benefício dela, mas que ela mesma não está pensando nisso agora. Quer, isso sim, se consolidar como alternativa a Dilma e... aos tucanos também.

Para Marina, as contas que o PSDB anda fazendo simplesmente não fecham.

continua após o anúncio

Abaixo, notícia da Agência Reuters a respeito:

EXCLUSIVO-PSDB apoiaria Marina em eventual 2º turno entre ex-senadora e Dilma

Por Brian Winter

SÃO PAULO (Reuters) - O PSDB apoiaria formalmente a ex-senadora Marina Silva (PSB) em um eventual segundo turno da eleição presidencial caso seu candidato, o senador Aécio Neves, fique fora da disputa final, disse à Reuters uma fonte do partido.

A avaliação é que tal aliança diminuiria as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno, ao unir dois grandes grupos díspares de eleitores que desejam mudança após mais de uma década de governo petista.

A disputa eleitoral tem sido acompanhada de perto por investidores, que esperam por uma mudança no governo após quase quatro anos de baixo crescimento econômico sob a política econômica de Dilma.

"O Brasil precisa de uma mudança, uma renovação. O país não pode tolerar mais quatro anos" de Dilma, disse uma fonte tucana de alto escalão, sob condição de anonimato.

Marina vai ser oficializada como candidata do PSB nesta quarta-feira, ao aceitar a indicação do partido após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato original dos socialistas, em um trágico acidente aéreo na semana passada.

O acidente agitou a eleição de 5 de outubro, levando alguns eleitores a reconsiderarem o voto e também ameaçando as alianças políticas cuidadosamente costuradas nos bastidores da campanha.

Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha na segunda-feira mostrou Dilma estável na primeira posição com 36 por cento das intenções de voto, e Marina e Aécio em empate técnico na segunda colocação com 21 por cento e 20 por cento, respectivamente.

O cenário levaria a decisão para um segundo turno em 26 de outubro, já que Dilma ficaria com menos de 50 por cento dos votos válidos.

Sob a liderança de Campos, PSB e PSDB mantinham plataformas similares, mais ao centro e voltadas ao mercado. Os dois partidos negociaram algumas alianças nas corridas estaduais e era esperado que se unissem contra Dilma em um eventual segundo turno.

Marina, por outro lado, é associada a uma agenda de certa maneira mais à esquerda. Ela se filiou ao PSB somente em outubro do ano passado, no que ela mesma descreveu como um arranjo temporário, até que consiga aprovar a criação de seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade.

Dada a reputação de Marina de tomar decisões imprevisíveis e as ressalvas de setores da mais conservadores em relação à ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, alguns analistas têm especulado que o PSDB se manteria neutro em um eventual segundo turno entre Dilma e a ex-senadora.

A fonte do PSDB, no entanto, afirmou algo diferente à Reuters. "Esperamos que Aécio esteja no segundo turno e vença a eleição. Mas se for Marina, o PSDB vai apoiá-la", disse a fonte, sob condição de anonimato.

A maioria dos eleitores de Aécio apoiaria Marina em um segundo turno, mesmo sem o endosso oficial do PSDB, segundo as pesquisas mais recentes. Mas um apoio formal pode ainda assim ser decisivo, pois mobilizaria a robusta máquina partidária tucana, incluindo uma rede de prefeitos, governadores e parlamentares significativamente maior e melhor organizada do que a do PSB.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, Marina aparece com 47 por cento das intenções de voto no segundo turno, acima dos 43 por cento de Dilma, num empate técnico no limite da margem de erro da pesquisa. No cenário com Dilma e Aécio, a petista ficaria com 47 por cento, ante 39 por cento do tucano.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247