Julgamento do impeachment encerra fase de testemunhas

O terceiro dia do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado encerrou a fase das testemunhas e passa agora para a participação da petista na segunda-feira, quando fará sua defesa contra a acusação de crime de responsabilidade; o advogado da presidente afastada, José Eduardo Cardozo, avalia que a defesa ganhou a discussão política

Brasília - José Eduardo Cardozo, advogado da presidenta afastada Dilma Rousseff, fala à imprensa ao chegar na Comissão Processante do Impeachment (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Brasília - José Eduardo Cardozo, advogado da presidenta afastada Dilma Rousseff, fala à imprensa ao chegar na Comissão Processante do Impeachment (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Leonardo Attuch)


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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O terceiro dia do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado encerrou a fase das testemunhas e passa agora para a participação da petista na segunda-feira, quando fará sua defesa contra a acusação de crime de responsabilidade.

A sessão de sábado, que durou mais de 12 horas, começou com a fala do ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa em um plenário esvaziado. Ao contrário do que ocorreu com as últimas testemunhas, no entanto, a bancada governista decidiu usar seu tempo neste sábado para questioná-lo duramente.

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Vários senadores viajaram para os Estados ainda na noite de sexta-feira -entre eles, o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE). Outros peemedebistas, como o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, só chegaram no final da manhã.

Ao contrário de sexta-feira, senadores da base governista voltaram atrás na intenção de não questionar as testemunhas de defesa, o que chegou a ser anunciado em entrevista pelo tucano Aécio Neves (MG), e acabaram se inscrevendo para fazer perguntas.

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A avaliação feita pelo advogado da presidente afastada, de que estavam ganhando a discussão política, mesmo que dificilmente seja possível reverter votos, levou senadores como o líder do DEM, Ronaldo Caiado, e o próprio Aécio, a voltar ao microfone.

O tucano Ricardo Ferraço (PSDB-MS) acusou o governo da presidente afastada de ter feito operações de crédito para sustentar um "projeto político criminoso e irresponsável", gerando mais um princípio de confusão no plenário.

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    Apesar da decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de não conceder questões de ordem para temas que não sejam regimentais, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) decidiu interromper para responder a Ferraço. Depois, o senador tucano Cássio Cunha Lima (PB) tomou a palavra, até que Lewandowski cortou de novo a fala dos senadores fora do tempo de perguntas.

Aécio cobrou um mea-culpa do ex-ministro da Fazenda, a quem acusou de ser um dos responsáveis por uma política econômica que teria levado o país a crise e em que monta essa política levou a perda do grau de investimento do país. Recebeu uma resposta dura.

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"Creio que o senhor não acompanhou o debate de política econômica no ano de 2015, no qual eu e o ministro Levy deixamos claro que era necessário fazer correções em vários programas que não eram mais sustentáveis", disse Barbosa. "O senhor pode chamar isso de mea-culpa, pode chamar de correção, mas o fato é que, ao longo de 2015, foram feitas várias medidas para adequar a administração fiscal brasileira à nova conjuntura."

Barbosa centrou seu depoimento na tentativa de demonstrar a legalidade das ações da presidente no momento em que as operações de crédito com os bancos públicos foram feitas, mote central da defesa. O ex-ministro repetiu exaustivamente que o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) de que as operações eram irregulares foi posterior e que não poderia retroagir para punir.

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    "Pelo pouco que eu entendo de Direito, não cabe retroatividade na interpretação de leis e de normas. E isso causa uma grande insegurança jurídica, isso causa uma grande desconfiança na democracia, porque, se leis e regulamentos podem ser interpretados ao bel-prazer do interesse político do momento, qual a garantia que não só o governo ou a presidente, mas qualquer cidadão brasileiro tem dos seus direitos?", perguntou.

O professor e jurista Ricardo Lodi Ribeiro, ouvido apenas como informante da defesa, por ter atuado como perito no processo e como advogado de Dilma junto ao TCU, também reforçou aos senadores o argumento de que as acusações à presidente afastada se apoiam em nova interpretação do tribunal, feita depois de os fatos terem ocorrido.

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"É a tentativa de imputação de um crime quando, no momento que os fatos ocorreram, aquela conduta era considerada lícita por todos, pelo TCU, pelos técnicos do governo, pela doutrina", disse Lodi.

O depoimento da presidente afastada encerra a fase da instrução do processo de impeachment. Depois, o julgamento passa à etapa final com os debates entre a acusação e a defesa, as manifestações dos senadores e a votação, que deve começar na terça-feira.    

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