Janot assume poder de veto sobre novo ministério

Procurador-geral da República terá papel decisivo no veto a nomes de novos ministros; delegação foi dada pela presidente Dilma Rousseff, que anunciou em entrevista que consultará Rodrigo Janot para descobrir passado de seus escolhidos para o primeiro escalão de seu segundo governo; presença em listas de delação da Operação Lava Jato irá eliminar candidato; Dilma não quer surpresas – e Janot vai ser o algoz; oposição diz que ideia é "surrealista"; presidente afirmou que futuros ministros serão conhecidos no dia 29

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247 – O procurador geral da República, Rodrigo Janot, acaba de ganhar novos poderes. Desde a manhã desta segunda-feira 22, por delegação da própria presidente Dilma Rousseff, estabelecida durante entrevista a jornalistas, em Brasília, ele ganhou carta branca para ser uma espécie de algoz de novos ministros. Caso Janot encontre o nome do indicado fazendo parte de alguma lista de delação premiada da operação Lava Jato, ele irá comunicar Dilma. O candidato a ministro, então, estará automaticamente eliminado do futuro primeiro escalão.

- Eu posso recorrer aos órgãos competentes, como o procurador-geral para qualquer nomeação. Nós consultaremos quem está mencionado. Eu não sei o que vai evitar, porque ninguém sabe o que esses nomes são, até porque não há uma única informação oficial. Mas nós iremos procurar saber [se tem algum nome que será indicado que tenha sido citado]", disse Dilma no encontro com jornalistas que cobrem diariamente a sede do Executivo federal.

A grande preocupação de Dilma é nomear algum político que conste de listas oficiais de delação premiada na operação Lava Jato. Para ela, isso seria o equivalente a ter dores de cabeça com a mídia e no dia a dia do próprio ministério que ela procurava preencher.

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A oposição não gostou da novidade, e a ironizou:

- Isso revela que chegamos a uma situação surrealista em termos de ética na administração pública, atacou o vice-líder do PSDB, senador Álvaro Dias.

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Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou uma relação de 28 nomes que teriam sido acusados formalmente pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Entre eles estão o da ex-chefe da Casa Civil Gleise Hoffman, do senador Lindbergh Farias, ambos do PT, e do atual presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves. De Janot, Dilma buscará a informação oficial.

- Eu não quero que ele me diga tudo. Eu quero que ele me diga 'sim' ou 'não', disse Dilma sobre os pedidos que pretende fazer ao procurador geral. A presidente procurou deixar claro no café da manhã com os jornalistas que cobrem a Presidência que não quer obter informação privilegiada sobre as investigações, mas apenas ter a segurança de estar nomeando pessoas que não estarão na vitrine da Lava Jato.

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Pessoalmente, Rodrigo Janot defende que todos os nomes citados em delações premiadas sejam divulgados publicamente. Já o juiz Sergio Moro está evitando tomar essa mesma posição. Moro, inclusive, negou acesso ao conteúdo dos depoimentos que vem colhendo a réus da Lava Jato.

Dilma também disse que fará consultas ao Ministério Público:

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- Eu consultarei o Ministério Público Federal porque qualquer pessoa que eu for indicar, eu devo consultar sobre o que temos quanto a ela. Os 28 nomes vêm de uma matéria [reportagem] que não é informação oficial", complementou a presidente.

O tucano Álvaro Dias também criticou esse aspecto da tomada de decisão da presidente:

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- Ter de se socorrer no MP para nomear é algo que estarrece, disse ele. "O MP é um órgão independente do Executivo, e não auxiliar", completou. Para o tucano, a preocupação de Dilma mostra que "o governo está apodrecido em seu interior"

Questionada sobre quando ela irá anunciar o novo lote de integrantes do primeiro escalão, a presidente afirmou que sua pretensão é divulgar a lista de novos ministros até o dia 29. Até o momento, a petista confirmou apenas quatro futuros ministros: Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central) e Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).

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